Argentina autoriza entrada de brasileira para resgatar filho desaparecido
A fisioterapeuta pernambucana Cláudia Boudoux, de 44 anos, recebeu hoje uma "certidão especial" do consulado da Argentina no Recife para desembarcar em Buenos Aires e resgatar o filho, Carlos Attias Boudoux, de 13 anos. Ambos estão sem contato desde 2015 após o garoto, à época com 9 anos, viajar ao país vizinho para passar as festas de fim de ano com o pai e não retornar para o Brasil.
O documento foi entregue em cerimônia na sede da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, do Governo de Pernambuco. A certidão dá o direito a Carla de entrar no país, "visto que a Argentina passa por um momento de restrição sanitária devido à pandemia do novo coronavírus e não está permitindo entrada nem saída de turistas", explicou a pasta ao UOL.
Além de Carla, a autorização vale para Carolina Boudoux, irmã de Carlos, e Eduardo Figueiredo, secretário-executivo de Justiça, que irá acompanhá-las. O Governo de Pernambuco se comprometeu em custear as passagens aéreas da mãe e do filho. A estadia será por conta da família.
O UOL entrou em contato com o consulado argentino em Recife, mas ainda não obteve retorno.
A previsão é de chegar à Argentina em 31 de janeiro. A pouco tempo da viagem, a fisioterapeuta conta que a ansiedade aumenta a cada dia.
"Recebemos essa autorização, o que nos permite entrar na Argentina. Agora vamos arrumar as malas. Meu coração está ansioso. Se pudesse, já estaria na sala de embarque desde hoje", disse a fisioterapeuta em contato com a reportagem.
Entenda o drama da mãe
A fisioterapeuta Cláudia Boudoux foi surpreendida em 18 de janeiro ao saber que o filho, Carlos Boudoux procurou por conta própria uma delegacia de Buenos Aires informando que estava desaparecido.
O fim das buscas de anos foi confirmado pelo Conselho dos Direitos de Meninas, Meninas e Adolescentes de Buenos Aires, nas redes sociais, em 19 de janeiro. Segundo o jornal argentino Clarín, o garoto estava lúcido e bem de saúde.
Carlos atualmente aguarda a chegada da família brasileira em um abrigo. De acordo com Cláudia, o filho deveria retornar para o Brasil em 2016, mas o pai teria alienado o garoto.
A fisioterapeuta, então, entrou com um pedido na Justiça argentina para reavê-lo, obtendo uma decisão favorável a ela em fevereiro de 2019. O pai, contudo, nunca devolveu o menino, o que fez Carlos entrar na lista nacional de desaparecidos do país vizinho.
Cláudia conta que o pai do garoto foi preso em 2020 por obstrução da Justiça e sequestro do filho, mas o garoto continuou desaparecido em lugar incerto até se apresentar em 18 de janeiro à polícia.
A mãe não sabe informar onde Carlos estava no período entre a prisão do pai e a apresentação às autoridades. Ambos ainda não se comunicaram por telefone. O garoto vai completar 14 anos em março.
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