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Número 2 da Al Qaeda foi morto secretamente em agosto no Irã, diz NYT

Abdullah Ahmed Abdullah - Reprodução/FBI
Abdullah Ahmed Abdullah Imagem: Reprodução/FBI

Do UOL, em São Paulo*

13/11/2020 23h32

Considerado o número 2 da Al Qaeda, Abdullah Ahmed Abdullah foi morto por agentes israelenses em agosto, no Irã, segundo informou o jornal americano "The New York Times", na noite de hoje. O governo do Irã nega.

Abdullah —ou Abu Muhammad al-Masri, seu nome de guerra— é acusado de ser um dos mentores dos ataques às embaixadas americanas em Dar es Salaam, na Tanzânia, e em Nairóbi, no Quênia, no dia 7 de agosto de 1998. Os ataques terroristas causaram a morte de 224 pessoas e mais de 5 mil feridos.

De acordo com quatro autoridades ouvidas pelo "NYT", agentes israelenses atiraram em Abu Muhammad al-Masri nas ruas de Teerã a mando dos Estados Unidos. A filha dele Miriam —que também era viúva de um dos filhos de Osama bin Laden— morreu na operação, curiosamente ocorrida no mesmo dia dos ataques às embaixadas, 7 de agosto. No entanto, ninguém —Irã, Al Qaeda, EUA ou Israel— até agora reconheceu publicamente as mortes.

Por razões ainda obscuras, diz o NYT, "a Al Qaeda não anunciou a morte de um de seus principais líderes, as autoridades iranianas acobertaram o fato e nenhum país assumiu publicamente a responsabilidade por isso".

O Ministério iraniano das Relações Exteriores, porém, negou a morte. "Estados Unidos e Israel tentam desviar a responsabilidade por atos criminosos da Al-Qaeda e de outros grupos terroristas na região e vincular o Irã a esses grupos por meio de mentiras e vazamentos de informações inventadas pela mídia", declarou o porta-voz do Ministério, Saeed Khatibzadeh, em um comunicado.

Os Estados Unidos e "seus inimigos na região" criaram a Al-Qaeda por suas "políticas ruins", acrescentou Khatibzadeh, que aconselhou a imprensa "a não cair na armadilha dos roteiros de Hollywood das autoridades norte-americanas e sionistas".

Abu Muhammad al-Masri foi indiciado por seu suposto envolvimento nos bombardeios às embaixadas dos Estados Unidos e entrou para a lista de procurados. O programa de Justiça americano chegou a oferecer, em 2013, uma recompensa de até US$ 5 milhões (cerca de R$ 27,5 milhões) por informações que levassem à prisão dele. Em 2018, os EUA dobraram o valor da recompensa para US$ 10 milhões.

Abdullah, nascido no Egito, "aproximadamente" em 1963, segundo consta na ficha do FBI, enfrentava as acusações de assassinato de cidadãos americanos no exterior; conspiração para cometer assassinato e destruir propriedades dos Estados Unidos e infraestruturas do Departamento de Defesa; e ataques a imóveis federais.

Os americanos também procuram por Sayf al-Adl, outro acusado de planejar os ataques.

Em junho, quase 22 anos depois, a agência AFP informou que Sudão e os Estados Unidos estavam prestes a chegar a um acordo sobre a indenização das famílias das vítimas dos dois ataques. Os americanos acusam o Sudão de apoiar os autores dos ataques e exigem indenização para as famílias das vítimas.

"Os últimos detalhes de um acordo com as vítimas dos ataques das embaixadas (americanas) em Nairóbi e Dar es Salam estão em processo de finalização", declarou a ministra sudanesa das Relações Exteriores, Asmaa Mohamed Abdalá.

*Com informações da AFP.