Seitenfus: A morte do presidente do Haiti vai deixar profundas feridas
Ricardo Antônio Silva Seitenfus, doutor em elações internacionais e representante da OEA (Organização dos Estados Americanos) no Haiti entre 2009 e 2011, analisa que o assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moise, ainda não gerou reações no país, mas que vai deixar profundas feridas.
"É a primeira vez que assassinos ingressam na residência particular, no cômodo onde dormia o presidente e o metralham e tentam assassinar sua esposa e ferem um filho. Isso é uma mudança de paradigma. Não se chegava a esse ponto. E esse é o ponto de ruptura que nós temos que analisar com muita calma quais serão as reações dos aderentes ao PHTK, que é o partido do Moise. Por enquanto está tudo calmo. Mas isso vai deixar profundas feridas", explicou Seitenfus durante o UOL Debate.
Seitenfus não acredita que há interesse estrangeiro na morte de Moise. Em sua opinião, os empresários locais podem ser os responsáveis por contratar os assassinos que falavam inglês e espanhol. Ele ainda explica que o caso teve de ser projetado com muita calma e não foi feito do dia para a noite.
"Eu creio que são grupos empresariais dentro do Haiti apoiados por políticos que são ao mesmo tempo empresários, há uns 4 ou 5, que estavam completamente descontentes com a política econômica e com a luta contra o monopólio do presidente Jovenel Moise", continua.
"Se vocês acompanharem nos últimos meses, verão o aumento das manifestações que são financiadas por esses empresários e alguns dizem que os empresários que financiam gangues. Nos bairros onde elas estão localizadas, há complexos empresariais que não são tocados e nem perturbados. Nós vemos que a situação é muito mais complexa que uma simples luta pelo poder", conclui.
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