Biden anuncia 5 novas medidas contra bancos e elites russos
Em seu primeiro pronunciamento após a invasão da Rússia na Ucrânia, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou hoje ao menos cinco novas medidas contra bancos e elites do país eurasiático.
Segundo o mandatário norte-americano, haverá bloqueios aos ativos de quatro instituições financeiras russas, que detêm, juntas, cerca de US$ 1 trilhão em ativos. As sanções não envolvem a retirada do país eurasiático do sistema bancário Swift.
"Estamos bloqueando mais quatro grandes bancos. Isso significa que todos os ativos que eles têm nos EUA serão congelados. Putin é o agressor, ele escolheu a guerra e agora seu país vai pagar as consequências. Será muito caro economicamente, estrategicamente e se tornará um pária internacional", disse Biden.
O governo norte-americano também anunciou que irá restringir o fluxo de mercadorias para a Rússia para setores como o de alta tecnologia, em que o presidente Vladimir Putin tem investido. Isso pode afetar o desenvolvimento do programa espacial russo.
Leia as medidas anunciadas por Biden contra a Rússia:
- Limite à capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares, libras, euros e ienes;
- Bloquear as empresas estatais da Rússia dos mercados de dívida;
- Cortar o maior banco da Rússia do sistema financeiro dos EUA;
- Bloquear metade das importações de alta tecnologia da Rússia;
- Congelar ativos da Rússia nos EUA.
A medida foi anunciada após reunião do norte-americano com o G7, que concordou em impor sanções econômicas "devastadoras" contra a Rússia por sua invasão ao país europeu.
O grupo reúne sete das maiores potências econômicas do mundo: Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e EUA.
"Encontrei-me nesta manhã com meus colegas do G7 para discutir o ataque injustificado do presidente Putin à Ucrânia e concordamos em avançar com pacotes devastadores de sanções e outras medidas econômicas para responsabilizar a Rússia", comunicou Biden antes do pronunciamento na Casa Branca, por meio de suas redes sociais.
Questionado se Putin tem planos de executar um ataque nuclear contra a Ucrânia, Biden disse: "Não tenho ideia do que ele está ameaçando. Eu sei o que ele fez até aqui".
Mais cedo, Biden havia autorizado o Pentágono (ministério da Defesa dos EUA) a enviar cerca de 7.000 soldados à Alemanha no âmbito da Aliança Atlântica, a fim de reforçar a defensiva do grupo militar intergovernamental caso a Rússia decida ampliar sua presença a outros países da Europa. Os militares devem chegar nos próximos dias.
Mais cedo, o G7 já havia criticado Putin por atacar a Ucrânia.
"Condenamos o presidente Putin por sua recusa consistente em se envolver em um processo diplomático para tratar de questões relacionadas à segurança europeia, apesar de nossas repetidas ofertas", diz o comunicado emitido pelo G7.
A manifestação de Biden ocorre pouco mais de 12 horas depois de a Rússia decidir atacar a Ucrânia, marcando a mais grave crise militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, e a maior operação do gênero desde que os EUA invadiram o Iraque, em 2003.
A invasão ocorreu por ar, terra e mar, numa série de ataques contra a Ucrânia, uma democracia europeia que abriga 44 milhões de pessoas.
O envio das forças através das fronteiras ao norte, leste e sul da Ucrânia se dão depois de o presidente russo Vladimir Putin ter negado durante meses que invadiria o país vizinho.
Kiev (sede do governo ucraniano) e a Otan classificam as ações como uma invasão total.
A invasão começou após um pronunciamento na TV na madrugada de hoje (horário de Brasília), em que o presidente russo, Vladimir Putin, exigiu que os militares da Ucrânia depusessem suas armas.
O líder da Ucrânia disse que seu país "não abrirá mão de sua liberdade": "A Rússia embarcou no caminho do mal, mas a Ucrânia está se defendendo", tuitou o presidente. A Ucrânia declarou lei marcial e cortou todas as relações diplomáticas com a Rússia.
"Impacto das sanções já está sendo sentido"
Horas depois do pronunciamento de Biden, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, realizou coletiva de imprensa e disse que os efeitos das sanções do presidente dos EUA já podem ser notados na Rússia.
"Em muitos sentidos, o impacto das sanções já está sendo sentido, veja a inflação", afirmou sobre a subida do índice e mercados econômicos incertos com a tensão entre Rússia, Ucrânia, Estados Unidos e países europeus.
Na coletiva, a porta-voz afirmou que Biden não irá enviar soldados americanos para a Ucrânia. "Isso não mudou", disse.
Preço dos combustíveis nos EUA
No início da noite nos EUA, Biden publicou no Twitter que o governo está "usando todas as ferramentas possíveis" para proteger o preço dos combustíveis após o anúncio das sanções.
"Estamos tomando medidas ativas para reduzir os custos - -e as empresas americanas de petróleo e gás não devem explorar este momento para aumentar os preços apenas para elevar os lucros", escreveu.
Outras respostas do Ocidente
A Otan colocou aviões de guerra em alerta, mas a aliança ocidental deixou claro que não há planos de enviar tropas de combate para o território ucraniano. Em vez disso, o grupo ofereceu ao país europeu armas e hospitais de campanha.
Enquanto isso, 5.000 soldados da Otan foram enviados aos Estados bálticos e na Polônia. Outros 4.000 devem ser enviados para a Romênia, Bulgária, Hungria e Eslováquia.
Até aqui, as respostas do Ocidente à Rússia têm se concentrado em medidas contra as finanças da Rússia e alguns indivíduos.
Imediatamente depois que Putin rasgou o acordo de paz de Minsk de 2015 com a Ucrânia, uma série de sanções foram impostas com outras medidas retidas na esperança de que a Rússia não atacasse:
- União Europeia: concordou com sanções que incluem todos os 351 parlamentares que votaram pela "decisão ilegal" da Rússia de reconhecer as regiões controladas pelos rebeldes pró-Kremlin como Estados independentes;
- Estados bálticos: pediram agora a toda a comunidade internacional que desconecte o sistema bancário da Rússia do sistema internacional de pagamentos Swift. Isso poderia impactar as economias dos EUA e da Europa;
- Alemanha: suspendeu a aprovação do gasoduto Nord Stream 2, um grande investimento da Rússia e de empresas europeias;
- Estados Unidos: disseram que cortariam o governo da Rússia das instituições financeiras ocidentais;
- Reino Unido: tem como alvo cinco grandes bancos russos e três bilionários.
O que Putin quer
Nos meses que antecederam a invasão, a Rússia havia apresentado uma série de exigências de "garantias de segurança" do Ocidente, a maioria envolvendo a Otan.
"Para nós, é absolutamente obrigatório garantir que a Ucrânia nunca se torne membro da Otan", disse o vice-chanceler Sergei Ryabkov.
As outras demandas centrais de Putin são que a Otan não implante "armas de ataque perto das fronteiras da Rússia" e que remova forças e infraestrutura militar dos Estados-membros que aderiram à aliança desde 1997.
No ano passado, o presidente Putin escreveu um longo texto descrevendo russos e ucranianos como "uma nação", e descreveu o colapso da União Soviética em dezembro de 1991 como a "desintegração da Rússia histórica".
Ele afirmou que a Ucrânia moderna foi inteiramente criada pela Rússia comunista e agora é um Estado fantoche, controlado pelo Ocidente.
O presidente Putin também argumentou que, se a Ucrânia se juntar à Otan, a aliança pode tentar recapturar a Crimeia.
Mal-estar desde que aliado de Putin foi deposto
O presidente Putin tem acusado frequentemente a Ucrânia de ser tomada por extremistas anti-Kremlin, desde que seu aliado político, o ex-presidente Viktor Yanukovych, foi deposto em 2014 após meses de protestos contra aquele governo.
A Rússia então retaliou tomando a região sul da Crimeia e desencadeando uma rebelião no leste por separatistas apoiados pela Rússia que lutaram contra as forças ucranianas em uma guerra que já custou 14.000 vidas.
No fim de 2021, Putin começou a enviar um grande número de unidades militares russas perto das fronteiras da Ucrânia.
Nesta semana, ele descartou um acordo de paz firmado em 2015 e reconheceu áreas sob controle rebelde como independentes.
A Rússia há muito resiste ao movimento da Ucrânia em direção à União Europeia e à Otan. Ao anunciar a invasão da Rússia, Putin acusou a a aliança de ameaçar "nosso futuro histórico como nação".
Acompanhe a cobertura completa da guerra na Ucrânia no UOL News:
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