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Cigarras viram 'zumbis' e são controladas por fungo alucinógeno, diz estudo

As cigarras levam de 13 anos a 17 anos para emergir do subsolo depois de nascer - Getty Images
As cigarras levam de 13 anos a 17 anos para emergir do subsolo depois de nascer Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

04/08/2020 11h22

Pesquisadores dos Estados Unidos descobriram que uma população de cigarras foi infectada por um fungo parasita que as controla e as leva a infectar outros insetos, diz o site da CNN norte-americana. Apelidados de "cigarras zumbis", esses insetos ficam sob a influência do Massospora, um fungo que contém substâncias químicas como as encontradas em cogumelos alucinógenos, de acordo com um novo estudo publicado pela PLOS Pathogens.

Depois de infectar seu hospedeiro, o fungo resulta em "uma exibição perturbadora das proporções de filmes tipo B de terror", divulgou a West Virginia University em comunicado à imprensa.

Os primeiros esporos do Massospora corroem os órgãos genitais, a bunda e o abdômen da cigarra. Eles são então substituídos por esporos usados para transmitir o fungo a outras cigarras.
A partir daí, esse novo abdômen fúngico "desaparecerá lentamente como uma borracha em um lápis", disse o co-autor do estudo Brian Lovett.

As cigarras infectadas, que foram encontradas em junho no estado de West Virginia por pesquisadores da universidade, são a terceira população e cigarras infectada pelo Massospora, ao que se sabe até agora, segundo o co-autor do estudo Matthew Kasson.

Como as cigarras têm um ciclo de vida de 13 anos ou 17 anos e vivem no subsolo até emergirem mais de uma década depois de nascerem, estudar como o Massospora infecta essas espécies pode ser muito difícil.

Como o fungo manipula a cigarra

Enquanto quase um terço, se não mais, de seus corpos são substituídos por tecido fúngico, as cigarras infectadas continuam a se mover alheias à doença. Isso ocorre porque o fungo manipula o comportamento dos insetos para manter o hospedeiro vivo, em vez de matá-lo para maximizar a dispersão de esporos.

"Se um de nossos membros fosse retirado ou se nosso estômago fosse cortado, provavelmente estaríamos incapacitados", disse Kasson à CNN.

"Mas as cigarras infectadas, apesar de um terço de seu corpo ter caído, continuam realizando suas atividades como acasalar e voar, como se nada tivesse acontecido. Isso é realmente, realmente único para os fungos que matam insetos".

Mesmo que as cigarras infectadas percam a capacidade de acasalar quando as partes traseiras se tornam tampões de fungos, elas ainda tentam acasalar para transmitir sexualmente o fungo às cigarras saudáveis.

O fungo parasita até manipula as cigarras macho a baterem suas asas imitando o convite de acasalamento feito pelas fêmeas, para que eles também possam infectar outros machos e transmitir rapidamente a doença.

Os pesquisadores acreditam, no entanto, que o fungo não representa um risco sério para a população geral de cigarras.