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Revista Time diz que jornalista morto cobria crise de refugiados na Ucrânia

Brent Renaud na 74ª Cerimônia Anual de Prêmios Peabody no Cipriani Wall Street, em Nova York, em 31 de março de 2015 - Mike Coppola/AFP
Brent Renaud na 74ª Cerimônia Anual de Prêmios Peabody no Cipriani Wall Street, em Nova York, em 31 de março de 2015 Imagem: Mike Coppola/AFP

Do UOL, em São Paulo

13/03/2022 18h05Atualizada em 13/03/2022 21h31

A revista Time disse, neste domingo (13), que o jornalista norte-americano Brent Renaud, que foi morto em Irpin, na região de Kiev, capital da Ucrânia, cobria a crise de refugiados no país em meio à guerra com a Rússia.

"Nas últimas semanas, Brent esteve na região trabalhando em um projeto da Time Studios focado na crise global de refugiados. Nossos corações estão com todos os entes queridos de Brent. É essencial que os jornalistas possam cobrir com segurança esta invasão e crise humanitária na Ucrânia", informou comunicado atribuído ao editor-chefe e CEO da Time, Edward Felsenthal, e ao presidente e COO da Time e Time Studios, Ian Orefice.

O anúncio da morte de Renaud foi feito pelo chefe de polícia de Kiev, Andriy Nebytov, que divulgou uma imagem do profissional e o crachá dele como membro do New York Times. O jornal lamentou o ocorrido, mas disse que o crachá é antigo e que Renaud não estava trabalhando para o veículo na cobertura do conflito.

"Estamos devastados com a perda de Brent Renaud. Como cineasta e jornalista premiado, Brent abordou as histórias mais difíceis do mundo, muitas vezes ao lado de seu irmão Craig Renaud", acrescentou o comunicado da Time.

 NYT lamenta morte de Brent Renaud, ex-colaborador do jornal  -  O Antagonista  -  O Antagonista
NYT lamenta morte de Brent Renaud, ex-colaborador do jornal
Imagem: O Antagonista

Fotógrafo relata ataque que matou Renaud

Bren tinha 50 anos e era um jornalista experiente na cobertura de conflitos armados. Ele realizou diversos trabalhos premiados com o irmão, Craig, sendo conhecidos como Irmãos Renaud.

Os dois cobriram as guerras no Iraque e no Afeganistão, o terremoto no Haiti, a Primavera Árabe, no Egito, e a violência de cartéis de drogas no México.

Em vídeo publicado no Twitter, o fotógrafo norte-americano Juan Arredondo relatou que estava com Brent Renaud no momento em que ambos foram atacados.

Enquanto recebia atendimento médico em um hospital, Arredondo informou que ele e Brent estavam dentro de um carro, atravessando uma ponte para filmar refugiados deixando a cidade de Kiev.

Quando ultrapassaram um ponto de controle militar, o carro começou a ser alvo de tiros. Ele disse que o motorista deu a volta para retornar, mas o veículo continuou na mira dos disparos.

"Eu vi ele [Brent] ser atingido no pescoço", disse, apontando para o lado direito de seu próprio pescoço. Arredondo falou ainda que viu o colega sendo "deixado para trás", enquanto ele próprio era conduzido ao hospital por uma ambulância. "Eu não sei [como ele está]", disse.

Reação de autoridades

Não se sabe que lado do conflito foi responsável pela morte do jornalista. Ainda assim, autoridades norte-americanas e ucranianas atribuíram o caso às forças russas.

Assessor de segurança do governo dos EUA, Jake Sullivan disse à CNN Internacional que a morte de um jornalista norte-americano "choca e aterroriza".

"E é mais um exemplo do terror de Vladimir Putin [presidente da Rússia], que tem atacado escolas, mesquitas, hospitais, e jornalistas. Por isso, que nós estamos trabalhando tanto para impor consequências severas sobre ele [Putin] e ajudar os ucranianos com todo o auxílio militar que nós conseguimos reunir para também fortalecer as forças em campo", declarou Sullivan.

Em texto nas redes sociais, o chefe de polícia ucraniano Nebytov disse que as forças russas matam "até jornalistas da mídia internacional que tentam mostrar a verdade sobre a invasão das tropas russas na Ucrânia". "Um correspondente mundialmente reconhecido foi baleado em Irpin hoje."

Nebytov afirmou ainda entender que a profissão de jornalista tem riscos, "mas o cidadão americano Brent Renaud pagou a vida por tentar destacar a crueldade do agressor".

Mykhailo Podolyak, assessor da Presidência da Ucrânia, pediu uma ação dos Estados Unidos após a morte do jornalista.

"Só resta uma pergunta: por quanto tempo os EUA vão ignorar a guerra, o assassinato de seus cidadãos e não fechar espaço aéreo [da Ucrânia]?", escreveu em sua página no Twitter.