Família pede ajuda para buscar corpo de brasileira morta entre EUA e México
Os familiares de Lenilda dos Santos, de 49 anos — que morreu após ser deixada pelo grupo com o qual tentava atravessar ilegalmente para os Estados Unidos — pedem ajuda para trazer o corpo da técnica de enfermagem de volta para o Brasil. Ela atuou na linha de frente ao combate ao coronavírus e largou seus dois empregos para mudar de país.
A vaquinha proposta pela filha Luanna Stefane Oliveira dos Santos tenta atingir a marca de R$ 100 mil para cobrir o custeio do traslado e do enterro. Até o momento, a família já conseguiu R$ 23 mil em doações.
"É com muita dor e tristeza que venho aqui pedir a ajuda de vocês, independente do valor. Minha mãe, Lenilda de Oliveira estava desaparecida a 8 dias, no dia 15/09/21 foi encontrada sem vida na fronteira entre México e EUA. Preciso de ajuda para custear as despesas com os serviços funerários e de translado do corpo para o Brasil, para que aqui consigamos sepultá-la", descreve a jovem na campanha.
Dor e supresa
Familiares de Lenilda agora têm que lidar com várias situações que não conseguiam imaginar estar vulneráveis a passar.
"O que poderia dar errado era ela ser presa. Nunca passou pela minha cabeça que isso tudo poderia ter acontecido", disse a filha Genifer dos Santos, grávida de cinco meses, em entrevista ao 'Fantástico', da Tv Globo, no domingo (26).
Áudios enviados pela técnica de enfermagem comprovam que, nos últimos dias, ela esteve sozinha. "Eu dormi aqui, não aguentei, não. Estou sozinha aqui, mas eles estão vindo me buscar", disse em uma mensagem compartilhada pela família. O local onde ela foi encontrada correspondia à metade do trajeto.
Leci Pereira, irmão da brasileira, contou que, para realizar o sonho de entrar nos Estados Unidos, ela pagou 25 mil dólares, o equivalente a R$ 134 mil. A dívida ficará para a família, já que a casa onde ela vivia foi penhorada.
Segundo parentes, ela conseguiu chegar até um ponto onde havia combinado com os 'coiotes' para o resgate, que não foi realizado. "Eu tô escondida. Manda trazer água para mim, que não tô aguentando de sede". O áudio também foi enviado aos intermediários.
A jornada teve início em 13 de agosto, quando ela, dois amigos e uma amiga saíram da cidade de Vale do Paraíso, em Rondônia, até a capital, Porto Velho. De lá, embarcaram em um voo para a Cidade do México, com conexão em São Paulo. A travessia, propriamente dita, começou em 5 de setembro, em Ascension.
A família afirma que os intermediários a deixarem morrer no deserto do Novo México, após ter passado mal, no segundo dia. Ela foi deixada para trás pelo grupo de amigos brasileiros, que conseguiu atravessar a fronteira.
Esta não foi a primeira vez que Lenilda se dispôs a migrar ilegalmente — ela morou em Ohio, nos Estados Unidos por três anos e voltou ao Brasil em 2007.
Crise migratória
Na semana passada, milhares de haitianos foram deportados pelo governo de Joe Biden. O xerife do Condado de Luna, EUA, disse que os coiotes estão preocupados com o dinheiro e não com as pessoas que pagam para se arriscar na travessia. "Estão se aproveitando das pessoas. Mas eles não se importam com a vida delas".
A imigração e Alfândega dos EUA (ICE) diz que no ano passado 1902 brasileiros foram deportados. Em nota, o Itamaraty informou que acompanha o caso com atenção e está à disposição para prestar orientações aos familiares.
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