Tensão entre EUA e Irã coloca Itamaraty em encruzilhada
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
A tensão entre EUA e o Irã coloca diplomacia brasileira de Ernesto Araújo em uma situação delicada. Se tradicionalmente o Itamaraty adotou uma postura de construir pontes e evitar entrar em conflitos na região, a nova aliança entre Jair Bolsonaro e Donald Trump modificou a equação.
O assassinato de Qasem Soleimani pelos EUA tem sido condenado pela China, pela Rússia e mesmo pelos democratas americanos. Na Europa, governos imediatamente lançaram apelos para que uma guerra seja evitada, mesmo que reconheçam o papel perigoso que Soleimani teve ao longo de anos na desestabilização da região e mortes.
Na avaliação de especialistas, um conflito que já vinha sendo travado nas sombras agora ganha a luz do dia. E com consequências que podem sair do controle.
Uma das marcas do primeiro ano do governo brasileiro foi seu alinhamento automático com Washington. Mas, desta vez, o que muitos na ONU querem saber é como o discurso de submissão de Brasília vai ser traduzido diante da ameaça de um conflito maior. O mercado iraniano tem sido um importante destino das exportações brasileiras. Mas a situação testa agora até que ponto Bolsonaro e Araujo poderão resistir aos americanos e adotar uma postura independente.
Nos últimos meses, o governo brasileiro tem sido pressionado por Trump a incrementar a pressão sobre o Irã, inclusive se distanciando de contratos comerciais e até mesmo o abastecimento de navios de Teerã.
Interesses americanos
Em alguns aspectos, o Brasil já cedeu. Conforme a coluna revelou em dezembro, o Itamaraty vai sediar, a pedido dos EUA, uma conferência internacional em fevereiro sobre a situação no Oriente Médio e Irã. O evento, porém, é visto como um instrumento do governo Trump de estabelecer um plano para a região que permita frear a influência iraniana e apoiar governos aliados, como Israel.
Os principais atores internacionais - Rússia, China, UE ou a ONU - se recusaram a aceitar o convite para participar da iniciativa.
Nos corredores da ONU, porém, um experiente diplomata lembra: jamais se mede uma aliança com base em declarações em tempos de paz. A questão, para o Brasil, é saber se vai condenar a ação de seu maior aliado ou chancelar um assassinato de estado que ameaça abrir um conflito de perigosas proporções.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.