Reino Unido e UE aprovam sanções a bancos e oligarcas russos
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou hoje sanções contra cinco bancos e três oligarcas da Rússia após o presidente Vladimir Putin reconhecer ontem a independência de duas regiões separatistas da Ucrânia e autorizar o envio de militares para esses locais "para manter a paz". Os Estados Unidos e a União Europeia também preparam sanções contra o país.
Em anúncio no Parlamento, Johnson disse que o país irá congelar ativos e proibir negociações com os bancos, além de barrar esses executivos de grande patrimônio de entrarem no território.
"Essas são as primeiras do que chamamos de enxurrada de sanções que preparamos. Esperamos também que as sanções sejam implementadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia caso a situação continue a piorar", declarou.
Os bancos afetados são: Rossiya, IS Bank, General Bank, Promsvyazbank e Black Sea Bank; e os executivos são os bilionários Boris e Igor Rotenberg, coproprietários de um grupo de obras de infraestrutura, e Gennady Timchenko, dono de um grupo de investimento privado. Os três são aliados próximos de Putin.
"Temos de nos preparar para os próximos estágios do plano de Putin", disse Johnson. "Putin está estabelecendo o pretexto para uma ofensiva em grande escala".
União Europeia
A Comissão Europeia e o Serviço Europeu de Ação Externa apresentaram aos Estados-membros da UE propostas de sanções à Rússia. A medida, anunciada pelo ministro francês Jean-Yves Le Drian (Relações Exteriores), foi aceita pelos países do bloco com unanimidade.
As propostas devem colocar sanções a 27 pessoas e entidades, incluindo figuras políticas, propagandistas, militares e entidades financeiras que a UE considera ligadas a "atividades ilegais" nas regiões.
Haverá também sanções para os 351 parlamentares russos que votaram pelo reconhecimento, e os 11 que o propuseram, além de sugerirem a instalação de tropas russas. A Comissão colocou ênfase especial que espelharia as sanções adotadas na Crimeia após a anexação de 2014 por Moscou.
O diplomata sênior acrescentou que alguns Estados-membros estão pressionando pela implementação "incremental" de sanções, o que está levantando a questão de se eles vão se esquivar de colocar em prática as partes mais difíceis do pacote de sanções proposto.
EUA bloqueiam investimentos em regiões separatistas
O presidente dos EUA, Joe Biden, emitiu uma ordem executiva para "proibir novos investimentos, comércio e financiamento de pessoas dos EUA para, de, ou nas chamadas regiões DNR [Donetsk] e LNR [Lugansk] da Ucrânia", anunciou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.
A funcionária detalhou que essas medidas "são independentes e se somariam às medidas econômicas rápidas e severas" que Washington tem "preparadas em coordenação" com seus aliados ocidentais, "se a Rússia invadir ainda mais a Ucrânia".
A Casa Branca classificou o reconhecimento pela Rússia da independência das regiões separatistas da Ucrânia como uma "violação flagrante" de seus compromissos internacionais.
Ocidente teme invasão da Ucrânia
Os países ocidentais temem uma invasão iminente da Ucrânia, em cuja fronteira foram posicionados mais de 150.000 soldados russos, que estão em compasso de espera há cerca de duas semanas, segundo Washington.
Os territórios separatistas de Donetsk e Lugansk já possuíam relações extremamente limitadas com os Estados Unidos, mas estas sanções anunciam uma nova fase que poderia derivar no enfrentamento mais perigoso entre o Ocidente e Moscou desde a queda da União Soviética.
A decisão de Putin de reconhecer estas duas regiões separatistas da Ucrânia como independentes contradiz "o compromisso da Rússia com a diplomacia" e merece uma resposta "rápida e firme", disse ontem o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
A presidência dos EUA também divulgou uma conversa telefônica de 30 minutos entre Biden, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, que ocorreu após a declaração de Putin. Eles destacaram que a decisão russa "não ficará sem resposta", segundo o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit.
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