Pentágono diz que matou general iraniano para evitar ataque aos EUA
Resumo da notícia
- Comandante da força Quds do Irã, Qasem Soleimani, é um dos oito mortos em ataque no aeroporto de Bagdá, no Iraque
- Pentágono afirma que ataque foi ordenado pelo presidente dos EUA, Donald Trump
- Intenção, dizem americanos, é impedir futuros planos iranianos de ataques e proteger cidadãos dos EUA no Oriente Médio
- Ação é tomada após recentes ataques à embaixada dos EUA em Bagdá e protestos contra americanos no Iraque
- Segundo Pentágono, Soleimani "orquestrou" ataques em bases de coalizão no Iraque nos últimos meses
O ataque aéreo dos Estados Unidos que matou o comandante da força Quds do Irã, Qasem Soleimani, teve como objetivo impedir futuros planos iranianos de ataques e proteger cidadãos norte-americanos no Oriente Médio, informou o Pentágono hoje.
A ação atingiu um comboio de veículos perto do terminal de cargas do aeroporto de Bagdá e matou ainda Abu Mahdi al-Muhandis, comandante de milícia do Iraque, e Naim Qasem, segundo na linha de comando do Hezbollah no Líbano. Há relatos de outros mortos e feridos, mas informações sobre quem ou quantos seriam não foram divulgadas.
"Sob a ordem do presidente [Donald Trump], as Forças Armadas dos EUA agiram defensivamente para proteger os cidadãos norte-americanos no exterior ao matar Qasem Soleimani. Este ataque teve como objetivo impedir futuros planos iranianos de ataque", diz o comunicado do órgão americano.
De acordo com o Pentágono, Soleimani "orquestrou" ataques em bases de coalizão no Iraque ao longo dos últimos meses e aprovou os "ataques" na embaixada dos EUA e Bagdá, ocorridos no início desta semana.
O presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não comentou sobre a operação. Ele apenas publicou uma imagem com a bandeira do país em sua conta no Twitter.
Uma autoridade norte-americana, que falou na condição de anonimato, disse que o Pentágono estava ciente da possibilidade de uma resposta iraniana, enquanto autoridades militares estavam prontas para se defender.
O senador democrata Chris Murphy disse que, embora Soleimani fosse "um inimigo dos Estados Unidos", o assassinato poderia colocar mais norte-americanos em risco. "Uma das razões pelas quais geralmente não matamos autoridades políticas estrangeiras é a crença de que tal ação matará mais e não menos norte-americanos", tuitou Murphy.
A ex-embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), Nikki Haley, disse que a morte de Soleimani "deve ser aplaudida por todos que buscam paz e justiça".
Antes do ataque, o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, afirmou que havia indícios de que o Irã ou forças que o país apoia poderiam estar planejando ataques adicionais, alertando que o "jogo mudou" e que é possível que os EUA tivessem que tomar medidas preventivas para proteger vidas norte-americanas.
Horas após a confirmação da morte de Soleimani, a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, que na terça-feira foi alvo de um ataque por uma multidão pró-Irã, recomendou a seus cidadãos que deixem o Iraque "imediatamente".
A representação diplomática pediu aos americanos no Iraque que deixem o país "de avião enquanto é possível", já que o bombardeio aconteceu no aeroporto de Bagdá, ou "sigam para outros países por via terrestre".
Irã fala em 'vingança'; Iraque pede 'moderação'
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, advertiu que o ataque por ordem do presidente dos EUA, Donald Trump, é uma "escalada extremamente perigosa e imprudente".
"Soleimani se uniu a nossos irmãos mártires e nossa vingança sobre a América será terrível", tuitou Mohsen Rezai, um antigo chefe dos Guardiões da Revolução, o exército ideológico da República Islâmica.
O chanceler afirmou ainda que "o Ministério das Relações Exteriores iraniano usará todas as suas capacidades políticas, legais e internacionais para implementar as decisões tomadas pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã de responsabilizar o regime criminoso e terrorista dos Estados Unidos por esse crime flagrante".
O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, se comprometeu a "vingar" a morte de Soleimani e decretou três dias de luto nacional no país.
"O martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos estes anos (...) Se Deus quiser, sua obra e seu caminho não vão parar aqui e uma vingança implacável espera os criminosos que encheram as mãos com seu sangue e a de outros mártires", afirmou o aiatolá Khamenei em sua conta no Twitter em farsi.
Khameni nomeou o vice de Qasem Soleimani, o general Esmail Ghaani, como novochefe das Forças Quds. O programa da força "permanecerá inalterado em relação ao período de seu antecessor", afirmou o aiatolá.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, também prometeu vingança."Não há nenhuma dúvida sobre o fato de que a grande nação do Irã e as outras nações livres da região se vingarão por este horrível crime dos Estados Unidos", declarou Rohani em um comunicado.
Já o presidente do Iraque, Barham Salih, condenou o ataque aéreo dos Estados Unidos que matou o chefe militar Abu Mahdi Al Muhandis, mas pediu moderação a todas as partes.
"O Iraque deve colocar seu interesse nacional em primeiro lugar e evitar as tragédias de um conflito armado que afeta o país ao longo de quatro décadas", disse ele em comunicado.
(Com agências internacionais)
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