Brasileiros resgatados em Wuhan dizem que era melhor ter ficado na China
Em 9 de fevereiro do ano passado, aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) aterrissaram em Goiás com 34 brasileiros que estavam em Wuhan, na China. Naquele momento, a cidade era o epicentro do coronavírus. Mas, um ano depois, alguns dos brasileiros resgatados disseram para o jornal Extra que era melhor ter ficado na China.
"Todos falam que, se soubéssemos como [o Brasil] estaria hoje, não teríamos voltado para cá", disse Adrielly Eger, modelo catarinense que foi trazida de Wuhan para o Brasil.
Quando os brasileiros chegaram de Wuhan, o Brasil ainda não tinha nenhum caso de covid-19 confirmado. Hoje, o Brasil é o terceiro país do mundo com mais casos de covid-19, atrás de Estados Unidos e Índia, e se aproxima de 10 milhões de casos. Já a China tem pouco mais de 100 mil casos, o que a coloca na posição 82 no mundo. Os números são da Universidade John Hopkins.
"Eles [chineses] tiveram coerência. Quando foi preciso, fecharam tudo, foram radicais. Aqui [no Brasil] foi um caos total. Não havia conversa entre estados, municípios, governo. O presidente queria abrir, o resto queria fechar. Por isso a crise está se estendendo tanto tempo", falou para o Extra o analista mineiro Vitor Campos, também resgatado de Wuhan.
A frustração por ter deixado a China não acometeu só os brasileiros. Em entrevista para a BBC, o britânico Matt Raw, também disse que se arrependeu. A saída dos britânicos da China ocorreu antes da dos brasileiros, no final de janeiro de 2020.
"Nós estaríamos muito mais seguros e livres se tivéssemos ficado na China. Eles [chineses] agiram rápida e eficazmente e fecharam as cidades, era a coisa certa a fazer", disse Raw.
Já o paulistano Kenyiti Shindo, que ficou em Wuhan, disse à BBC News Brasil que a situação na cidade chinesa "está praticamente normal". "Usamos máscara quando entramos em locais fechados, como bares, restaurantes ou shopping centers. Claro que existe uma preocupação de que o vírus volte, mas tudo já funciona como antes".
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