Obama, Clinton e Bush repudiam invasão russa à Ucrânia; Trump culpa Biden
Com exceção de Donald Trump, todos os ex-presidentes vivos dos Estados Unidos condenaram hoje o ataque da Rússia à Ucrânia, chamando-o de "injustificado" e instando as pessoas de todo o mundo a apoiarem o país do leste europeu.
- Barack Obama: "Para exercer direitos que deveriam estar disponíveis para todas as pessoas e nações, os ucranianos agora enfrentam um ataque brutal que está matando inocentes e deslocando um número incontável de homens, mulheres e crianças";
- Bill Clinton: "A guerra de escolha de Putin desfez 30 anos de diplomacia e colocou milhões de vidas inocentes em grave perigo, com o potencial de vítimas civis em massa e grandes deslocamentos dentro e fora das fronteiras da Ucrânia";
- George W. Bush: "O ataque da Rússia à Ucrânia constitui a mais grave crise de segurança no continente europeu desde a Segunda Guerra Mundial";
- Jimmy Carter: "Condeno este ataque injusto sobre a soberania da Ucrânia que ameaça a segurança da Europa e do mundo todo e conclamo Putin a remover os soldados russos do território Ucraniano a fim de que se reestabeleça a paz".
É raro que todos os ex-presidentes vivos dos EUA se manifestem sobre acontecimentos que não sejam grandes desastres naturais. A última vez que isso ocorreu foi numa campanha de TV em prol da vacinação contra o coronavírus. Trump foi o único que não participou do vídeo.
Biden anunciou sanções
As declarações dos ex-mandatários seguiram o primeiro pronunciamento do presidente Joe Biden após a invasão da Rússia na Ucrânia. Ele anunciou hoje ao menos cinco novas medidas contra bancos e elites do país eurasiático.
- Limitar capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares, libras, euros e ienes;
- Bloquear as empresas estatais da Rússia dos mercados de dívida;
- Cortar o maior banco da Rússia do sistema financeiro dos EUA;
- Bloquear metade das importações de alta tecnologia da Rússia;
- Congelar ativos da Rússia nos EUA.
A manifestação de Biden se deu pouco mais de 12 horas depois de a Rússia decidir atacar a Ucrânia, marcando a mais grave crise militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, e a maior operação do gênero desde que os EUA invadiram o Iraque, em 2003.
A invasão ocorreu por ar, terra e mar, numa série de ataques contra a Ucrânia —democracia europeia que abriga 44 milhões de pessoas.
O envio das forças através das fronteiras ao norte, leste e sul da Ucrânia se dão depois de Putin ter negado durante meses que invadiria o país vizinho.
Trump é a voz destoante
Embora não seja incomum que ex-presidentes discordem de seus sucessores na política, é pouco ortodoxo que eles declarem apoio ao presidente russo, crítico de longa data da política norte-americana e da comunidade ocidental —sobretudo num momento em que Putin começa a lançar uma grande ofensiva militar contra um aliado dos EUA.
Em aparição no "Clay Travis and Buck Sexton Show" ontem, Trump elogiou a justificativa de Putin para invadir a Ucrânia.
"É genial. Putin declara uma grande parte da Ucrânia independente. Ah, isso é maravilhoso", disse Trump. "Ele vai entrar e ser um pacificador."
O ex-presidente também criticou a abordagem de Biden sobre a situação, sugerindo que as primeiras sanções que ele impôs eram "fracas", enquanto afirmava que a crise nunca teria acontecido se ele estivesse no cargo.
O ex-secretário de Estado de Trump, Mike Pompeo, também elogiou Putin rotineiramente nas últimas semanas.
"Ele é um estadista muito talentoso. Ele tem muitos dons", disse Pompeo sobre Putin durante uma entrevista à Fox News em janeiro. "Ele era um agente da KGB, pelo amor de Deus. Ele sabe como usar o poder. Devemos respeitar isso."
Em entrevista ao Centro para o Interesse Nacional na semana passada, Pompeo descreveu Putin como "muito astuto" e "muito capaz".
Putin é um autocrata que governa a Rússia há 20 anos. O líder russo, que tomou medidas para garantir que possa ser presidente vitalício, é amplamente visto como um inimigo da democracia. Os oponentes de Putin muitas vezes acabam mortos ou presos.
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