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EUA: novo caso de homem negro morto por policiais foi homicídio, diz laudo

Imagem de Rayshard Brooks, de 27 anos, durante abordagem policial na sexta-feira (12), em Atlanta (EUA), feita por câmeras de segurança - Reprodução
Imagem de Rayshard Brooks, de 27 anos, durante abordagem policial na sexta-feira (12), em Atlanta (EUA), feita por câmeras de segurança Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

15/06/2020 11h51

A autópsia realizada ontem no corpo de Rayshard Brooks, de 27 anos, constatou que sua morte foi um homicídio. Brooks, um homem negro, foi morto a tiros por um policial branco durante uma abordagem no estacionamento de uma lanchonete na sexta-feira, em Atlanta, nos Estados Unidos.

O exame médico mostrou que a vítima morreu devido à perda de sangue e lesões nos órgãos causadas por dois ferimentos a bala. Com o resultado, o serviço médico legal de Atlanta considerou a morte de Brooks como homicídio.

Segundo um relatório oficial da ocorrência, Brooks estava dormindo em seu carro perto do restaurante de fast food Wendy's, e os funcionários ligaram para a polícia para reclamar, já que ele estava bloqueando outros clientes.

Ele estava alcoolizado e resistiu quando a polícia tentou prendê-lo. O vídeo de vigilância mostrou que "durante uma briga física com policiais, Brooks obteve um dos tasers (arma imobilizadora) do policial e tentou fugir do local", apontou o relatório. "Os policiais perseguiram Brooks a pé e, durante a perseguição, Brooks voltou e apontou com o taser para policial. O oficial disparou sua arma e atingiu Brooks", diz o documento.

Imagens das câmeras de segurança da lanchonete mostraram toda a abordagem, desde quando os policiais batem na porta do carro de Brook, no estacionamento, até ele sendo atingido por disparos enquanto corria de costas para os policiais. As imagens mostram que haviam outros veículos no local, e um dos motoristas sai do carro para filmar a ação da polícia.

Embora a polícia sustente que "Brooks virou e apontou o taser para o policial, que usou sua arma", as imagens mostram que o suspeito vira as costas para o policial quando este atira e o fere. Brooks foi levado para um hospital, mas morreu após uma cirurgia. Um oficial ficou ferido.

O policial que atirou em Brooks foi demitido no sábado e identificado pelas autoridades locais como Garret Rolfe, enquanto o segundo agente foi enviado para funções administrativas, segundo a ABC News. O procurador do condado de Fulton, Paul Howard, afirmou que seu escritório decidirá se apresentará acusações criminais contra Rolfe, informou o "Atlanta Journal-Constitution".

O restaurante da rede Wendy's onde ocorreu o incidente foi incendiado no sábado durante um protesto. A prefeita Keisha Lance Bottoms, cujo nome aparece como possível candidata de chapa com o democrata Joe Biden, anunciou no sábado a renúncia imediata de Erika Shields, que lidera a polícia de Atlanta desde dezembro de 2016.

"Não acredito que a ação tenha sido um uso justificado da força", disse Bottoms.

Brooks tinha quatro filhos e havia comemorado o aniversário da filha de oito anos na sexta-feira, segundo o advogado da família.

O caso ocorre menos de um mês depois do assassinato de George Floyd, outro cidadão negro morto após ser asfixiado por um policial branco durante uma abordagem em Minneapolis. O crime desencadeou uma série de protestos antirracistas e contra a violência policial nos Estados Unidos e no mundo.

*Com informações da AFP