Ômicron: Europa amplia restrições; Reino Unido tem 12 mortes por variante
Países e cidades da Europa anunciaram o retorno de restrições para conter o avanço da covid-19 e da variante ômicron. As previsões da Comissão Europeia apontam que a nova variante, ainda mais contagiosa que as anteriores, será a dominante no continente em meados de janeiro.
No Reino Unido, 12 pessoas infectadas com a ômicron morreram e 104 foram hospitalizadas, em plena onda de infecções, anunciou hoje o vice-primeiro-ministro Dominic Raab.
Durante uma reunião na semana passada, os governantes europeus destacaram a urgência de se acelerar a vacinação. O continente apresenta uma boa taxa de imunização, com 67% da população com as duas doses.
No entanto, alguns países estão muito atrasados. Nove dos 27 membros apresentam taxas inferiores a 60%. Bulgária, Romênia e Eslováquia continuam abaixo de 50%.
O Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) advertiu que a vacinação "não é suficiente" para frear as transmissões e defendeu o retorno de medidas como o teletrabalho, o uso de máscara e a limitação da capacidade em espaços públicos.
Veja abaixo a situação em alguns países e cidades do continente.
Lockdown na Holanda
A Holanda iniciou um novo lockdown ontem para conter a disseminação da ômicron. Segundo o primeiro-ministro, Mark Rutte, a medida restritiva deve durar até 14 de janeiro.
Rutte explicou que poderão seguir abertos estabelecimentos como supermercados, farmácias e postos de gasolina, enquanto restaurantes, cinemas, teatros e academias deverão parar atividades.
Além disso, será permitido um número máximo de dois visitantes em cada residência por dia, com exceção do período de 24 a 26 de dezembro e da noite de Réveillon.
Na sexta-feira (17), o RIVM (Instituto Nacional de Saúde Pública) informou 15.433 novos casos de covid-19, uma queda de 25% em relação à semana passada, mas ainda assim acima do pico de qualquer outra onda no país.
De acordo com o site Our Wolrd in Data, da Universidade de Oxford, cerca de 74,6% dos holandeses estão completamente vacinados contra a covid-19. Mesmo assim, devido à ômicron, os hospitais operam sob pressão e muitos serão incapazes de lidar com um novo fluxo de pacientes, afirmam especialistas.
Paris cancela fogos
Na França, o governo anunciou que começará a vacinar crianças de 5 a 11 anos a partir da próxima quarta-feira. O primeiro-ministro Jean Castex disse, na sexta-feira, que com a ômicron se espalhando como "um raio", o governo propôs exigir uma prova de vacinação para quem entra em restaurantes, cafés e outros estabelecimentos públicos. A medida pendente requer aprovação parlamentar.
Paris cancelou os fogos de artifício da véspera de Ano-Novo.
Os últimos dados da agência de saúde pública da França não são animadores. Na última semana, a média de novos casos da doença se estabilizou em 52 mil por dia. "Um número que ainda deve subir muito já que a taxa de reprodução do vírus está hoje em 1,2, ou seja, cada doente contamina pouco mais do que uma pessoa", afirma reportagem do jornal Libération.
Até o momento, a ômicron representa entre 7% e 10% dos testes positivos à covid-19 na França.
Para Rémi Salomon, presidente da comissão médica da rede hospitalar pública parisiense, restrições mais duras precisam ser anunciadas antes de janeiro, para que os hospitais não enfrentem superlotação.
Reino Unido com salto de casos
O Reino Unido registrou 82.886 novos casos de covid ontem, um salto de 72% em relação às 48.071 novas infecções registradas no último domingo — e a quarta vez em que o país tem mais de 80 mil casos registrados desde o começo da pandemia.
O país é um dos mais afetados da Europa pela pandemia, com mais de 147 mil vítimas.
Os números de domingo são ligeiramente mais baixos do que as taxas de casos diários recordes recentes - estavam acima de 90 mil na quinta-feira. Os números reportados tendem a ser menores nos fins de semana.
O governo impôs uma nova exigência para o uso de máscaras em ambientes fechados e ordenou que as pessoas apresentassem prova de vacinação ou um recente teste de coronavírus negativo para entrarem em boates e grandes eventos.
Cientistas estão alertando o governo britânico da possibilidade dos hospitais ficarem lotados. O Reino Unido e outras nações estão acelerando o ritmo das doses de reforço depois que dados preliminares — de pesquisas não revisadas por pares — mostraram que duas doses da vacina foram menos eficazes contra a variante ômicron. Shopping, catedrais e estádios de futebol no país foram convertidos em centros de vacinação em massa.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, ressaltou a preocupação com o aumento de casos e o potencial de sobrecarregar o sistema de saúde. No sábado foi implementada uma medida que permite que os conselhos locais na capital britânica possam coordenar os trabalhos de forma mais próxima com os serviços de emergência.
A ômicron é agora a variante dominante do coronavírus em Londres e os esforços foram intensificados para alcançar as pessoas que ainda não foram vacinadas.
Dinamarca fecha teatros
A Dinamarca fechou teatros, salas de concerto, parques de diversões e museus. A Irlanda impôs um toque de recolher às 20 horas em pubs e bares, além da participação limitada em eventos internos e externos.
Alemanha sem lockdown antes do Natal
O ministro da saúde da Alemanha, Karl Lauterbach, descartou ontem decretação de medidas de isolamento social no Natal, mas alertou que a quinta onda de covid-19 não pode mais ser interrompida e defendeu a vacinação obrigatória como a única maneira de parar a pandemia.
A Alemanha proibiu pessoas não vacinadas de entrar em estabelecimentos não essenciais no início do mês, na tentativa de controlar o aumento de casos em meio à disseminação da ômicron.
Quase 70% da população está totalmente vacinada contra o vírus, segundo dados de 17 de dezembro.
O país registrou 29.348 novos casos no domingo e 180 mortes. O número de novos casos diários aumentou significativamente em outubro e novembro, mas tem diminuído lentamente desde o início do mês.
Itália reforça restrições para não vacinados
Devido à alta recente dos casos, o governo de Mario Draghi reforçou as restrições para não vacinados, que agora não podem mais entrar em locais como eventos esportivos, shows, festas e áreas cobertas de bares e restaurantes.
Além disso, um certificado sanitário para imunizados, curados ou testados é exigido em todos os locais de trabalho. A dose de reforço da vacina contra covid também já está disponível para todos os adultos, assim como a imunização de crianças entre cinco e 11 anos.
O país registrou ontem mais 24.259 casos e 97 mortes na pandemia, de acordo com boletim do Ministério da Saúde.
Ômicron
A OMS (Organização Mundial da Saúde) informou, em resumo técnico publicado na última sexta-feira (17) que a ômicron já foi detectada em 89 países. Os casos de covid-19 da nova variante estão dobrando a cada 1,5 a 3 dias em locais com transmissão local na comunidade
Segundo o documento, as principais questões sobre a nova cepa permanecem sem resposta, incluindo a gravidade da doença provocada por ela e se as vacinas existentes conferem proteção.
A nova cepa foi classificada como "preocupante" pela OMS. A decisão foi baseada na evidência científica de que a variante tem muitas mutações que influenciam no comportamento do vírus.
Além de vacinação completa e de reforço, quando oferecido, a orientação para evitar infecções continua a mesma para todas as variantes: manter distanciamento, lavar as mãos, usar máscara de forma adequada (cobrindo nariz e boca) e evitar lugares fechados ou com aglomeração.
* Com AFP, Ansa, Deutsche Welle, Estadão Conteúdo, Reuters e RFI
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