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Barco com 24 brasileiros naufraga e deixa desaparecidos na Guiana Francesa

Equipes de resgate da Guiana Francesa atuam nas buscas por brasileiros - Divulgação/Centro Operacional Regional de Vigilância e Resgate Antilhas-Guiana
Equipes de resgate da Guiana Francesa atuam nas buscas por brasileiros Imagem: Divulgação/Centro Operacional Regional de Vigilância e Resgate Antilhas-Guiana

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

04/09/2021 17h32Atualizada em 04/09/2021 17h36

Equipes de resgate da França buscam encontrar brasileiros que sumiram no Oceano Atlântico, na costa da Guiana Francesa, depois que uma embarcação ilegal naufragou em alto mar. O barco saiu de Oiapoque, a 590 km de Macapá, em 28 de agosto, com destino a Caiena, capital do território francês. Pelo menos 24 pessoas estavam a bordo, sendo 17 homens e sete mulheres.

Segundo o Centro Operacional Regional de Vigilância e Resgate (CROSS) Antilhas-Guiana, 24 brasileiros estavam no barco de pequeno porte. Pelo menos quatro sobreviventes foram resgatados e três óbitos foram confirmados pelas equipes de resgate.

A travessia pelo mar, partindo de Oiapoque, é uma das alternativas usadas por imigrantes ilegais para driblar a fiscalização aduaneira e entrar na Guiana Francesa, que é regida por regras da União Europeia.

Uma das vítimas resgatadas informou às autoridades francesas que a embarcação saiu de Oiapoque por volta das 23h de 28 de agosto e que tinha a primeira parada em Caiena.

O resgate foi mobilizado somente na terça-feira (31) após a mulher sobrevivente ter sido achada por pescadores agarrada a uma boia próximo ao canal de Behage, na costa da cidade de Kouruou, a 60 km da capital Caiena.

Barco saiu de Oiapoque com brasileiros - Ruan Costa/Governo do Amapá - Ruan Costa/Governo do Amapá
Barco saiu de Oiapoque com brasileiros
Imagem: Ruan Costa/Governo do Amapá

Os outros três brasileiros resgatados estavam próximos às ilhas de Le Pére e Grande Condestável. Já em Kourou, um corpo ainda sem identificação foi encontrado.

O Ministério Público de Caiena abriu inquérito para apurar as causas do acidente na costa da Guiana Francesa.

Ao UOL, o delegado Charles Corrêa, da Polícia Civil de Oiapoque, informou que foi acionado, mas que o caso deverá ser investigado pelas autoridades francesas.

O delegado confirmou que recebeu um áudio da primeira sobrevivente. Nele, a mulher diz que o piloto do barco parecia não saber navegar no mar.

"Colocaram muita gente no barco. De Oiapoque, saíram poucas pessoas, mas no meio da viagem, entrou muita gente e ficamos com medo. O piloto parecia que não entendia navegar no mar. Quando a maré bateu forte, começou entrar água e todo mundo caiu na água", disse a sobrevivente.

Brasileira Ellen Pantoja, de 25 anos, está desaparecida - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Brasileira Ellen Pantoja, de 25 anos, está desaparecida
Imagem: Arquivo Pessoal

'Estamos sem informações', diz mãe de desaparecida

A Guiana Francesa, segundo estimativas de 2020 do Ministério de Relações Exteriores, tem a terceira maior colônia brasileira imigrante da América do Sul, com 72.300 habitantes, o que representa 25% de total da população do país vizinho.

Como o território é regido pela União Europeia, o euro se torna o principal atrativo para os brasileiros que se aventuram em busca de empregos. É o caso de Ellen Pantoja, de 25 anos. Ela estava no barco e ainda permanece desaparecida.

A mãe de Ellen, Neuraci Pantoja Silva, de 44 anos, contou ao UOL que a filha saiu do Amapá para vender roupas e receber em euro na Guiana Francesa.

"Estamos sem informações e ajuda. A nossa situação está complicada, porque não temos passaporte para atravessar a fronteira. Podemos ir até Oiapoque. Estamos esperando notícias de quem está na Guiana Francesa. Não sei se minha filha está no mar ou se está presa [por ser imigrante]. Ela vivia comprando roupas aqui no Brasil para vender lá", relatou.

O UOL entrou em contato com o Itamaraty, mas ainda não obteve retorno sobre o naufrágio.