Tratamento seria diferente se negros tivessem invadido Capitólio, diz Biden
O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou hoje a diferença entre a forma como as forças policiais trataram os invasores do Congresso americano ontem e o modo pelo qual os manifestantes do movimento Black Lives Matter são abordados durante protestos que pedem por igualdade racial.
Segundo ele, o episódio de invasão no Capitólio não só evidenciou uma falha na proteção à sede do Legislativo, como comprovou "uma falha na igualdade de justiça" e um sinal claro de "privilégios pessoais".
"Se tivesse sido um grupo do movimento Black Lives Matter o que protestava ontem, teria recebido um tratamento muito diferente do que recebeu o grupo de bandidos que invadiu o Congresso. Todos nos sabemos que isso é verdade. E é inaceitável", disse Joe Biden em discurso antes de apresentar seus indicados ao departamento de Justiça do novo governo dos Estados Unidos.
"O povo americano viu claramente e espero que agora saibam o que temos que fazer", completou o democrata.
Críticas a Trump
Mais uma vez, Joe Biden condenou as tentativas de Trump de mudar o resultado da eleição presidencial entrando na Justiça em vários estados americanos com pedidos de recontagem e ações na Suprema Corte que pediam o bloqueio de milhões de votos.
"É importante entender a importância das instituições democráticas desse pais. Vejam a pressão sobre essas instituições pelo presidente atual, em todos os níveis. O judiciário fez o seu trabalho durante essas eleições, agiu com imparcialidade e justiça, com honra e integridade.", disse Biden, agradecendo aos homens e mulheres do legislativo que "representam o judiciário independente" dos Estados Unidos.
Joe Biden também criticou duramente Donald Trump afirmando que o atual presidente "incitou" que os manifestantes ameaçassem representantes do legislativo para que sua vitória não fosse certificada, em uma tentativa de "silenciar 160 milhões de pessoas".
"Ele desencadeou um ataque total às instituições de nossa democracia desde o início", declarou Biden. A tomada do Congresso na quarta-feira foi "um dos dias mais sombrios da história de nossa nação", acrescentou, chamando de "terroristas".
Indicações ao departamento de Justiça
No discurso, Joe Biden oficialmente anunciou os indicados aos principais cargos do departamento de Justiça de seu governo. O democrata prometeu ao povo americano que o time proposto por ele será responsável por "restaurar a fé nas instituições democráticas."
Para o cargo de Procurador-geral, o nome indicado por Biden é o do juiz Merrick Garland, a quem o presidente eleito chamou de "homem de integridade impecável."
"Ele serviu o governo Bush e abraçou os valores de integridade e independência.", disse Biden. "Ele não será um advogado pessoal do presidente, mas será um advogado do povo, para restaurar a confiança na justiça.", acrescentou.
Há cinco anos, os republicanos negaram a indicação de Garland para a Suprema Corte americana. O juiz da Corte de Apelações é reconhecido como um liberal moderado e não está alinhado com qualquer partido político.
Biden indica três mulheres para funções no Departamento
Nos outros três cargos, Biden indicou três mulheres. A primeira anunciada foi Lisa Monaco, indicada para o cargo de Procuradora-geral adjunta.
"Ela é a definição do que um servidor publico deve ser, decente, honrável, confiável e altruísta.", resumiu Biden.
Lisa foi a primeira mulher no cargo de Conselheira da Segurança Nacional, posição que exerceu durante o governo Obama.
"Ela é uma das principais conselheiras do presidente Obama sobre assuntos de Segurança Nacional. Ela coordenou nossa luta contra a Al-Qaeda. Quando a bomba explodiu em Boston, sua cidade natal, ela coordenou a polícia local para lidar com essa tragédia.", disse Joe Biden.
Vanita Gupta pode ser a primeira mulher não branca a assumir a Procuradoria-geral Associada
Filha de imigrantes indianos, Vanita Gupta foi o nome indicado para Procuradora-geral Associada e, se for confirmada, será a primeira mulher não branca a assumir o cargo. Para Biden, sua maior qualidade é a "capacidade de unir as pessoas por um propósito comum"
"No Misouri, ela ajudou na reforma policial para criar mais igualdade e confiança. Ela foi elogiada por seu trabalho pela policia e pelos ativistas que buscavam mudanças no sistema criminal.", disse ele.
Por último, Kristen Clarke foi indicada para o cargo de Procuradora-geral Assistente. Clarke chefiou por anos o escritório de Direitos Civis do Departamento de Direito do estado de Nova York, onde nasceu. Atualmente, é presidente da Comissão dos Advogados dos Direitos Civis.
"Ela vem para assumir o departamento de Direitos Civis do Departamento de justiça, que representa o coração do ideal americano de que todos somos e iguais e todos devemos ser tratados igualmente.", completou Biden.
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