O 'caçador de redes fantasmas' que se arrisca para salvar a vida marinha
Um homem de 68 anos, morador de Hong Kong, vem trabalhando numa missão considerada por especialistas como imprescindível para a preservação da vida marinha que circunda a ilha. Ele procura e recolhe voluntariamente redes de pesca abandonadas nas águas do mar que banham a cidade.
As redes fantasmas recebem esse nome porque são equipamentos perdidos ou abandonados por pescadores, constituindo uma ameaça à vida marinha. O empresário aposentado Harry Chan, autoproclamado "caçador de redes fantasmas" passou a última década retirando do oceano, por conta própria, esses equipamentos.
Sua missão, como ele mesmo explicou à CNN, é limpar as águas e o litoral ao redor de Hong Kong. "Se não cuidarmos do nosso meio ambiente e do oceano, não será possível obtermos outros".
Depois que uma rede é localizada, removê-la pode levar de três a oito horas e é um trabalho perigoso e cansativo. Mas Chan, que atua desde 1987 e coleciona mais de 3 mil mergulhos até o momento, é obsessivamente apaixonado pelo que faz. Nem seus encontros com a morte, em busca de seu objetivo, o detiveram.
"Algumas vezes, quase morri, fiquei emaranhado nas redes", diz ele. "Felizmente, fui libertado por meus amigos".
Ao longo dos anos, ele formou uma pequena equipe de voluntários que o ajudam em sua missão de limpar as águas de Hong Kong. Equipada com equipamento de mergulho, a equipe zarpa periodicamente do cais da cidade em um barco, em busca de redes fantasmas perdidas.
Quando uma delas é encontrada, o que pode ser complicado devido à pouca visibilidade do mar de Hong Kong, a equipe usa uma faca ou tesoura para libertar animais presos ou desembaraçá-la de rochas, corais ou de objetos no fundo do mar.
Dependendo do tamanho e peso da rede e da profundidade, um pequeno dispositivo flutuante pode ajudar a levantá-la até a superfície. Normalmente, Chan faz esses mergulhos duas vezes por mês, e ainda organiza limpezas de praias e linhas costeiras.
Ao longo dos anos, o "caçador" estima que coletou mais de 80 toneladas métricas de redes fantasmas com as próprias mãos, com o auxílio de seu grupo de voluntários, e diz que está determinado a continuar caçando esses "assassinos silenciosos".
"Sendo um mergulhador, há muito que podemos fazer para proteger e salvar o oceano", diz ele.
WWF cria projeto para ajudar na caça às redes
Para incentivar outros voluntários, a WWF Hong Kong desenvolveu um programa chamado Ghost Gear Detective, algo como "Detetive de Equipamentos Fantasmas". O programa pede a mergulhadores amadores e entusiastas de esportes aquáticos que ajudem a identificar a localização de redes fantasmas usando o GPS de seus dispositivos móveis.
A iniciativa convida mergulhadores recreativos e velejadores a tornarem-se cientistas cidadãos. Eles registram a localização do equipamento fantasma em uma lousa à prova d'água usando um dispositivo portátil de GPS flutuante para identificar as coordenadas. Essas informações são relatadas por meio de um aplicativo.
Em seguida, o Departamento de Agricultura, Pesca e Conservação do governo de Hong Kong usa esses dados para coletar as redes em segurança, com uma equipe de mergulhadores experientes.
Desde o lançamento do programa em 2019, a WWF Hong Kong afirma que 244 peças de equipamento fantasma foram identificadas, com base em 225 relatórios - e quase 272 kg de equipamentos foram removidos.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), 640 mil toneladas de redes fantasmas vão parar nos oceanos. Isso é equivalente ao mesmo peso de 50.000 ônibus de dois andares empilhados.
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