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União Europeia não reconhece os resultados das eleições de Belarus

A contagem de votos apontou a reeleição de Lukashenko no dia 8 de agosto; líder está há 26 anos no poder de Belarus - Vasily Fedosenko/Reuters
A contagem de votos apontou a reeleição de Lukashenko no dia 8 de agosto; líder está há 26 anos no poder de Belarus Imagem: Vasily Fedosenko/Reuters

Do UOL, em São Paulo*

19/08/2020 10h53Atualizada em 19/08/2020 19h48

Os líderes de governos que integram o bloco da UE (União Europeia) não reconheceram os resultados que deram mais um mandato ao presidente Alexander Lukashenko, no dia 9 de agosto, sob suspeita de fraude eleitoral.

Na reunião extraordinária convocada hoje para discutir sanções contra o regime em Belarus, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a disputa não cumpriu regras fundamentais para a liberdade.

"As eleições não foram justas ou livres e não cumpriram os padrões internacionais. Não reconhecemos os resultados apresentados pelas autoridades de Belarus", disse ele em entrevista coletiva, segundo a agência EFE.

Michel continuou dizendo que a situação no país "é preocupante" e que a violenta repressão do governo aos manifestantes que estão nas ruas há dez dias é "revoltante e inaceitável".

"A UE vai impor sanções em breve a um número substancial de indivíduos responsáveis", completou o presidente do conselho.

Antes da conferência, a ex-candidata exilada da oposição Sviatlana Tsikhanouskaya pediu por vídeo o apoio dos líderes europeus contra os resultados das urnas — ela disputou o pleito no lugar do marido, que foi preso em maio.

Apoio aos manifestantes e medidas

Charles Michel demonstrou apoio para as pessoas que estão organizando protestos contra Lukashenko desde o resultado das eleições.

"Estamos ao seu lado no desejo de exercer seus direitos e um futuro pacífico e democrático", disse ele, segundo informações do canal europeu Sky News.

Dentro das medidas planejadas, a reunião pretende organizar uma lista com pessoas que estariam envolvidas nas fraudes eleitorais e que também estejam ligadas às repressões violentas.

Já Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia, anunciou um redirecionamento de um repasse de 53 milhões de euros — cerca de R$ 343 milhões — que estava destinado ao governo de Belarus.

Ela ainda afirmou que o futuro do país deve ser escolhido pelo próprio povo e explicou que as sanções devem ser tomadas o mais rápido possível.

Mediação não deu certo

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que Lukashenko se negou a falar com ela sobre a crise. Ele recusou todas as tentativas de telefonema com a mandatária.

Ela reforçou que a UE vai apoiar o setor da sociedade civil e que avisou Vladimir Putin, presidente da Rússia, que uma "intervenção militar russa complicaria as coisas".

"Do nosso lado, faremos tudo para pressionar por um diálogo nacional", disse ela, segundo a agência Reuters.

Firme na repressão

Lukashenko, por sua vez, ordenou hoje aos serviços secretos do país a prisão de líderes de manifestações contrárias ao governo e que reprimam qualquer ato da mesma natureza.

"Não deveria haver mais tumultos em Minsk. As pessoas estão cansadas, exigem paz e sossego", disse ele após reunião com o conselho de segurança, segundo informou o jornal El País.

O líder pediu ainda um rigor nas fronteiras de seu país, inclusive com a Rússia, para "controlar qualquer entrada de tropas ou armas" e "evitar qualquer provocação".

*Com informações das agências EFE e Reuters

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado anteriormente, a eleição 2020 de Belarus aconteceu em 9 de agosto, e não no dia 8 de agosto. A informação já foi corrigida.