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Trump foi melhor nos votos pelo correio do que se estimava, diz professor

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/11/2020 08h52

Com a apuração ainda acontecendo nas eleições 2020 dos Estados Unidos, o resultado de quem vai levar a presidência norte-americana pode ser decidido pelos votos enviados antecipadamente por correios. Havia uma expectativa de que esse tipo de votação tivesse tido uma maior mobilização dos votantes democratas, mas não esperava-se que tantos republicanos também adotassem esse procedimento.

Essa é a análise de Maurício Moura, professor da Universidade de Washington, que participou hoje do UOL Debate, comandado pelo colunista do UOL Kennedy Alencar e também com a presença de Fernanda Magnotta, professora e coordenadora do curso de Relações Internacionais da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado); Rubens Ricupero, diplomata e ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos; e Jamil Chade, também colunista do UOL.

Uma das coisas que aprendi é que esses votos pelo correio não são tão democratas como se imaginava. Um destaque de ontem foi a capacidade do Trump também de ir bem nos votos pelo correio.

Cerca de 100 milhões de votos foram enviados a distância pelos eleitores e, dentre os estados ainda indefinidos, os votos pelo correio podem ser chave para definir o novo presidente americano.

"O que a gente tem pela frente é uma coisa histórica, isso faz com o que os estados do meio oeste, até por questão de regulação, o caso de Michigan que pode apurar, por exemplo, depois do fim das urnas os votos pelo correio", explicou o professor da Universidade de Washington.

A apuração dos votos pelo correio pode demorar, o que gera uma dúvida até o fim quanto ao resultado da votação por esse método. Por isso, para Maurício, alguns estados prometem ter disputa acirrada até o último momento.

"A gente tem uma expectativa agora de ter Michigan, Wisconsin e Pensilvânia bem apertados".

Votos pelo correio podem ser determinantes

Em ano de votação recorde por este método, os votos pelo correio têm um peso maior do que costumava ter nas últimas disputas eleitorais. Para Jamil Chade, esse aspecto particular de 2020 exige um maior cuidado na análise.

"Temos uma situação bastante inédita, primeiro pela quantidade de votos, a antecipação, seja pela pandemia ou a pressa, tudo isso exige uma certa cautela".

De acordo com análise de Kennedy Alencar, os votos pelo correio são a grande batalha da apuração. O colunista do UOL destacou a importância de Donald Trump conseguir mais votos pelo correio.

"É importante a gente ver agora como esses estados decisivos vão se comportar", concluiu.

Comparações com a última eleição

Fernanda e Moura também compararam o desempenho deste ano com a última disputa eleitoral, que levou Donald Trump para a Casa Branca em 2016.

"Acho que essa eleição está muito parecida com a curva de apuração de 2018. Tinha uma expectativa dos democratas de fazer uma onda azul. Eles acabaram recuperando a Câmara, mas no começo da apuração, nas primeiras 15 horas, essa onda azul não se realizou quando as apurações fecharam", disse Maurício.

"Eu usaria para resumir essa ópera a expressão que os americano adotam nesse caso, 'too close to call', ainda muito cedo para definir. Muita gente cantou vitória antecipada, alegou que a onda vermelha era suficiente para falar na reeleição, mas existem ainda pelo menos cinco estados em que é possível haver uma reversão, vai ser aquela eleição na margem, como já foi em 2016", definiu Fernanda.

Os Estados Unidos não têm um órgão oficial que divulga, em tempo real, os resultados das urnas, como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no Brasil. Por isso, as agências de notícias e veículos de comunicação como AFP, AP e Fox fazem extrapolações estatísticas e apontam os vencedores por estado. A AFP chegou a considerar definida a apuração do Arizona — e Joe Biden somava mais 11 votos até a manhã desta quinta-feira (5). A contagem de votos continua no estado.