Explosões iluminam céu de Kiev; Rússia entra na 2ª maior cidade da Ucrânia
O quarto dia de confrontos entre a Rússia e a Ucrânia teve início com grandes explosões registradas na cidade de Vasylkiv, a cerca de 40 quilômetros ao sul de Kiev, que iluminaram o céu da capital, após atingir uma refinaria de petróleo. Na manhã deste domingo (horário local), as sirenas voltaram a tocar na capital e há relatos de novas explosões.
Ainda incapaz de ocupar Kiev, as tropas russas conseguiram avanços significativos em outras áreas, ao furarem o bloqueio ucraniano e adentrarem Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, localizada na região nordeste, distante 460 quilômetros de Kiev, e também ao "bloquearem completamente" as cidades de Kherson e Berdyansk, no sul do país. As informações são da agência RIA, que citam o Ministério da Defesa da Rússia.
Segundo o jornal The Kyiv Independent, o governador de Kharkiv, Oleh Sinegubov, alertou a população para os fortes combates que acontecem na região, com intensas trocas de tiros entre russos e ucranianos, e pede aos moradores que se protejam.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram tanques e soldados russos passando pelas ruas de Kharkiv, inclusive um deles aparece em chamas.
Ainda de acordo com o The Kyiv Independent, um comboio de veículos militares russos estão conseguindo adentrar na cidade de Sumy, e as orientações também são para que os civis mantenham-se protegidos, fiquem longe das janelas e não deixem suas residências.
Mais cedo, o vice-presidente da Administração Estatal de Kiev, Mykola Povoroznyk, garantiu que a situação na capital era "de calmaria e de controle", embora ressalte que tenha havido confrontos "com grupos sabotadores".
"A situação em Kiev está calma. A capital está totalmente controlada pelo exército ucraniano. Na parte da noite houve vários confrontos com grupos de sabotadores", disse Povoroznyk, conforme a emissora ucraniana Nexta reportou no Twitter.
Incêndios em Vasylkiv e Kharkiv
Alguns mísseis russos conseguiram atingir a cidade de Vasylkiv, no sudoeste de Kiev, e provocou incêndio em uma refinaria de petróleo. Em vídeos compartilhados no Twitter, é possível ver as chamas que provocaram medo nos moradores daquela área.
Segundo o The Guardian, também há relatos de que um gasoduto pegou fogo em Kharkiv, a cerca de 461 quilômetros de Kiev, após um ataque russo.
Vasylkiv já foi atingida por mísseis; Autoridades orientam moradores a se protegerem
De acordo com a prefeita de Vasylkiv, Natalia Balasynovych, a cidade já havia sofrido com bombardeios de mísseis balísticos russos durante o sábado (26). Um canal verificado do governo ucraniano no Telegram também informou que o depósito em Vasylkiv "estava em chamas".
As autoridades ucranianas pediram para que fiquem em suas casas os cidadãos que estão na capital, em Vasylkiv e arredores. A orientação é para que fechem bem as janelas, pois o vento pode levar fumaça e substâncias nocivas causadas pelo bombardeio e explosão do depósito de petróleo.
"Você sente cheiro de fumaça? Use máscaras molhadas imediatamente, isole as aberturas das janelas e portas com um pano úmido", esclarece um dos textos divulgados pelas autoridades.
"A noite será difícil aqui, assim como em Kiev, mas vamos nos manter firmes e vencer, porque Deus está conosco", disse a prefeita Balasynovych.
Imagens ao vivo da CNN Internacional mostraram o céu de Kiev iluminado por clarões durante vários minutos.
Vasylkiv possui um aeródromo militar com vários tanques de combustível, o que pode ter provocado a forte intensidade dos clarões. De acordo com as autoridades ucranianas a cidade também já havia sido alvo de diversos combates na noite de sexta-feira (25).
Trey Yingst, correspondente internacional da Fox News, publicou uma foto e um vídeo do céu de Kiev durante as explosões.
Gasoduto pega fogo em Kharkiv
Segundo as autoridades ucranianas, o incêndio no gasoduto de Kharkiv "NÃO é um ataque nuclear, embora a explosão seja visualmente semelhante a ele".
Assista ao vídeo das chamas no gasoduto de Kharkiv:
"A filmagem mostra um gasoduto em chamas em Kharkiv após um ataque russo. Vídeo: Serviço de Comunicações Especiais do Estado da Ucrânia", divulgou o Kyiv Independent no Twitter.
Jornalistas se protegem em abrigos
Jornalistas que estão em Kiev relataram na noite de sábado (26) nas redes sociais que ouviram sirenes de guerra sendo disparadas na madrugada de domingo (horário local) e se encaminharam para abrigos. Na ocasião, havia relatos de um possível ataque aéreo da Rússia na região, o que não ocorreu até o momento.
O apresentador Mark Austin, do canal de televisão Sky News, escreveu no Twitter que estava se deslocando para um porão em razão de um aviso de um "sério ataque aéreo".
Sérgio Utsch, correspondente europeu da rede de televisão SBT, afirmou que informações apontam que Kiev pode sofrer "o pior bombardeio desde o início da invasão russa".
"Sirene tocou de novo. Notícias que chegam de fontes oficiais é que Kiev está a ponto de sofrer o pior bombardeio desde o início da invasão russa. Estamos descendo para o abrigo antiaéreo."
Lesia Vasylenko, deputada do Conselho Supremo da Ucrânia, declarou que a expectativa é que Kiev será atingida pela Rússia "com tudo o que eles têm".
Rússia anuncia expansão da ofensiva para todas as direções
O Exército da Rússia recebeu no sábado (26) ordens para expandir sua ofensiva contra a Ucrânia. A decisão acontece, segundo os russos, devido às rejeições de Kiev para negociações, o que os ucranianos negam.
"Hoje, todas as unidades receberam a ordem de ampliar a ofensiva em todas as direções, de acordo com o plano de ataque", declarou o Ministério da Defesa russo, em um comunicado.
O governo de Vladimir Putin pediu, ainda, segundo informações de veículos internacionais, que os ucranianos estimulem a Ucrânia a "remover imediatamente todo o armamento pesado das áreas urbanas".
O governo russo havia dito mais cedo que a Ucrânia se recusou a negociar.
"Ontem, à luz das negociações pendentes com a liderança ucraniana, o presidente da Rússia ordenou a suspensão do avanço do principal grupo de soldados russos na Ucrânia. Mas, como o lado ucraniano se recusou a negociar, a operação militar russa foi retomada hoje [sábado (26)], conforme o plano inicial", disse Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin.
A informação foi negada pela Ucrânia. "A Ucrânia e o presidente [Volodimir] Zelensky são categoricamente contrários a quaisquer condições inaceitáveis ou ultimatos feitos pelo lado russo", disse o chefe de gabinete ucraniano, Mikhail Podolyak, segundo o jornal britânico The Guardian.
Oficial da Otan diz que Rússia avança devagar e aponta 'falta de diesel'
Um oficial militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) afirmou no sábado (26) à CNN Internacional que a Rússia está avançando devagar no território da Ucrânia para dar tempo deles negociarem e também porque as tropas russas estão "tendo problemas".
Segundo o oficial da Otan, entre os problemas para a expansão russa no território ucraniano está a falta de diesel para as tropas lideradas por Putin, de acordo com as informações mais recentes obtidas pela Organização. O funcionário não deu maiores detalhes.
Eles não têm diesel, estão avançando muito devagar e a moral é obviamente um problema.
Oficial militar da Otan à CNN Internacional
Ao ser perguntado se os militares russos devem aumentar suas tropas no território ucraniano, o funcionário, que não teve a identidade divulgada, declarou que isso será necessário caso o país de Putin queira prosseguir com a guerra.
*Com AFP e RFI
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.