Quem são os comandantes mortos na guerra da Ucrânia
Oficiais das tropas russas, um renomado piloto ucraniano apontado como o "Fantasma de Kiev", por supostamente ter abatido seis aviões inimigos, e líderes de grupos neonazistas fazem parte de uma lista de comandantes mortos na guerra da Ucrânia.
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estima que a Rússia perdeu até 15 mil militares no conflito. Contudo, o país só admite a morte de 1.350 integrantes das forças armadas. Entre as tropas ucranianas, um levantamento do governo ucraniano aponta 6.700 baixas.
A morte do major-general russo Andrey Sukhovetsky na primeira semana de conflito foi a primeira baixa de impacto entre integrantes do alto escalão. O oficial de 47 anos foi abatido por um sniper ucraniano, segundo o governo ucraniano.
Com participações em intervenções militares na Síria e condecorado por seu papel na anexação da Crimeia em 2014, o vice-comandante do 41º Exército de Armas Combinadas teve a morte anunciada pelo governo ucraniano e confirmada por um grupo de veteranos russos.
Mortes em Mariupol
Vice-comandante da Frota do Mar Negro da Marinha na Rússia, Andrey Paly teve a morte confirmada no dia 20 de março em decorrência de um confronto em Mariupol, na região sudeste da Ucrânia, área mais atingida pela guerra. Ainda há informações sobre a morte de ao menos outros cinco oficiais do alto escalão russo.
O geógrafo e cientista político Tito Lívio Barcellos Pereira, que participa de grupos de estudos sobre a atuação das forças armadas no mundo, atribui o elevado número de mortes de oficiais russos à presença de integrantes do alto escalão na linha de frente.
Essas mortes dão a dimensão dos problemas que os russos têm nas suas cadeias de comando ao colocar os oficiais na linha de frente. Quando entram em um confronto, os EUA ou a Otan nomeiam um oficial que fica encarregado da operação e da interlocução com o Ministério da Defesa. Já a Rússia não tem intermediários e atua com comandantes à frente dos conflitos"
Tito Barcellos, cientista político
Para o cientista político, esse tipo de baixa afeta toda a estratégia dos grupamentos militares. "É muito difícil a reposição quando as tropas perdem um oficial experiente em um confronto", avalia.
"As tropas regulares não têm treinamento para lutar em áreas residenciais, e isso pode estar contribuindo para a alta incidência de mortes de oficiais, apesar da superioridade militar dos russos", analisa a pesquisadora e jornalista Letícia Oliveira, que investiga grupos neonazistas há mais de dez anos e mantém o portal "El Coyote".
Neonazista tratado como 'herói de guerra' por Putin
Os grupos neonazistas russos e ucranianos que integram as chamadas tropas irregulares no confronto também tiveram baixas significativas. O russo Vladimir Zhoga, 28, comandante do Batalhão Esparta, milícia separatista pró-Rússia que defende ideais neonazistas, morreu em combate com as forças armadas ucranianas no dia 5 de março.
A morte dele, inclusive, rendeu uma homenagem póstuma do presidente russo Vladimir Putin, que o concedeu o título de Herói da Federação Russa. Membros das tropas pró-Rússia inclusive foram a um memorial montado em homenagem a Zhoga em Donetsk.
Ele foi substituído pelo próprio pai, Artem Zhuga, que agora está à frente do grupamento.
No outro lado da trincheira, o Batalhão Azov, grupo neonazista ucraniano que integra a Guarda Nacional da Ucrânia, também perdeu um dos seus líderes no campo de batalha. Nikolai Kravchenko, foi abatido em um dos combates em Mariupol. A morte dele foi confirmada por Andriy Biletsky, representante da unidade.
No dia 25 de março, cerca de 50 combatentes se reuniram para a cremação de dois líderes do regimento. As urnas foram cobertas com a bandeira da Ucrânia com o emblema do Batalhão Azov, o "Wolfsangel", símbolo amplamente utilizado por nazistas.
Em meio a um ambiente de consternação pelas baixas, o historiador Francisco de Paula Oliveira Fernandes alerta para um conflito interno envolvendo a unidade e o presidente Volodymyr Zelensky.
"O Batalhão Azov vem chamando Zelensky de 'traidor' desde o primeiro dia da guerra por ter se sentido preterido nos diálogos com a Otan [a aliança militar ocidental]. As negociações por cessar-fogo não avançaram, em parte, por causa da pressão exercida pelo regimento no governo ucraniano", observa o historiador, que é especialista em estudos sobre a atuação da extrema-direita na Ucrânia e formado pela University College Dublin.
'Fantasma de Kiev': mito ou verdade?
Oleksandr Oksanchenko, 53, coronel da reserva do exército ucraniano e piloto morto durante o conflito, chegou a ganhar o apelido de "Fantasma de Kiev" por supostamente ter abatido seis caças russos no confronto. A história, entretanto, não foi confirmada.
"É difícil confirmar a veracidade desse tipo de história porque a propaganda está sendo muito usada no conflito", analisa o geólogo e cientista político Tito Barcellos.
Após ser abatido por mísseis russos, Oksanchenko foi homenageado pelo presidente Volodymyr Zelensky com o título de Herói da Ucrânia. Ele havia se aposentado em 2018, mas voltou à ativa para ajudar o país na guerra.
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