Morte de Floyd é mais que um caso e uma causa, diz irmão
A morte de George Floyd é mais do que "um caso e uma causa", declarou seu irmão um dia após início do julgamento que apura as circunstâncias da morte. Em entrevista à CNN americana, Philonise Floyd, também disse estar vivendo uma "montanha-russa emocional" ao assistir o tribunal que discute a ação do ex-policial Derek Chauvin.
Em maio de 2020, o policial se ajoelhou sobre o pescoço da vítima durante cerca de nove minutos e provocou sua morte, que causou comoção em todo o mundo e incentivou os protestos Black Lives Matter contra a truculência policial e o racismo.
"Para todos os outros, foi um caso e uma causa", começou Philonise Floyd. "Pra mim, era meu irmão, alguém com quem eu cresci, comendo, dormindo na mesma cama, indo pescar, apenas vendo ele dançar com minha mãe. Essas são as coisas que eu penso quando penso sobre meu irmão. Ele era um protetor, era alguém a quem podemos recorrer quando estávamos com problemas e precisávamos de alguma coisa".
Philonise afirmou que apenas ontem descobriu que o ex-policial Chauvin pressionou o pescoço do irmão por mais de 9 minutos. Até então, o tempo estimado era de 8 minutos e 46 segundos.
"A história nos mostra... Falamos muitas vezes sobre esses tipos de casos em que a polícia mata pessoas das maneiras mais inacreditáveis. O uso de opioides na América é uma epidemia e agora vamos dizer, porque George Floyd tinha um problema de dependência como milhões de outros americanos, que o que vimos naquele vídeo era aceitável?", criticou ele.
Philonise ainda defendeu a condenação de Derek Chauvin. "No final das contas, justiça é uma condenação. Temos que ter justiça igual perante a lei para todos os americanos, sejam eles negros ou brancos".
O ex-policial, de 45 anos, se declarou inocente das acusações de homicídio não intencional em segundo grau, homicídio de terceiro grau e homicídio culposo em segundo grau. O julgamento acontece 10 meses depois da morte de Floyd, 46.
O julgamento
O vídeo chocante de Floyd agonizando sob o joelho do policial foi o foco da abertura da argumentação, ontem, no julgamento pela morte que abalou os Estados Unidos.
A promotoria buscou mostrar que Chauvin não tinha justificativa para sua ação de nove minutos que acabou asfixiando Floyd, detido por uma contravenção. Já a defesa de Chauvin alegou que pode provar que Floyd estava drogado, o que teria forçado os policiais a serem mais duros, e que sua morte se deve mais às drogas e a seus problemas de saúde do que à asfixia.
Com 19 anos na polícia, Chauvin é acusado de assassinato e homicídio culposo e enfrenta até 40 anos de prisão se for declarado culpado da acusação mais grave: assassinato em segundo grau. O veredicto deve sair no final de abril ou início de maio.
Donald Williams, um instrutor de artes marciais que estava no local do assassinato, afirmou ter dito a Chauvin que sua maneira de imobilizar Floyd pelo pescoço era equivalente a uma manobra perigosa usada em combates chamada de "blood choke", ou "sufocamento de sangue".
O júri de 14 membros é racialmente misto: seis mulheres brancas, três homens negros, dois homens brancos e três mulheres negras. Os policiais raramente são condenados nos Estados Unidos e a sentença por qualquer uma das acusações contra Chauvin exigirá que o júri emita um veredito unânime.
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