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Por que o Alasca é o estado mais lento a contar votos nas eleições dos EUA?

O Alasca é conhecido por ser um estado gelado, e pouco povoado - Getty Images
O Alasca é conhecido por ser um estado gelado, e pouco povoado Imagem: Getty Images

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

09/11/2020 19h34

As projeções da imprensa norte-americana já indicam Joe Biden como presidente eleito dos Estados Unidos, mas ainda há regiões contando os votos. Dos quatro estados que ainda não têm uma definição, três são chamados estados-chaves: Arizona, Geórgia e Carolina do Norte. O último é o Alasca, que fica bem ao norte do continente e não contou nem 70% dos votos até a noite desta segunda-feira (9) —quase uma semana depois do dia da eleição (que foi terça-feira passada, 3 de novembro).

Segundo o jornal The New York Times, o estado só contabilizou 61% dos votos até às 19h (horário de Brasília) de hoje e não deve terminar a contagem tão cedo. O motivo é o aumento dos votos por correio associados à logística do estado gelado.

Os votos contabilizados até agora foram apenas dos eleitores que escolheram os candidatos pessoalmente no dia 3 ou que anteciparam o voto até o dia 29 de outubro. Quem votou por correio ou pessoalmente após 29 de outubro só vai ter o voto contabilizado a partir de amanhã. Com isso, é possível que o estado demore até 18 de novembro para somar tudo.

Segundo as autoridades locais, o aumento no número de votos por correio e de votos antecipados este ano devido à pandemia do novo coronavírus tornou a situação atípica. O Alasca tem muitos vilarejos afastados com uma logística de envio dos votos mais complicada, o que naturalmente já atrasa a contagem do estado em uma semana.

Contagem de votos pelo correio

Até este ano, o voto por correio não era tão expressivo a ponto de impactar tanto a contagem. Porém, nesta eleição, segundo informações atualizadas hoje pelo governo local, houve mais 119 mil votos por correio e mais de 53 mil votos adiantados, de um total de aproximadamente 220 mil eleitores. Na noite da eleição, apenas 36.268 votos foram contados, reportou o estado.

A diretora da Divisão de Eleições do Alasca, Gail Fenumiai, explicou à imprensa local que a espera de uma semana para contabilizar o votos por correio é necessária para evitar que uma mesma pessoa vote duas vezes, uma por correio e uma pessoalmente no dia da eleição. "Estamos fazendo o melhor para garantir que apenas um voto para cada eleitor seja contado nas eleições gerais", disse ela.

Nas últimas eleições —de 2016 e as midterms de 2018— o estado utilizou um outro sistema de contagem, que permitiu somar os votos por correio mais cedo e mais rápido. Mas para garantir a segurança dos votos deste ano frente à explosão dos votos adiantados e por correio, o estado resolveu voltar ao sistema anterior, que é mais lento.

"A eleição em geral tem sido mais desafiadora, por causa da covid: encontrar trabalhadores eleitorais, fazer o nosso melhor para garantir ao público que estamos mantendo os trabalhadores e eleitores seguros", disse Gail. "Claro, ter um número recorde de votos pelo correio é um desafio."

Prazos

As cédulas foram postadas no correio até o dia da eleição (3 de novembro), mas podem ser recebidas até o dia 13 para os eleitores dentro dos EUA e até 18 de novembro para eleitores fora dos EUA. A contagem tem que terminar até o dia 18. Com isso, as autoridades estaduais querem certificar o vencedor até o dia 25 de novembro.

Até as 19h de hoje, o estado dava uma ampla margem ao republicano Donald Trump com 62,2% dos votos. Joe Biden tinha 33,6%. Na última eleição presidencial, em 2016, Trump ganhou no estado.

Porém, mesmo uma vitória para Donald Trump no estado neste ano não o permitiria reverter a vitória de Biden, já que lhe daria apenas mais 3 delegados dos 214 que já tem. Muito distante dos 279 delegados que Biden conquistou até agora.

Para o Senado, cujo resultado continua indefinido, o Alasca também dá ampla vantagem para o republicano Dan Sullivan (62,3%) contra o democrata Al Gross (32,1%). Na Câmara, a vantagem é do republicano Don Young (63%) frente ao democrata Alyse Galvin (36,6%).