A invasão da Rússia à Ucrânia fez perfis de moradores ucranianos no TikTok ganharem uma nova finalidade. As dancinhas engraçadas deram espaço a vídeos com cenas da guerra — em andamento há dez dias no país.
O próprio presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, além de usar a rede, incluiu os tiktokers em um apelo para para que a população registrasse e publicasse nas redes sociais o que está acontecendo no país.
Ucranianos deixam Kiev às pressas com aproximação de soldados russos
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Multidão se reúne na principal estação de trem enquanto tentam fugir de Kiev, na Ucrânia, na sexta-feira
Zurab Kurtsikideze/EFE 2 / 10
Oleg, que decidiu ficar na cidade de Irpín, passa seu filho Maksim por cima de uma cerca e o entrega para sua esposa Ana, antes da chegada de um trem de evacuação na cidade de Kiev, esta sexta-feira na estação ferroviária de Irpin, na Ucrânia
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Membros da Cruz Vermelha ajudam uma mulher enquanto ela reage depois que um trem de evacuação partiu para a cidade de Kiev, na estação ferroviária de Irpin, Ucrânia, 04 de março de 2022.
Romain Pilipey/EFE/EPA 4 / 10
Ucranianos das cidades da linha de frente de Bucha e Irpin esperam por um trem de evacuação para a cidade de Kiev, na estação ferroviária de Irpin, Ucrânia, 04 de março de 2022.
Roman Pilipey/EFE/EPA 5 / 10
Oleg que tem que ficar na cidade de Irpin abraça seu filho Maksim e sua esposa Yana enquanto ouvem o som de luta, enquanto esperam por um trem de evacuação para a cidade de Kiev, na estação ferroviária de Irpin, Ucrânia , 04 de março de 2022.
Roman Pilipey/EFE/EPA 6 / 10
Ucranianos das cidades da linha de frente de Bucha e Irpin embarcam em um trem de evacuação para a cidade de Kiev, na estação ferroviária de Irpin, Ucrânia, 04 de março de 2022.
Roman Pilipey/EFE/EPA 7 / 10
Uma menina sinaliza para seu pai de um trem em Kiev na sexta-feira
Zurab Kurtsikidze/EFE 8 / 10
Ucranianos das cidades da linha de frente de Bucha e Irpin esperam por um trem de evacuação para a cidade de Kiev, na estação ferroviária de Irpin, Ucrânia, 04 de março de 2022.
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Ucranianos das cidades da linha de frente de Bucha e Irpin reagem ao ouvir o som dos combates, enquanto esperam por um trem de evacuação para a cidade de Kiev, na estação ferroviária de Irpin, Ucrânia, 04 de março de 2022.
Roman Pilipey/EFE/EPA 10 / 10
Uma mulher senta-se dentro do trem de evacuação que vai para a cidade de Kiev, organizado principalmente para mulheres e crianças que fogem das cidades da linha de frente Bucha e Irpin, na estação ferroviária de Irpin, região de Kiev, Ucrânia, 04 de março de 2022.
Roman Pilipey/EFE/EPA
'Academia é ir ao abrigo'
Com 60,4 mil seguidores, Alina Volik parou de postar vídeos de suas viagens para mostrar sua rotina durante o conflito. Nas postagens, ela escreve em inglês. "Eu mostro a verdade sobre a Ucrânia nos meus stories."
Em uma das postagens, aparece deitada numa cama, mas subitamente é acordada por uma sirene. "Som de bom dia na Ucrânia", diz, acrescentando que escutou o barulho quatro vezes num mesmo dia.
Em outro vídeo, ela conta o que mudou na sua vida desde a invasão. "Nossa academia: ir até o abrigo e voltar para casa. Nosso entretenimento nesses dias é ir até o mercado ou à farmácia. Notícias ao invés de filmes", conta a jovem que, em uma das cenas, mostra prateleiras do supermercado com escassez de produtos.
Alina revela ainda ter deixado preparada uma mochila de emergência, colocada ao lado da cama, com documentos, dinheiro e kit de primeiros socorros. "Nossas janelas são seladas, então estilhaços não vão se espalhar. Você dorme vestida porque o alarme pode soar de repente. Seus amigos mandam vídeos dos abrigos."
Já Marta Vasyuta, que tem 193,8 mil seguidores, passou a repostar vídeos que circulam na internet. A maior parte deles mostra locais destruídos pelos ataques aéreos. Não é possível saber se ela permanece no país ou se está em outro lugar, e nem se algum dos vídeos são, de fato, dela.
Enquanto Anna Prytula deixou de compartilhar imagens de itens de luxo para mostrar cenas de guerra. Diferente das outras duas, há apenas três vídeos sobre os flagrantes do conflito e só um deles em inglês, no qual escreveu: "Não à guerra". Ela tem 41,9 mil seguidores.
Uso do TikTok é influenciado até por perfil do presidente
O uso do TikTok para retratar as cenas da guerra pode ser explicado pela utilização expressiva da plataforma em países com alfabeto cirílico, como é o caso da Ucrânia e Rússia, explica a professora de jornalismo na UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e pesquisadora na área de redes sociais, Raquel Recuero.
"O TikTok é bastante usado também na Rússia e tem toda essa pegada, que fala mais pela emoção, mostra dança, mostra arte, brincadeira. É um pouco diferente de outras plataformas e é muito usado pelos jovens. Mas tem um nicho específico (de público) porque a maior parte das pessoas não fala inglês, tem essa barreira linguística muito importante."
Já o professor de jornalismo na USP (Universidade de São Paulo) Eugenio Bucci entende que a própria atuação do presidente da Ucrânia nas redes sociais influencia o uso massivo de usuários da plataforma para retratar a guerra.
"O presidente da Ucrânia é uma celebridade nas redes sociais. É um ator e ao mesmo tempo surpreende com uma liderança, que é, em grande medida, uma liderança exercida nas redes sociais, mas no sentido da defesa da paz. É algo novo. O que a gente está vendo na Ucrânia é um roteiro que a gente não tinha um rascunho. Por isso, é preciso muito cuidado para não fazer generalizações em relação a muitos atos desse teatro de guerra."
Cidades ao redor do mundo têm protestos contra ataques da Rússia à Ucrânia
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No domingo (27), região em frente ao Portão de Bradenburgo, em Berlim, foi tomada por manifestantes pela paz
Odd Andersen/AFP 2 / 38
"Tire as mãos da Ucrânia", pede cartaz fotografado em protesto contra a guerra em Berlim, na Alemanha
Michele Tantussi/Reuters 3 / 38
Manifestantes em Berlim também levam cartazes e exibem símbolos com as cores da bandeira da Ucrânia
Christian Mang/Reuters 4 / 38
Ucranianos e apoiadores protestaram contra a invasão da Rússia em frente ao Parlamento da Grécia, em Atenas
Louisa Gouliamaki/AFP 5 / 38
Na Praça Saint Michel, em Paris (França), cartazes escritos em francês pediam: "Parem a guerra"
Geoffroy van der Hasselt/AFP 6 / 38
Homem pisa em um cartaz que diz "Putin, criminoso de guerra" durante um protesto anti-guerra em Toronto
Chris Helgren/Reuters 7 / 38
No domingo (27), italianos também foram às ruas em Roma; cartaz em protesto chama Putin de "assassino"
Remo Casilli/Reuters 8 / 38
Retrato de Putin é manchado com tinta vermelha durante protesto do lado de fora da Embaixada da Rússia, em Bucareste, na Romênia
Inquam Photos/Reuters 9 / 38
Manifestantes pintaram de vermelho placa da Embaixada da Rússia, em Bucareste, na Romênia
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Em Tóquio, no Japão, protesto contra a guerra compara o presidente russo Vladimir Putin a Adolf Hitler
Charly Triballeau/AFP 11 / 38
Uma mulher segura cartaz em apoio à Ucrânia em protesto na Rothschild Boulevard, em Tel Aviv, Israel
Ronen Zvulun/AFP 12 / 38
Cartaz visto em protesto em Frankfurt, na Alemanha, pede que "parem [Vladimir] Putin, parem a guerra"
Yann Schreiber/AFP 13 / 38
Carregando bandeiras da Ucrânia, manifestantes se reúnem em Istambul, na Turquia, ainda no sábado (26)
Ozan Koze/AFP 14 / 38
Em Bordeaux, na Franca, manifestantes seguram cartazes e bandeiras ucranianas durante ato contra guerra
Philippe Lopez/AFP 15 / 38
Uma das principais avenidas de Tel Aviv, a Rothschild Boulevard foi tomada por manifestantes pró-Ucrânia
Ronen Zvulun/AFP 16 / 38
Em Madri, na Espanha, até crianças participaram de manifestações contra a guerra entre Rússia e Ucrânia
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Também em Madri, manifestantes foram às ruas carregando uma faixa com as cores da bandeira ucraniana
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Na sexta (25), manifestantes protestaram contra invasão da Ucrânia pela Rússia em Buenos Aires, na Argentina
Mariana Nedelcu/Reuters 19 / 38
Em Buenos Aires, crianças também participaram levando sinalizadores nas cores da bandeira da Ucrânia
Mariana Nedelcu/Reuters 20 / 38
Membros da Associação Ucraniana da África do Sul também se manifestaram contra guerra, na Cidade do Cabo
Shelley Christians/Reuters 21 / 38
No Brasil, cidadãos e descendentes participam de ato em frente ao Memorial Ucraniano, em Curitiba
Stringer/Reuters 22 / 38
"Parem a guerra", pede um cartaz exibido durante ato contra os ataques russos em Lima, no Peru
Sebastian Castañeda/Reuters 23 / 38
Em Londres, população também foi às ruas para protestas contra a guerra entre Rússia e Ucrânia
Henry Nicholls/Reuters 24 / 38
Manifestante distribui cartazes em protesto contra a invasão da Ucrânia pela Rússia em Madri, na Espanha
Jon Nazca/Reuters 25 / 38
Já no sábado (26), houve manifestações em Nova Délhi, na Índia: "Abaixo o imperialismo de EUA e Rússia"
Anushree Fadnavis/Reuters 26 / 38
Crianças ucranianas participam de protesto em Tóquio, no Japão, contra a invasão da Rússia
Kim Kyung-Hoon/Reuters 27 / 38
Ainda na sexta (25), na cidade do México, manifestantes demonstraram apoio à Ucrânia na guerra
Luis Cortes/Reuters 28 / 38
"Por favor, salvem os estudantes no leste da Ucrânia", pede uma manifestante em Nova Délhi, na Índia
Anushree Fadnavis/Reuters 29 / 38
Em Nova Délhi, na Índia, manifestantes também protestam contra a guerra entre Rússia e Ucrânia
Anushree Fadnavis/Reuters 30 / 38
"Bielorrussos são contra a guerra", diz cartaz visto em protesto em Tóquio, no Japão
Kim Kyung-Hoon/Reuters 31 / 38
Em Munique, na Alemanha, manifestantes também protestaram contra a guerra na Ucrânia
Lukas Barth/Reuters 32 / 38
Em ato, alemã carrega cartaz com os dizeres: "Paz para Ucrânia. Exército russo, vá para casa"
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"Pare o terror do Putin", pede um cartaz em Istambul, fazendo referência ao presidente da Rússia
Ozan Koze/AFP 34 / 38
Ucraniana que mora na Turquia chora em meio a protesto contra a guerra em Ankara, capital turca
Cagla Gurdogan/Reuters 35 / 38
Em Genebra, na Suíça, manifestante leva cartaz com dizeres em francês: "Sou russo, sou contra a guerra"
Pierre Albouy/Reuters 36 / 38
"Neutralidade mata. Apoie a Ucrânia", diz outro cartaz visto em ato ocorrido em Berna, também na Suíça
Arnd Wiegmann/Reuters 37 / 38
Já em frente à embaixada da Rússia em Israel, em Tel Aviv, manifestantes levaram uma bandeira da Ucrânia
Jack Guez/AFP 38 / 38
Cartaz visto em ato em Madri compara presidente russo a Adolf Hitler e pede: "Mande Putin para o inferno"
Gabriel Bouys/AFP A TV e a Guerra do Vietnã
Bucci relembra que na Guerra do Vietnã a televisão —novidade na época— fez com que a "população despertasse para a ausência de sentido humano" do conflito.
"A televisão no tempo da Guerra do Vietnã era veículo do mercado de consumo. E foi a televisão que começou a carregar imagens mais poderosas para alertar os Estados Unidos sobre os horrores da guerra. Se não tivesse chegado a televisão, não mostraria o que estava acontecendo. Na Ucrânia, o TikTok não é um pilar da democracia, mas indica um canal de reação"
Risco é divulgação de notícias falsas
No caso da Ucrânia, a professora da UFPel chama a atenção para uma possível "guerra informativa" devido à publicação de conteúdos verídicos ao lado de outros falsos —ou descontextualizados. "Não sei até que ponto vai trazer informação ou vai confundir."
Para Recuero, as postagens de cenas da guerra na Ucrânia no TiktTok podem representar uma mudança no que é produzido para a plataforma.
"Acho que essas ferramentas são importantes modos de comunicação. Talvez tenha aí uma mudança, do TikTok não ser mais tão focado no entretenimento e de entrar no hard news, em notícias. Já tinha antes, mas talvez com a guerra tenha chamado a atenção porque as pessoas locais narram o que está acontecendo."
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