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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Crianças ucranianas enfrentam traumas e criticam Putin: 'Roubou infância'

28.mar.2022 - Oksana Koziy, diretora do Centro Cultural e Educacional Ucraniano Berehynia, atende crianças ucranianas que participam de uma sessão de artesanato, após fugirem da invasão russa da Ucrânia, em Atenas, Grécia - Louiza Vradi/Reuters
28.mar.2022 - Oksana Koziy, diretora do Centro Cultural e Educacional Ucraniano Berehynia, atende crianças ucranianas que participam de uma sessão de artesanato, após fugirem da invasão russa da Ucrânia, em Atenas, Grécia Imagem: Louiza Vradi/Reuters

Do UOL, em São Paulo

06/04/2022 08h33

Crianças ucranianas refugiadas na Grécia desde que o país foi invadido pela Rússia, há 42 dias, lidam com os traumas da guerra e criticam o presidente russo, Vladimir Putin, por meio de desenhos em uma sala de aula improvisada em um pequeno apartamento em Atenas.

Ali, segundo a agência Reuters, elas contam como escaparam da guerra. Cenas de combate - um helicóptero lançando bombas, prédios em chamas, tanques e corpos no chão - pairam ao lado de pombas da paz carregando ramos de oliveira, um símbolo de paz.

Durante três dias por semana, o apartamento na capital grega funciona como escola e refúgio para dezenas de jovens ucranianos e suas mães que fugiram da guerra.

"Fazemos arteterapia, que é mais confortável para as crianças. Você não precisa falar, precisa apenas me mostrar", disse a professora Regina Nasretdinova, psicóloga da Crimeia, à agência.

Ela contou que o desenho que mais a chocou foi o feito por um menino de sete anos, que representava soldados ucranianos matando Putin. "Eu pergunto 'Por que desenhar Putin? Por que você não desenha outra coisa?" disse Nasretdinova. "Porque - ele me disse - ele roubou minha infância, ele roubou minha vida normal."

A escola oferecia aulas de idiomas aos sábados e agora está lutando para lidar com mais de 40 estudantes refugiados, com a ajuda de voluntários.

"Quando eu ouço todas essas histórias (de) como as pessoas morrem - de crianças - como elas viram bombas, tudo, isso me quebrou", disse Nasretdinova.

Três dos professores também são refugiados tentando restaurar a normalidade em suas vidas. "É muito difícil. Minha alma está quebrada", disse Yulia Maksymova, professora de Odessa, na Grécia, com sua filha de 10 anos. Seu marido, como outros homens, ficou para trás para lutar contra a invasão.

"Mas estou feliz por poder ajudar as crianças", disse ela. Desde fevereiro, mais de 1,5 milhão de crianças fugiram da guerra na Ucrânia, que a Rússia chama de "operação especial", na maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.

Um terço dos 16 mil refugiados ucranianos na Grécia são crianças. "Essas crianças são diferentes", disse Nasretdinova. "Eles são mais adultos." No começo eles eram "como animais assustados", disse ela, mas desde então eles encontraram confiança.