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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


O sentimento é de desespero, diz brasileiro neto de ucranianos

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

24/02/2022 13h38

Preocupação e desespero. São as duas palavras que melhor retratam o clima e a sensação dos ucranianos hoje, segundo o presidente da Sociedade Ucraniana do Brasil, Felipe Melnyk Oresten, 33.

Ao UOL, Melnyk, neto de ucranianos, diz que recebe notícias de amigos e conhecidos no país. "Foi um ataque realmente inesperado durante a madrugada. Há um sentimento de desespero, de preocupação, a população está assustada", relata.

Após semanas de tensão, a invasão russa ao país foi autorizada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que chamou a ação de "operação militar especial". O ataque espalhou medo pela população e causou mortes e fuga para outros países da Europa.

"O posicionamento do governo russo de que aconteceriam ataques em uma única localização não se concretizou, esse ataque se espalhou pelo país inteiro. Vai de leste a oeste", diz Felipe Melnyk Oresten, com base nos relatos que recebe do país.

Há registros de explosões em vários pontos do país. Horas depois do ataque da Rússia, moradores relataram explosões em Kiev, capital da Ucrânia; em Kharkiv, a segunda maior cidade do país; em Maripuol, cidade portuária no leste do país; em Odessa, no Mar Negro e em Kramatorsk, cidade que serve de quartel-general para as forças ucranianas.

Mapa Ucrania - Arte/ UOL - Arte/ UOL
Imagem: Arte/ UOL

Vitório Sorotiuk, presidente da Representação Central Ucraniano Brasileira, conversa com funcionários de universidades ucranianas e de instituições parceiras da comunidade no país e diz que o clima de absoluta tensão.

"O povo enfrenta uma guerra desde 2014 no leste da Ucrânia. Um povo cujo território foi palco da 1ª e 2ª Guerra Mundial. Há sentimento de preocupação, Ucrânia está sendo atacada por terra e por ar. Mas eles estão enfrentando e o território será defendido [por parte da população]", afirma Sorotiuk.

Em pronunciamento, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, prometeu distribuir armas aos ucranianos que podem estar à frente do combate contra a Rússia.

Tanques ucranianos entram na cidade de Mariupol após Putin autorizar operação militar na Ucrânia - Carlos Barria/Reuters - Carlos Barria/Reuters
Tanques ucranianos entram na cidade de Mariupol após Putin autorizar operação militar na Ucrânia
Imagem: Carlos Barria/Reuters

Mais cedo, as duas comunidades se reuniram com a embaixada da Ucrânia no Brasil para debater o apoio à população ucraniana e para cobrar repúdio do governo federal brasileiro aos ataques. O Ministério das Relações Exteriores emitiu nota pedindo solução diplomática para o conflito.

"Temos a questão do presidente da República, que não se posicionou a respeito. Estamos cobrando posicionamento contra as invasões de um país", diz Melnyk.

"Estamos pedindo que o governo brasileiro rechace e condene essa agressão, é o mínimo que se pode fazer. E estar disposto a toda ajuda humanitária ao povo ucraniano", pede Sorotiuk.

Para Melnyk, ainda é cedo para falar na vinda de ucranianos ao Brasil fugindo do conflito. "Ainda é muito recente, não sabemos quanto tempo irá durar, mas precisamos, caso dure tanto tempo, que haja uma necessária retirada do povo ucraniano. Serão bem recebidos".

Sorotiuk diz que essa vinda de ucranianos já deve estar acontecendo. "Naturalmente, já deve estar ocorrendo. Toda e qualquer guerra provoca dor, sofrimento, mortes, feridos, destruição econômica".

"A agressão da Rússia à Ucrânia não atinge só o povo ucraniano. A humanidade amanheceu mais triste relembrando algo escrito nos livros e filmes. Pensávamos que a humanidade tivesse superado, mas voltou o pesadelo de uma nova guerra", diz Sorotiuk.

Em solidariedade aos ucranianos, a Representação Central Ucraniano Brasileira convocou manifestações contra os ataques russos em igrejas neste próximo domingo (27) e na Quarta-Feira de Cinzas, no próximo dia 2 de março.