Topo

Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Quem são os comandantes mortos na guerra da Ucrânia

Coronel Oleksandr Oksanchenko (Ucrânia), Vladimir Zhoga (que comandava grupo neonazista russo), Andrey Sukhovetsky (exército da Rússia) e Nikolai Kravchenko (Batalhão Azov) estão entre os mortos na guerra - Reprodução da internet/Arte UOL
Coronel Oleksandr Oksanchenko (Ucrânia), Vladimir Zhoga (que comandava grupo neonazista russo), Andrey Sukhovetsky (exército da Rússia) e Nikolai Kravchenko (Batalhão Azov) estão entre os mortos na guerra Imagem: Reprodução da internet/Arte UOL

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

02/04/2022 04h00

Oficiais das tropas russas, um renomado piloto ucraniano apontado como o "Fantasma de Kiev", por supostamente ter abatido seis aviões inimigos, e líderes de grupos neonazistas fazem parte de uma lista de comandantes mortos na guerra da Ucrânia.

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estima que a Rússia perdeu até 15 mil militares no conflito. Contudo, o país só admite a morte de 1.350 integrantes das forças armadas. Entre as tropas ucranianas, um levantamento do governo ucraniano aponta 6.700 baixas.

Oficial russo Andrey Sukhovetsky, de 47 anos, morreu em confronto na guerra na Ucrânia - Reprodução da internet - Reprodução da internet
Oficial russo Andrey Sukhovetsky, de 47 anos, morreu em confronto na guerra na Ucrânia
Imagem: Reprodução da internet

A morte do major-general russo Andrey Sukhovetsky na primeira semana de conflito foi a primeira baixa de impacto entre integrantes do alto escalão. O oficial de 47 anos foi abatido por um sniper ucraniano, segundo o governo ucraniano.

Com participações em intervenções militares na Síria e condecorado por seu papel na anexação da Crimeia em 2014, o vice-comandante do 41º Exército de Armas Combinadas teve a morte anunciada pelo governo ucraniano e confirmada por um grupo de veteranos russos.

Mortes em Mariupol

Vice-comandante da Frota do Mar Negro da Marinha na Rússia, Andrey Paly teve a morte confirmada no dia 20 de março em decorrência de um confronto em Mariupol, na região sudeste da Ucrânia, área mais atingida pela guerra. Ainda há informações sobre a morte de ao menos outros cinco oficiais do alto escalão russo.

O geógrafo e cientista político Tito Lívio Barcellos Pereira, que participa de grupos de estudos sobre a atuação das forças armadas no mundo, atribui o elevado número de mortes de oficiais russos à presença de integrantes do alto escalão na linha de frente.

Essas mortes dão a dimensão dos problemas que os russos têm nas suas cadeias de comando ao colocar os oficiais na linha de frente. Quando entram em um confronto, os EUA ou a Otan nomeiam um oficial que fica encarregado da operação e da interlocução com o Ministério da Defesa. Já a Rússia não tem intermediários e atua com comandantes à frente dos conflitos"
Tito Barcellos, cientista político

Para o cientista político, esse tipo de baixa afeta toda a estratégia dos grupamentos militares. "É muito difícil a reposição quando as tropas perdem um oficial experiente em um confronto", avalia.

"As tropas regulares não têm treinamento para lutar em áreas residenciais, e isso pode estar contribuindo para a alta incidência de mortes de oficiais, apesar da superioridade militar dos russos", analisa a pesquisadora e jornalista Letícia Oliveira, que investiga grupos neonazistas há mais de dez anos e mantém o portal "El Coyote".

Neonazista tratado como 'herói de guerra' por Putin

O russo Vladimir Zhoga, comandante de milícia separatista com ideais neonazistas, foi homenageado pelo presidente Putin após a morte na guerra - Reprodução da internet - Reprodução da internet
O russo Vladimir Zhoga, comandante de milícia separatista com ideais neonazistas, foi homenageado pelo presidente Putin após a morte na guerra
Imagem: Reprodução da internet

Os grupos neonazistas russos e ucranianos que integram as chamadas tropas irregulares no confronto também tiveram baixas significativas. O russo Vladimir Zhoga, 28, comandante do Batalhão Esparta, milícia separatista pró-Rússia que defende ideais neonazistas, morreu em combate com as forças armadas ucranianas no dia 5 de março.

A morte dele, inclusive, rendeu uma homenagem póstuma do presidente russo Vladimir Putin, que o concedeu o título de Herói da Federação Russa. Membros das tropas pró-Rússia inclusive foram a um memorial montado em homenagem a Zhoga em Donetsk.

Ele foi substituído pelo próprio pai, Artem Zhuga, que agora está à frente do grupamento.

Comandante do Batalhão Azov, Nikolai Kravchenko foi abatido em combate. Grupamento fez homenagem aos combatentes mortos nos conflitos - Reprodução da internet - Reprodução da internet
Comandante do Batalhão Azov, Nikolai Kravchenko teria sido abatido em combate. Grupamento fez homenagem aos combatentes mortos nos conflitos
Imagem: Reprodução da internet

No outro lado da trincheira, o Batalhão Azov, grupo neonazista ucraniano que integra a Guarda Nacional da Ucrânia, também perdeu um dos seus líderes no campo de batalha. Nikolai Kravchenko, foi abatido em um dos combates em Mariupol. A morte dele foi confirmada por Andriy Biletsky, representante da unidade.

No dia 25 de março, cerca de 50 combatentes se reuniram para a cremação de dois líderes do regimento. As urnas foram cobertas com a bandeira da Ucrânia com o emblema do Batalhão Azov, o "Wolfsangel", símbolo amplamente utilizado por nazistas.

Em meio a um ambiente de consternação pelas baixas, o historiador Francisco de Paula Oliveira Fernandes alerta para um conflito interno envolvendo a unidade e o presidente Volodymyr Zelensky.

"O Batalhão Azov vem chamando Zelensky de 'traidor' desde o primeiro dia da guerra por ter se sentido preterido nos diálogos com a Otan [a aliança militar ocidental]. As negociações por cessar-fogo não avançaram, em parte, por causa da pressão exercida pelo regimento no governo ucraniano", observa o historiador, que é especialista em estudos sobre a atuação da extrema-direita na Ucrânia e formado pela University College Dublin.

'Fantasma de Kiev': mito ou verdade?

Coronel Oleksandr Oksanchenko, piloto ucraniano morto durante o conflito - Reprodução da internet - Reprodução da internet
Coronel Oleksandr Oksanchenko, piloto ucraniano morto durante o conflito
Imagem: Reprodução da internet

Oleksandr Oksanchenko, 53, coronel da reserva do exército ucraniano e piloto morto durante o conflito, chegou a ganhar o apelido de "Fantasma de Kiev" por supostamente ter abatido seis caças russos no confronto. A história, entretanto, não foi confirmada.

"É difícil confirmar a veracidade desse tipo de história porque a propaganda está sendo muito usada no conflito", analisa o geólogo e cientista político Tito Barcellos.

Após ser abatido por mísseis russos, Oksanchenko foi homenageado pelo presidente Volodymyr Zelensky com o título de Herói da Ucrânia. Ele havia se aposentado em 2018, mas voltou à ativa para ajudar o país na guerra.