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Homem morre e mais de 150 pessoas já foram detidas em protestos em Cuba

Do UOL, em São Paulo

14/07/2021 08h10

Uma pessoa morreu e mais de 150 já foram detidas nos protestos que ocorrem em Cuba desde o último final de semana. Segundo a estatal ACN (Agência Cubana de Notícias) um homem morreu durante um confronto entre manifestantes e forças de segurança na última segunda-feira em um bairro da periferia de Havana.

A vítima tinha 36 anos e participava de um protesto no Conselho Popular Güinera do município de Arroyo Naranjo, no sul da capital, como parte das manifestações contra o governo iniciadas em várias localizações do país no domingo.

Várias pessoas foram detidas e outras sofreram ferimentos, inclusive agentes das forças de segurança, no confronto em La Güinera, segundo a agência.

O protesto nesse bairro, uma das áreas mais carentes de Havana, foi divulgado por vários vídeos nas redes sociais, embora o governo mantenha a conexão à internet cortada desde domingo.

Segundo a versão da ACN, os manifestantes "alteraram a ordem e tentaram seguir até a Estação da Polícia Nacional Revolucionária do território com o objetivo de agredir efetivos e danificar a instalação".

A organização HRW (Human Rights Watch) denunciou ontem que o número de detidos nos protestos "passa de 150", e exigiu o fim das violações aos direitos humanos no território cubano.

"A lista inicial de detidos nos protestos em Cuba passa de 150. Não se sabe o paradeiro de muitos deles. Exigimos o fim dessas violações aos direitos humanos. Protestar é um direito, não um crime", escreveu no Twitter o diretor da divisão das Américas da HRW, José Miguel Vivanco.

Vivanco divulgou uma lista de desaparecidos cuja autoria atribuiu à ONG Cubalex, que contabiliza 171 pessoas reportadas como desaparecidas, das quais 17 já foram libertas ou encontradas. A lista inclui nomes e sobrenomes das pessoas, o local onde foram vistas pela última vez, a hora e a data da detenção e o "último relato" sobre sua situação".

Entenda os protestos

Aos gritos de "liberdade" e "abaixo a ditadura", manifestantes em todo o país foram às ruas no último domingo (11) para protestar contra o regime do presidente Miguel Díaz-Canel — algo inédito na ilha, comandada pelo Partido Comunista há décadas. A crise se tornou tão insustentável que nem a proibição da realização de atos foi capaz de conter a população.

As manifestações acontecem em um momento de forte crise em Cuba, que sofre com a escassez de medicamentos e produtos básicos, além de passar pela terceira — e pior — onda da pandemia até então.

Na segunda-feira (12), o presidente Miguel Díaz-Canel classificou os protestos da véspera como uma tentativa de desacreditar o regime e a Revolução Comunista.

Cuba atribuiu os protestos contra o regime ditatorial à "asfixia econômica" dos Estados Unidos e a campanhas de contrarrevolucionários com financiamento americano nas redes sociais. De fato, as sanções dos EUA sobre a ilha foram endurecidas no governo do ex-presidente Donald Trump, o que intensificou ainda mais a escassez de alimentos e remédios, assim como os apagões.

Em 2021, ao assumir a presidência dos EUA, Joe Biden chegou a ordenar uma revisão da política sobre Cuba, mas a Casa Branca reforçou não ter pressa e que a questão "não está atualmente entre as principais prioridades do presidente". Na segunda, Biden divulgou um comunicado expressando sua solidariedade ao povo cubano.

* Com informações da EFE e da reportagem de Anaís Motta, do UOL, em São Paulo