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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Jornalista americano é morto na região de Kiev, diz polícia local

Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo

13/03/2022 10h16Atualizada em 13/03/2022 16h18

O premiado jornalista americano Brent Renaud foi morto hoje em Irpin, na região de Kiev, capital da Ucrânia, segundo a polícia local. O anúncio da morte foi feito pelo chefe de polícia de Kiev, Andriy Nebytov, que publicou uma imagem de Renaud e o crachá dele como membro do New York Times. O jornal lamentou o ocorrido, mas disse que o crachá é antigo e que Renaud não estava trabalhando para o veículo na cobertura do conflito.

Brent, 50 anos, era um jornalista experiente na cobertura de conflitos armados. Realizou diversos trabalhos premiados com o irmão, Craig, sendo conhecidos como "Irmãos Renaud". Cobriram as guerras no Iraque e no Afeganistão, o terremoto no Haiti, a primavera árabe no Egito e violência de cartéis de drogas no México.

Outro profissional de imprensa também ficou ferido hoje na Ucrânia e foi levado para um hospital de Kiev, segundo informações iniciais. Um vídeo publicado no Twitter mostra um depoimento do fotógrafo Juan Arredondo recebendo atendimento médico. Ele diz que estava com Brend na hora do ataque, registrando a evacuação de refugiados. Hoje, a invasão da Rússia ao território ucraniano chegou ao 18º dia.

jornalista - Reprodução - Reprodução
13.mar.2022 - Jornalista ferido que estava com Brent Renaud recebe atendimento em Kiev, na Ucrânia
Imagem: Reprodução

"Vi ele ser atingido"

Em vídeo publicado no Twitter, o fotógrafo americano Juan Arredondo relatou que estava com Brent Renaud no momento em que foram atacados.

Enquanto recebia atendimento médico em um hospital, Arredondo informou que ele e Brent estavam dentro de um carro, atravessando uma ponte para filmar refugiados deixando a cidade de Kiev. Quando ultrapassaram um ponto de controle militar, o carro começou a ser alvo de tiros. O motorista deu a volta para retornar, mas o veículo continuou na mira dos disparos.

"Eu vi ele (Brent) ser atingido no pescoço", disse, apontando para o lado direito de seu próprio pescoço. Arredondo falou ainda que viu o colega sendo "deixado para trás" enquanto ele próprio era conduzido ao hospital por uma ambulância. "Eu não sei (como ele está)", disse.

Jornal lamenta ocorrido

Em nota, o New York Times relembrou que Brent era um talentoso fotógrafo que contribuiu com o jornal nos últimos anos. O comunicado foi publicado por Cliff Levy, editor-chefe do jornal, em seu perfil no Twitter.

13.mar.2022 - Crachá usado pelo jornalista Brent Renaud no momento em que foi morto - Reprodução/Facebook/Andriy Nebytov - Reprodução/Facebook/Andriy Nebytov
13.mar.2022 - Crachá usado pelo jornalista Brent Renaud no momento em que foi morto
Imagem: Reprodução/Facebook/Andriy Nebytov

O jornal disse que, "apesar de contribuir com o New York Times no passado —mais recentemente em 2015—, ele não estava pautado para fazer a cobertura para nenhuma editoria do New York Times na Ucrânia".

"Relatos feitos mais cedo de que ele [Brent] trabalhava para o New York Times circularam porque estava usando um crachá de imprensa que foi emitido para ele para uma cobertura muitos anos atrás", continua o comunicado.

Reação de autoridades

Não se sabe que lado do conflito foi responsável pela morte do jornalista americano. Ainda assim, autoridades americanas e ucranianas atribuíram o caso às forças russas.

Assessor de segurança do governo americano, Jake Sullivan disse à CNN Internacional que a morte de um jornalista americano "choca e aterroriza".

"E é mais um exemplo do terror de Vladimir Putin [presidente da Rússia], que tem atacado escolas, mesquitas, hospitais, e jornalistas. Por isso, que nós estamos trabalhando tanto para impor consequências severas sobre ele [Putin] e ajudar os ucranianos com todo o auxílio militar que nós conseguimos reunir para também fortalecer as forças em campo", declarou Sullivan.

Em texto nas redes sociais, o chefe de polícia ucraniano Nebytov disse que as forças russas matam "até jornalistas da mídia internacional que tentam mostrar a verdade sobre a invasão das tropas russas na Ucrânia". "Um correspondente mundialmente reconhecido foi baleado em Irpin hoje."

Nebytov afirmou ainda entender que a profissão de jornalista tem riscos, "mas o cidadão americano Brent Renaud pagou a vida por tentar destacar a crueldade do agressor".

Mykhailo Podolyak, assessor da Presidência da Ucrânia, pediu uma ação dos Estados Unidos após a morte do jornalista. "Só resta uma pergunta: por quanto tempo os EUA vão ignorar a guerra, o assassinato de seus cidadãos e não fechar espaço aéreo [da Ucrânia]?", escreveu em sua página no Twitter.