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Ucrânia: Proteção aérea da Otan pode levar a guerra mundial, diz professor

Colaboração para o UOL

03/03/2022 18h33

Em entrevista ao UOL News da noite de hoje, o cientista político Vicente Ferraro analisou o oitavo dia de conflito entre os russos e os ucranianos, e explicou os motivos pelos quais a Otan — forças militares ocidentais — não vai criar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia.

Segundo o especialista, essa medida é "improvável" e poderia levar a uma guerra mundial.

"Isso levaria a um atrito direto entre países membros da Otan, ou seja, de potências nucleares, e a Rússia, outra potência militar. Então, essa ação poderia incorrer em uma guerra sem precedentes", argumentou.

Ferraro explicou que o que existe é o envolvimento indireto da Otan no conflito entre os países, como o envio de armas, equipamentos e ajuda humanitária.

"Obviamente isso incomoda a Rússia, mas uma vez que não há um conflito direto, é algo que impede que a escalada de tensões chegue a um nível mundial", explicou.

Conselho Europeu

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, se posicionou contra o pedido da Ucrânia para que haja uma "zona de exclusão aérea" militarizada nos céus contra a ofensiva da Rússia. Ele ressaltou que o país não é membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

"A UE não está em guerra com a Rússia. A realidade é que a Rússia lançou uma guerra selvagem contra a Ucrânia. A Ucrânia não é membro da Otan, e é por isso que devemos ser extremamente cuidadosos e cautelosos. Precisamos fazer tudo o que for possível, mas levando em conta que a Rússia tem armas nucleares e é muito importante evitar uma terceira guerra internacional", disse, em entrevista à CNN.

Michel disse que, embora essa seja uma decisão da Otan e não da União Europeia, é importante que os membros da Otan entendam que seria "um passo longe demais".

"É por isso que estamos tentando advogar em diferentes campos no nível diplomático. Estamos tentando fornecer mais apoio à Ucrânia para ter um cessar-fogo o mais rápido possível e para garantir que possamos negociar o mais rápido possível", completou.

Mais cedo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, voltou a cobrar hoje que países ocidentais criem a zona de exclusão aérea militarizada. Zelensky ainda disse que apenas uma conversa diretamente com Putin será capaz de parar a guerra.