Brasileiros filmam confronto na Ucrânia: 'se juntem a nós, seus covardes'
Combatentes brasileiros que afirmam integrar uma tropa de elite ligada à Legião Internacional de Defesa da Ucrânia postaram nesta sexta-feira (18) em perfis no Instagram imagens do que dizem ser um confronto em área de mata.
Segundo eles, a ação ocorreu em uma "pequena vila de Kiev", capital ucraniana, e se arrastou por mais de 20 horas. Em uma série de vídeos, é possível ouvir o som de tiros, bombas e rajadas, enquanto as imagens mostram o grupo se posicionando atrás de árvores e na grama. Em um dos registros, que foi deletado, um deles diz: "se juntem a nós, seus covardes", em resposta a críticas de internautas.
O grupo vem registrando as suas atividades nas redes sociais em meio à guerra contra as tropas russas. No último sábado (12), mostraram imagens do que seria a chegada da unidade a Kiev.
No dia seguinte, domingo (12), um ataque aéreo destruiu parte da base militar na região de Lviv, deixando ao menos 35 mortos, segundo o governo ucraniano —os russos falam em "180 mercenários estrangeiros mortos". André Hack, um dos brasileiros do grupo, disse ao UOL que estava na unidade apenas horas antes do bombardeio. "Perdi amigos lá".
- Veja últimas informações sobre guerra na Ucrânia e notícias do dia no UOL News com Fabíola Cidral:
Brasileiros respondem 'críticos do Instagram'
No vídeo desta sexta-feira, em meio aos tiros, é possível ouvir uma orientação "Espera o blindado passar", diz o pernambucano Leanderson Paulino, ex-militar do exército brasileiro, que aparece nas imagens.
Na legenda de fotos e vídeos, os combatentes citaram "um tanque russo, blindados destruídos e muitos abatidos", em referência aos militares rivais. Em outras imagens, registraram um grupo de cerca de dez militares caminhando em área de mata.
Em outro vídeo, que parece ser do alojamento, com soldados fardados e armamentos, os brasileiros respondem a críticas em relação à exibição de imagens do confronto.
"Quem fica aí criticando o nosso Instagram, dizendo que a gente não tá fazendo nada... Se juntem a nós, seus covardes", critica um deles. "Eu pago a passagem", responde outro, em tom de ironia. Em seguida, o registro também foi deletado.
Críticas à exposição em redes sociais
Especialistas têm relacionado o ataque à base militar ucraniana de Lviv justamente à divulgação em redes sociais de combatentes com imagens do conflito, que estariam sendo rastreadas por espiões russos para descobrir a localização das tropas.
"As redes sociais podem estar sendo exploradas pelos russos para encontrar os alvos. O ataque à base militar ucraniana foi de extrema precisão", observa o geógrafo Tito Lívio Barcellos Pereira, que participa de grupos de estudo sobre a atuação das forças armadas no mundo.
Os militares brasileiros negam relação entre os episódios e afirmam que um espião russo foi capturado na base militar dias antes do atentado.
O instrutor de tiro paranaense Tiago Rossi, que também diz ter passado pela base militar ucraniana bombardeada em Lviv, postou um vídeo após o ataque quando, segundo ele, já estava na Polônia. Rossi afirma que avisou seu superior hierárquico de que deixaria a unidade após a sirene disparar, pouco antes dos mísseis atingirem o local. "Não imaginava o que era guerra", disse na ocasião.
Rossi, contudo, negou ter fugido da zona de confronto. Em entrevista ao UOL, disse ter voltado à Ucrânia para atuar no combate e no resgate aos refugiados, mas não informou em qual região estava por "questões de segurança". Também não respondeu se ainda estava vinculado à legião ou se estaria agindo por conta própria.
Quem são os brasileiros na Ucrânia
Em resposta ao UOL, o exército brasileiro confirmou que os combatentes Leanderson Paulino e André Kirvaitis, colegas de pelotão, atuaram pelas forças armadas.
Paulino chegou a trabalhar por três anos como bombeiro em Lisboa, Portugal. Já Kirvaitis integrou a legião estrangeira francesa, unidade por onde também passou André Hack. Tiago Rossi é instrutor de tiro no Paraná. Em seus perfis nas redes sociais, os brasileiros manifestaram apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2018.
Rossi, o mais atuante politicamente nas redes sociais entre os combatentes brasileiros, fez convocação para um ato golpista de apoio à intervenção militar no Brasil e contrária ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ele também já escreveu mensagem negacionista em relação à pandemia e postagem de cunho homofóbico.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.