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Australianos dizem ter achado navio do famoso Capitão Cook após 250 anos

Imagem do Navio HMS Endeavour do Capitão James Cook, criada em estudo de especialistas australianos - Reprodução/Australian National Maritime Museum
Imagem do Navio HMS Endeavour do Capitão James Cook, criada em estudo de especialistas australianos Imagem: Reprodução/Australian National Maritime Museum

Mateus Omena

Colaboração para o UOL

03/02/2022 11h55Atualizada em 15/04/2022 00h26

O navio HMS Endeavour do famoso explorador britânico Capitão James Cook foi encontrado na costa de Rhode Island (EUA), segundo afirmam pesquisadores australianos. A embarcação ficou conhecida por ter navegado em uma viagem histórica para a Austrália e Nova Zelândia entre 1768 e 1771.

O último avistamento do Endeavour foi em 1778, durante o período da guerra pela independência dos EUA. Depois, a embarcação desapareceu "misteriosamente".

Os pesquisadores australianos acreditam que os destroços do HMS Endeavour estão em território americano há mais de dois séculos. E também próximo do La Liberté, outro navio afundado na região portuária de Rhode Island. O navio está a cerca de 500 metros da costa, localizado a 14 metros abaixo da superfície.io0p

retrato - Reprodução - Reprodução
Retrato de James Cook
Imagem: Reprodução

"Desde 1999, investigamos vários naufrágios do século 18 em uma área de 2 milhas quadradas onde acreditávamos que o Endeavour afundou", disse Kevin Sumption, diretor do Museu Marítimo Nacional Australiano, em comunicado à imprensa nesta quinta-feira.

"Com base em evidências de arquivo e arqueológicas, estou convencido de que é o Endeavour", acrescentou, chamando o navio de um dos "mais importantes e controversos" da história marítima da Austrália. "O foco agora está no que pode ser feito para protegê-lo e preservá-lo."

Divergências

Por outro lado, uma equipe de pesquisadores dos EUA também envolvida nos esforços para localizar o HMS Endeavor considerou o anúncio precipitado.

Em um comunicado, o diretor executivo do Projeto de Arqueologia Marinha de Rhode Island (RIMAP, na sigla em inglês), DK Abbass, classificou a conduta dos pesquisadores australianos como irresponsável por suposta "quebra de contrato" e acrescentou que as conclusões a respeito do navio do Capitão Cook serão conduzidas por um processo científico adequado e não por emoções ou políticas australianas.

"O que vemos no local do naufrágio em estudo é consistente com o que se pode esperar do Endeavour, mas não há dados indiscutíveis encontrados para provar que se trata mesmo daquele navio icônico. E há muitas perguntas sem resposta que podem anular essa identificação", escreveu Abbass. "Quando o estudo estiver concluído, o RIMAP publicará o relatório legítimo.''

O museu australiano, por sua vez, negou ter violado qualquer acordo de parceria, com um porta-voz dizendo que Abbass tinha "direito à sua própria opinião sobre a grande quantidade de evidências acumuladas".

Relevância histórica

Historiadores estimam que o HMS Endeavour foi afundado pelos britânicos em agosto de 1778 para impedir que uma frota francesa entrasse no porto de Newport para apoiar os americanos na Guerra da Independência.

De 1768 a 1771, o Endeavour navegou pelo Pacífico Sul, com o Capitão James Cook mapeando a costa da Nova Zelândia - onde sua tripulação matou vários maoris - e o leste da Austrália. Mais tarde, ele reivindicou toda a terra para a Grã-Bretanha em 1770.

As viagens de Cook continuaram com a chegada da chamada Primeira Frota, transportando centenas de condenados para estabelecer uma colônia britânica.

Aquelas expedições também envolveram artistas e cientistas que se dedicaram aos registros da cultura local dessas regiões, por meio de coleções de espécimes de flora e fauna, pinturas e ilustrações.

Em fevereiro de 1779, Cook foi morto na região do Havaí durante conflito sangrento com os povos nativos, alguns meses depois que seu navio foi afundado.