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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Agência nuclear diz que risco é baixo, após Ucrânia alertar sobre Chernobyl

Do UOL, em São Paulo

09/03/2022 09h45Atualizada em 09/03/2022 12h32

A companhia Energoatom, que opera as quatro usinas nucleares da Ucrânia, informou hoje que a estação de Chernobyl está sem energia elétrica, em meio ao conflito com a Rússia. Segundo a estatal, a falha no fornecimento pode fazer com que o combustível nuclear estocado no local aqueça e emita radiação pela Europa. A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) reagiu ao alerta e minimizou o risco sobre a segurança.

No comunicado, a Energatom que a linha de transmissão de energia entre Chernobyl e a capital Kiev foi danificada pelos ocupantes russos. O combustível armazenado no local precisa de resfriamento contínuo, e caso a temperatura aumente, pode liberar substâncias radioativas. "O vento pode levar essa nuvem radioativa a outras regiões da Ucrânia, Belarus, Rússia e Europa", diz a nota.

Para a AIEA, a falta de luz na região não tem grande impacto e que há insumos suficientes nas instalações para resfriar o material mesmo sem energia elétrica. "A carga térmica da piscina do depósito de combustível usado e o volume de água de resfriamento são suficientes para garantir uma saída eficaz do calor sem eletricidade", publicou a entidade nas redes sociais.

A estatal ucraniana disse ainda que os sistemas de ventilação e extinção de incêndio não estão funcionando, o que pode fazer com que os funcionários recebam uma dose perigosa de radiação e um incêndio se propague rapidamente se houver um bombardeio no local.

De acordo com a empresa, é impossível fazer os reparos necessários para restabelecer a eletricidade, já que há combate na região.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Funcionários estão trabalhando ininterruptamente

Segundo a ONU, os trabalhadores da usina de Chernobyl estão trabalhando ininterruptamente desde o início do conflito, que chegou hoje ao 14º dia. O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, condenou a situação.

"Estou profundamente preocupado sobre a situação difícil e estressante dos trabalhadores da usina nuclear de Chernobyl, e o risco que isso carrega. Eu peço que as forças no controle do local facilitem a rotação segura dos funcionários", disse.

A usina de Chernobyl foi onde ocorreu o maior acidente nuclear da história, em 1986. Um dos reatores da usina explodiu e causou a morte imediata de 30 pessoas. Quase 340 mil pessoas que moravam num raio de 30 quilômetros da usina precisaram ser evacuadas, e altos níveis de radiação foram registrados na Polônia, Áustria, Suécia e Bielorrússia.

Desde 2015, os reatores estão na fase de descomissionamento, quando só cientistas continuam trabalhando para observar a situação da radiação. "A descontaminação de Chernobyl envolveu uma massa de 1,5 milhão de pessoas, teve um custo altíssimo e acabou em 2017. O espaço foi lacrado, virou uma espécie de sarcófago e na sequência se transformou em um roteiro turístico", explica Leonardo Trevisan, professor de geoeconomia internacional da ESPM.

  • Veja as últimas notícias sobre a guerra na Ucrânia e mais informações do dia no UOL News com Fabíola Cidral:

*Com AFP