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Estudo desvenda misterioso calendário solar do templo de Stonehenge

Ruínas de Stonehenge, em Wiltshire, Inglaterra - Dan Chung/Reuters
Ruínas de Stonehenge, em Wiltshire, Inglaterra Imagem: Dan Chung/Reuters

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/03/2022 13h11Atualizada em 02/03/2022 15h37

Um estudo publicado hoje (2) desvendou o mistério do famoso templo de pedras de Stonehenge, no sul da Inglaterra, e descobriu a maneira como a antiga infraestrutura funcionava como um calendário.

A novidade foi divulgada no periódico científico "Antiquity" por Timothy Darvill, professor de arqueologia da Universidade de Bournemouth, e revisado por pares. De acordo com o pesquisador, as pedras que formam o monumento ajudaram os antigos britânicos a acompanhar os dias, semanas e meses em um ano solar.

O calendário representado pelas colunas de pedra indica um sistema no qual 12 meses de 30 dias cada um envolviam três semanas de 10 dias, explicou o especialista. A multiplicação desses elementos resulta em 360 dias. Além disso, era aplicado também um mês "extra", com mais 5 dias, finalizando então os 365 dias do ano.

"O calendário proposto funciona de uma maneira muito direta. Cada uma das 30 pedras no círculo representa um dia dentro de um mês, ele próprio dividido em três semanas, cada uma com 10 dias. As quatro fora do círculo fornecem marcadores para indicar até um dia bissexto", reforçou Darvill.

No centro do monumento, estão organizados na forma da letra "U" cinco estruturas chamadas de trilitos, que representam duas colunas verticais de pedra com uma viga de pedra deitada em cima. Cada uma delas simboliza os cinco dias do mês "excedente" do calendário.

Contudo, Darvill também argumentou em sua pesquisa que o cálculo também precisava de um certo ajuste para que o calendário fosse assertivo. O ano astronômico não tem a duração de 365 dias exatos, segundo o professor, mas, na verdade, de 365 com o acréscimo de um quarto. Isso explica a razão do mês de fevereiro, no calendário moderno, ter um dia a mais a cada quatro anos, quando ocorre o ano bissexto, que dura 366 dias.

Evidências também apontam que a contagem do ano só deveria ser feita a partir do momento em que o pôr do sol estivesse perfeitamente alinhado com a entrada e a saída do círculo de pedras, algo que acontecia no solstício de inverno.

O calendário solar tropical, com semanas de 10 dias e meses extras, é semelhante ao usado na época no antigo Egito e os pesquisadores dizem que pode ser uma evidência de ligações entre a Grã-Bretanha e outras civilizações.

Para Darvill, o Stonehenge também era um monumento com finalidades religiosas para os antepassados, de modo que os saberes do calendário solar eram considerados elementos sagrados e motivadores de celebrações. "É um lugar onde o tempo das cerimônias e festivais estava conectado ao próprio tecido do universo e aos movimentos celestiais nos céus."

Os arqueólogos acreditam que Stonehenge foi construído de 3.000 a.C. a 2.000 a.C. O banco de terra circular circundante e a vala, que constituem a fase mais antiga do monumento, datam de cerca de 3.100 a.C.