Zelensky fala em 'Terceira Guerra Mundial' se negociação com Rússia falhar
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou neste domingo sobre a possibilidade de uma "Terceira Guerra Mundial" se as negociações com a Rússia falharem.
Em entrevista à CNN norte-americana, Zelensky disse que as conversas com o presidente russo, Vladimir Putin, são indispensáveis para o fim do conflito.
"Estávamos perdendo pessoas diariamente, pessoas inocentes no chão. As forças russas vieram para nos exterminar, para nos matar", disse Zelensky.
"Infelizmente, nossa dignidade não vai preservar as vidas, então acho que temos que fazer qualquer formato, qualquer chance, então para ter a possibilidade de conversar com Putin. Mas se essas tentativas falharem, isso significaria uma Terceira Guerra Mundial", acrescentou Zelensky.
Questionado se a Ucrânia está disposta a fazer acordos para acabar com a invasão russa, incluindo não ingressar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como Putin exigiu, o ucraniano disse que considera a situação irreversível.
"Você não pode exigir da Ucrânia que reconheça alguns territórios como destinados a conflitos, e esses compromissos são simplesmente errados", acrescentou Zelensky.
Partidos banidos
A declaração sobre possível Terceira Guerra Mundial ocorre no mesmo dia que Zelensky anunciou que instruiu seu governo a suspender a atividade de 11 partidos políticos de esquerda pelo que ele descreveu como "laços" com o governo russo.
Em discurso publicado no domingo em sua página no Telegram, Zelensky afirmou que o Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia decidiu suspender a atividade dos partidos sob a lei marcial.
"Dada a guerra em grande escala travada pela Federação Russa e os laços de algumas estruturas políticas com esse Estado, qualquer atividade de vários partidos políticos durante a lei marcial está suspensa", disse ele.
As organizações são conhecidas por compartilhar algumas posições com Moscou ou ter plataformas de inclinação russa.
Turquia diz que negociação está próxima
Rússia e Ucrânia "quase chegaram a um acordo" em quatro pontos críticos de um possível acordo de paz, disse hoje o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, enquanto combates ferozes continuam devastando a cidade portuária de Mariupol.
Cavusoglu disse ao jornal pró-governo Hurriyet, da Turquia, que havia um crescente "convergência" entre Moscou e Kiev após intensa diplomacia na semana passada.
"Em assuntos importantes, assuntos críticos, há uma convergência entre os dois lados", disse Cavusoglu. "Especialmente nos primeiros quatro pontos, vemos que eles quase chegaram a um acordo."
A Turquia, que está mediando as negociações ao lado de Israel, disse que a Ucrânia e a Rússia fizeram progressos significativos em Kiev, declarando neutralidade e abandonando sua tentativa de adesão à Otan, "desmilitarizando" a Ucrânia em troca de garantias coletivas de segurança, o que a Rússia chama de "desnazificação", e levantamento das restrições ao uso do russo na Ucrânia.
Um possível acordo exigiria que a Rússia anunciasse um cessar-fogo e retirasse suas tropas do território ucraniano para as posições em que estavam. quando o presidente russo Vladimir Putin lançou a invasão em 24 de fevereiro.
Sem comitiva presidencial até acordo
O texto de um tratado de paz entre Rússia e Ucrânia deve ser aprovado antes que se considere a possibilidade de encontro entre Putin e Zelensky, disse ontem o assessor presidencial russo Vladimir Medinsky, que chefia a delegação russa para as negociações.
"Antes mesmo de mencionarmos uma reunião dos líderes, as delegações de negociadores devem preparar e concordar com o texto de um tratado", afirmou ele em entrevista à agência russa Tass. "Depois disso, o texto deve ser rubricado pelos chanceleres e aprovado pelos governos. Depois disso, pode-se discutir a possibilidade de uma cúpula", disse Medinsky.
A declaração foi dada no mesmo dia em que Zelensky publicou vídeo em suas redes sociais em que pede conversas com Putin, dizendo que essa seria a "única chance para a Rússia minimizar os danos causados com seus próprios erros" após a invasão.
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