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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Na ONU, Rússia rebate acusações sobre ataque a usina: 'Histeria artificial'

4.mar.22 - Vasily Nebenzya, embaixador da Rússia, durante reunião do Conselho de Segurança da ONU - YouTube/Nações Unidas
4.mar.22 - Vasily Nebenzya, embaixador da Rússia, durante reunião do Conselho de Segurança da ONU Imagem: YouTube/Nações Unidas

Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo*

04/03/2022 15h00Atualizada em 04/03/2022 19h30

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) se reuniu hoje (horário de Brasília), nos EUA, para discutir o incêndio em uma usina na Ucrânia após ataque da Rússia. A embaixadora estadunidense na ONU, Linda Thomas-Greenfield, condenou o que chamou de "incrivelmente imprudente ação russa". O embaixador russo na organização, Vasily Nebenzya, por sua vez, negou que o seu país tenha responsabilidade no episódio e afirmou que o encontro seria uma "histeria artificial".

"Incrivelmente imprudente e perigoso, e ameaçou a segurança dos cidadãos na Rússia, Ucrânia e Europa", afirmou a embaixadora, reforçando que instalações nucleares "não devem fazer parte deste conflito". Nebenzya rebateu as acusações e disse que a reunião da ONU seria "outra tentativa das autoridades de Kiev de gerar histeria artificial sobre o que está acontecendo na Ucrânia, assistidos pelo Ocidente".

Isso é parte de uma campanha sem precedentes de mentira e desinformação contra a Rússia. Vocês estão tentando apresentar a situação de tal forma como se a planta tivesse sido bombardeada e incendiada. essas afirmações são simplesmente falsas
Vasily Nebenzya

Nebenzya questionou o interesse que a Rússia, que "faz tudo para garantir a segurança da usina nuclear", teria ao fazer qualquer tipo de contaminação: "Nós estamos na melhor posição possível e nós somos os mais interessados na manutenção nuclear e geral na Ucrânia. Nós queremos que a segurança seja mantida e garantida. Nós somos vizinhos da Ucrânia. Junto com o povo de Belarus e da Ucrânia vivemos a tragédia de Chernobyl e temos todo o interesse de estabelecer a estabilidade nuclear no território ucraniano."

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Representante da Ucrânia

O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, deu atualizações sobre a situação da usina: apenas uma unidade, a de número 4, funciona normalmente e sem ser atingida. 5 e 6 estão totalmente fora de atividade.

Não foram registradas mudanças de radiação. A refrigeração de combustível nuclear está mantida. Se o processo de refrigeração for atingido pode causar prejuízos radioativas incomparáveis, inclusive para o meio ambiente
Sergiy Kyslytsya

Kyslytsya disse que o representante russo no Conselho de Segurança mentiu: "Satã também era um anjo, que se rebelou contra Deus. Parem de espalhar mentiras". Ele também afirmou que a Rússia deveria ser removida de grupos e conselhos internacionais, "porque não merece estar entre nações civilizadas".

Vídeo de Zelensky

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse hoje, no nono dia de invasão, que o ataque da Rússia contra a usina nuclear de Zaporizhzhia, no sudoeste do país, poderia ter "parado a história da Europa".

Em um vídeo publicado em sua conta no Instagram, Zelensky disse os soldados russos sabiam no que estavam atirando, algo que ele classificou como "um terror nunca visto antes".

"Sobrevivemos à noite que poderia parar a história da Ucrânia e da Europa", afirmou. O presidente ucraniano disse ainda que os militares russos não têm memória sobre a tragédia de Chernobyl, ocorrida em 1986, e fez um apelo para que a população russa denuncie a situação.

Além de aumentar a tensão do conflito, o objetivo da Rússia é controlar a produção energética ucraniana durante a guerra, segundo especialistas ouvidos pelo UOL.

"ONU não tem sido eficaz", diz Brasil

O embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas, Ronaldo Costa Filho, afirmou nesta sexta-feira que o Conselho de Segurança da ONU não tem sido eficaz em promover uma solução para a invasão russa da Ucrânia e, novamente, conclamou por um cessar-fogo imediato no conflito.

"Não podemos ignorar o papel que o Conselho deve desempenhar, mas que não está desempenhando na situação atual. Uma série de reuniões foram realizadas nesta câmara sob a situação na Ucrânia e parece que não importa quantas reuniões convoquemos, um cessar-fogo e um fim de todas as hostilidades ainda permanece uma solução evasiva", disse.

"Isso não é um paradoxo, ao contrário, é uma falha do Conselho de agir de uma forma construtiva em endereçar esse tópico", reforçou ele.

O representante brasileiro no colegiado afirmou que o país exige que todos os membros sejam ativos e busquem uma solução para o conflito entre os dois países.

Três mortos e dois feridos

O fogo na usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, foi extinto às 6h20 (horário local), informou o Serviço de Estado da Ucrânia para Emergência. As chamas ocuparam o terceiro, quarto e quinto andar de um prédio, localizado na parte de fora do complexo de reatores.

Três militares da Ucrânia foram mortos e dois ficaram feridos durante o ataque aéreo, informou o diretor da IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica, em português), Rafael Grossi, na manhã de hoje. Nenhum dos reatores foi atingido e não houve liberação de material radioativo.

*Com AFP e Reuters