Em início pacífico, Trump fala em "cura" da covid-19 em debate com Biden
O tom pacífico do início do último debate das eleições americanas entre Donald Trump e Joe Biden destoou do "caos" do primeiro embate entre os dois nas eleições americanas. A fim de impedir que a troca de acusações e interrupções persistisse, a comissão que organiza o encontro adotou como regra silenciar os microfones em partes da transmissão. O debate foi realizado na noite de hoje, em Nashville, no Tennessee.
O tema da pandemia do novo coronavírus tomou os primeiros 30 minutos do encontro — pelas regras, os candidatos teriam 15 minutos para fazer seus posicionamentos sobre cada assunto. O debate é retransmitido pelo UOL em parceria com a Band.
Sem dar garantias científicas, Trump anunciou uma possível cura para a covid-19 "até o fim do ano"
"Não é uma garantia, mas [a cura] será até o fim do ano, temos uma boa chance", disse Trump. "Há duas empresas: a Johnson & Johnson está avançando muito bem, a Moderna também, e a Pfizer também. Temos diversas outras", completou, em seguida.
"São mais de 220 mil americanos mortos [em toda a pandemia]. Não tenho mais nada a dizer esta noite a não ser: qualquer pessoa responsável por tantas mortes não deveria ser o presidente dos EUA", rebateu Biden.
"O presidente até agora não tem um plano abrangente. Estamos em uma situação em que os maiores veículos científicos do mundo dizem que a forma como esse presidente respondeu a essa crise foi absolutamente crítica. Vou tomar conta disso, vou garantir que tenhamos um plano", completou o democrata.
De acordo com Stephen Hahn chefe da agência de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, não há uma previsão para a testagem das vacinas contra a covid-19 nos EUA. O governo, contudo, trabalha com o objetivo de imunizar todos os americanos até a primavera.
Ao longo de sua fala, o presidente americano demonstrou ter mudado pouco em seus posicionamentos sobre a pandemia do novo coronavírus.
"Não concordo que vamos entrar num inverno sombrio, estamos abrindo o país, estamos estudando, entendendo a doença, o que não entendíamos no começo. Quando fiz o fechamento e não permiti que pessoas viessem da China para cá e depois da Europa, diziam que eu seria xenofóbico. Agora, eu não sou rápido suficiente", reclamou Trump.
Ontem, os Estados Unidos registraram 1.124 mortes pelo novo coronavírus, segundo a Universidade Johns Hopkins. O maior número de óbitos em 24 horas em mais de um mês. Os EUA são atualmente o país em maior número de mortes e casos no mundo.
"Trump diz que estamos aprendendo a viver com a pandemia. As pessoas estão aprendendo a morrer com ela", respondeu Biden quando Trump afirmou que as pessoas não têm escolha a não ser conviver com o novo coronavírus. "Você diz agora para as pessoas que [o vírus] é perigoso? O que eles deveriam fazer com esse perigo?"
Campanha de Trump
No início da semana, a campanha de reeleição do presidente americano Donald Trump pediu à Comissão de Debates Presidenciais, responsável pela organização de debates nos Estados Unidos, para que o foco do debate entre os dois candidatos fosse apenas sobre política externa.
Assim, temas sensíveis ao republicano como racismo, covid-19, entre outros, seriam deixados de lado.
"Eles estão colocando o pé na balança em relação a este novo debate. Este deveria ser o debate da política externa", reclamou Jason Miller, conselheiro de Trump na campanha, em teleconferência com jornalistas na tarde de hoje.
A comissão não aceitou realizar as mudanças, e Trump acabou cedendo mesmo considerando as "regras injustas", em suas palavras.
Biden em vantagem
Pesquisas divulgadas recentemente indicam que o candidato democrata Joe Biden tem uma vantagem significativa (e estável) sobre o republicano Donald Trump na disputa eleitoral pela presidência dos Estados Unidos, tanto na preferência nacional quanto nas pesquisas de Estados decisivos, segundo informou a BBC News.
Em uma delas, Biden chegou a abrir 11 pontos de vantagem para Donald Trump.
Sem apresentar provas, Donald Trump passou a atacar as pesquisas que lhe apontam em desvantagem em relação ao candidato democrata à Presidência Joe Biden.
"Estarei de volta na trilha da campanha em breve!!! O 'fake news' mostra apenas as pesquisas falsas", escreveu ele, nas redes sociais.
*Colaboraram Carolina Marins, Felipe Oliveira, Gilvan Marques e Lucas Borges Teixeira
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