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Talibã declara Emirado Islâmico do Afeganistão, mesmo nome adotado em 1996

Do UOL, em São Paulo

19/08/2021 21h54Atualizada em 19/08/2021 22h30

O Talibã declarou hoje que o Afeganistão passou a se chamar Emirado Islâmico do Afeganistão, mesmo nome adotado pelo grupo fundamentalista quando assumiu o poder pela primeira vez, em 1996. O anúncio foi feito por Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, e acontece quatro dias depois de os extremistas tomarem Cabul, capital do país.

"Declaração do Emirado Islâmico do Afeganistão por ocasião do 102º aniversário da independência do país do domínio britânico", escreveu Mujahid em uma rede social.

Mais cedo, o porta-voz deu sua primeira entrevista coletiva desde que o Talibã assumiu o controle do Afeganistão. Na ocasião, Mujahid disse se tratar de um "momento de orgulho para a nação", acrescentando que as mulheres poderão trabalhar e estudar "dentro de nossas estruturas", conforme a Sharia (lei islâmica) — sem dar detalhes sobre o que isso significaria na prática.

A princípio, explicou o porta-voz, o plano do Talibã era parar nos portões de Cabul para que o processo de transição fosse feito sem problemas.

"Não queremos ver o caos em Cabul (...) Mas infelizmente, o governo anterior era tão incompetente .. Suas forças de segurança não podiam fazer nada para garantir a segurança. Tivemos que entrar em Cabul para garantir a segurança dos moradores", disse Mujahid.

Sem democracia

Membro do Talibã, Waheedullah Hashimi contou hoje à agência Reuters que muitas questões sobre como o grupo vai governar o Afeganistão ainda precisam ser finalizadas, mas que o país não será uma democracia.

"Não haverá sistema democrático porque não há nenhuma base em nosso país", afirmou. "Não discutiremos que tipo de sistema político devemos aplicar no Afeganistão porque está claro: é a lei Sharia [lei islâmica] e é isso."

Atualmente, o Talibã é liderado por Haibatullah Akhundzada, enquanto o mulá Abdul Ghani Baradar, cofundador do grupo, chefia a ala política.

G7 corre com evacuações

Os ministros das Relações Exteriores do chamado G7 — grupo dos países mais industrializados do mundo — se reuniram hoje e pediram à comunidade internacional para unificar as respostas à crise no Afeganistão, como forma de prevenir que a situação no país saia do controle.

No encontro virtual, também foram debatidas estratégias para garantir as evacuações do pessoal diplomático e colaboradores locais de Cabul.

A tomada do país pelo Talibã colocou milhares de civis e militares afegãos em fuga em busca de segurança. Muitos temem uma volta à interpretação rígida da lei Islâmica imposta durante o último governo do grupo fundamentalista, que durou de 1996 a 2001.

O Reino Unido detém atualmente a liderança rotativa do G7, que também inclui Estados Unidos, Itália, França, Alemanha, Japão e Canadá.

A crise no Afeganistão requer uma resposta internacional que inclua o engajamento intensivo em questões críticas na região do Afeganistão: com os afegãos mais afetados, as partes do conflito, o Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas], o G20, doadores internacionais e os vizinhos regionais do Afeganistão.
Dominic Raab, chanceler britânico, em nota

(Com AFP, ANSA e Reuters)