Pandemia foi uma sobrevida aos democratas nos EUA, diz professora
Com o processo eleitoral dos Estados Unidos tendo curso no meio da pandemia da covid-19 no país mais afetado no mundo, Fernanda Magnotta, coordenadora do curso de Relações Internacionais da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), comentou o quanto a pandemia influenciou a população a fazer a escolha do novo presidente norte-americano nas Eleições 2020.
A pandemia representa uma espécie de sobrevida aos democratas. Se em algum momento [Joe] Biden passou a ser visto como um candidato viável, visto como favorito, é por conta dessa crise que se abateu como cisne negro nos EUA.
Fernanda participou hoje do UOL Debate comandando pelo colunista do UOL Kennedy Alencar e também com a presença de Maurício Moura, professor e pesquisador da Universidade George Washington (EUA); Rubens Ricupero, diplomata e ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos; e Jamil Chade, também colunista do UOL.
Ela destacou o quanto, antes da crise da pandemia, Donald Trump vinha com vantagem clara na disputa eleitoral, o que mudou com a gestão do atual presidente da pandemia da covid-19.
"Até janeiro e fevereiro nos tínhamos um cenário de larga vantagem para o Trump, isso porque enfrentava uma economia em pleno emprego, uma série de mudanças na área fiscal de desburocratização muito bem recebida por boa parte do eleitorado e não tinha cometido nenhuma grande gafe que levasse a uma mobilização de opinião pública", completou a professora.
Para Maurício Moura, a pandemia foi "essencial para mudar a eleição".
A pandemia mudou tudo, não existiria esse resultado do Biden sem a pandemia. A pandemia foi uma equação fundamental. A pandemia mudou o jogo, se não fosse, a gente teria o Trump eleito nesse momento.
Jamil Chade destacou o papel definitivo da pandemia do novo coronavírus nesta disputa eleitoral. Para ele, a polarização da crise foi ponto-chave na eleição.
"Acho que em dez ou 15 anos, quando contarmos a história de 2020, a gente vai contar a da politização da pandemia. Essa vai ser uma das principais histórias, claro, dos mortos, de tudo que aconteceu na pandemia, mas claro, a politização da máscara, do tratamento, da vacina, das respostas, tudo vai ser basicamente uma histórica a ser contada e recontada", disse Jamil.
"Nesse contexto, ela determina a eleição, ela não garante a vitória do Biden, mas ela certamente determina a forma que as pessoas votaram", completou ele, destacando que "seria muito difícil" um candidato democrata chegar à Casa Branca levando em conta o cenário econômico antes da pandemia.
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