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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Leste vive 'última chance' de fuga enquanto Ucrânia pede armas de ataque

Ucranianos embarcam em ônibus em Sievierodonetsk, na região de Lugansk, na Ucrânia - Serhii Gaidai
Ucranianos embarcam em ônibus em Sievierodonetsk, na região de Lugansk, na Ucrânia Imagem: Serhii Gaidai

Do UOL*, em São Paulo

07/04/2022 05h10Atualizada em 07/04/2022 10h51

Autoridades ucranianas têm pedido à população que deixe cidades no leste do país, atual foco da guerra promovida pela Rússia, que hoje (7) entrou em seu 43º dia. Para o governador de Lugansk, Serhii Gaidai, "os próximos dias são, talvez, a última oportunidade de fugir". As negociações entre os países estão mais difíceis. Nesta quinta, a Rússia disse que a Ucrânia apresentou um esboço inaceitável de acordo de paz. A Turquia mostrou-se disposta a sediar mais uma rodada presencial de conversas, mas ainda não há confirmação das partes.

Em Bruxelas, na Bélgica, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, indicou à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que sua agenda para a reunião desta quinta "é muito simples, tem apenas três tópicos: armas, armas e armas". Hoje, os ministros dos países que fazem parte da aliança militar se reúnem para tratar da ajuda que darão à Ucrânia.

Kuleba reforça que a Ucrânia não quer apenas armas para se defender, mas também para atacar. Para ele, qualquer arma usada contra um agressor estrangeiro no território ucraniano é defensiva por definição.

"Portanto, essa distinção entre defensivo e ofensivo não faz sentido em relação à situação do meu país. E aqueles países que dizem que fornecerão armas defensivas à Ucrânia, mas não podem fornecer armas ofensivas, são hipócritas. Isso é simplesmente desonesto e uma abordagem injustificada", disse Kuleba.

Estamos confiantes de que a melhor maneira de ajudar a Ucrânia agora é fornecer todo o necessário para conter [o presidente russo, Vladimir] Putin e derrotar o exército russo no território da Ucrânia. para que a guerra não se espalhe ainda mais
Dmytro Kuleba, ministro das Relações Exteriores da Ucrânia

Segundo Kuleba, a Ucrânia precisa de "aviões, mísseis antinavio, veículos blindados de transporte de pessoal, sistemas pesados de defesa aérea". "Sabemos lutar. Sabemos como vencer, mas, sem um abastecimento constante e suficiente de todas as armas solicitadas pela Ucrânia, essa vitória vai impor enormes sacrifícios", completou. "Peço a todos os aliados que deixem de lado as hesitações, a relutância a fornecer à Ucrânia tudo que precisa."

Os pedidos foram feitos ao lado do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, na chegada para a reunião de hoje, em Bruxelas, na Bélgica. Para Stoltenberg, é uma necessidade urgente continuar a apoiar a Ucrânia.

kuleba - François Walschaerts/AFP - François Walschaerts/AFP
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, e o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, falam a jornalistas antes da reunião da aliança militar dos países do Atlântico Norte, em Bruxelas, na Bélgica
Imagem: François Walschaerts/AFP

Leste no alvo

O Ministério da Defesa da Ucrânia disse, em seu relatório de hoje, que "os principais esforços dos ocupantes estão focados nos preparativos para a operação ofensiva no leste da Ucrânia".

Segundo o ministério, a Rússia continua com um bloqueio a Kharkiv, segunda maior cidade do país, e fazendo bombardeios na região. Na área de Donetsk, separatista, a Ucrânia diz que os ataques têm como "objetivo incendiar unidades das Forças Armadas e retomar a ofensiva". Segundo autoridades locais, três mísseis russos foram derrubados pela Ucrânia em Zaporizhzhia, cidade também no leste.

O Ministério da Defesa da Rússia confirmou que suas forças "continuaram a atacar a infraestrutura militar da Ucrânia", principalmente em bases de abastecimento para Kharkiv e áreas separatistas, relatando ataques entre a noite de ontem e a madrugada de hoje.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Hora de fugir

Para esta quinta, estão previstos dez corredores para evacuação no leste da Ucrânia. Segundo a vice-primeira-ministra do país, Iryna Vereshchuk, a retirada da população "das cidades da região de Lugansk será realizada sob a condição de observância do regime de cessar-fogo pelas forças de ocupação". Ontem, ela fez um apelo para que as pessoas deixem a região agora, antes que os ataques se intensifiquem na área.

rubizhne - Serhii Gaidai - Serhii Gaidai
Área residencial em Rubizhne, no leste da Ucrânia, ficou em chamas após ataque
Imagem: Serhii Gaidai

Governador de Lugansk, Serhii Gaidai disse que a evacuação é difícil na região, em especial em Popasna, cidade a cerca de 740 quilômetros de Kiev. onde é difícil chegar. "Os russos estão disparando", relatou. "No entanto, não paramos de tentar salvar o maior número possível de moradores da região." De Sievierodonetsk, mais de 250 moradores foram evacuados hoje. Em Rubizhne, 15 pessoas.

As autoridades ucranianas acreditam que as forças russas devam adotar na região separatista a mesma estratégia de cerco realizada em Mariupol, no sul do país. Milhares de pessoas seguem bloqueadas nesta cidade que é alvo de bombardeios há semanas.

Guerra continuar é "suicídio"

Para o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a continuação da guerra seria "suicídio" para as autoridades russas. "Se nada mudar, então é suicídio. Suicídio para todos que escolhem a opção de continuar a guerra", disse o presidente ucraniano, em vídeo.

Para ele, após o massacre em Bucha, cidade próxima da capital ucraniana, Kiev, a questão não é mais a Rússia recuar. "Só é possível abandonar rapidamente novas agressões contra a Ucrânia e, assim, tentar pelo menos reduzir de alguma forma os danos ao Estado russo e àqueles que pessoalmente tomam decisões importantes na Rússia."

O governo ucraniano já estima que a guerra custará mais de US$ 1 trilhão ao país. Amanhã (8), Zelensky irá receber, em Kiev, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também irá à capital da Ucrânia. Hoje, o Parlamento Europeu pediu o embargo imediato do gás russo.

Novas sanções

A UE (União Europeia) estuda novas sanções que devem afetar pela primeira vez o setor de energia, com um embargo às compras de carvão russo e o fechamento dos portos europeus aos navios de Moscou.

"O acordo será finalizado pelos embaixadores dos países da UE e será aprovado pelos ministros das Relações Exteriores na segunda-feira em Luxemburgo", anunciou, hoje, Borrell, ao chegar à sede da Otan. "O petróleo não está neste novo pacote de sanções, mas o tema será abordado na segunda-feira em Luxemburgo e, mais cedo ou mais tarde, haverá uma decisão", disse.

Kuleba, por sua vez, disse que "é necessário impor um embargo sobre o petróleo e gás da Rússia". "Espero que não sejam necessárias novas atrocidades para que estas sanções sejam decididas".

Chefe do gabinete de Zelensky, Andriy Yermak listou o que a Ucrânia quer contra a Rússia:

  • desconexão dos bancos russos do sistema financeiro;
  • portos fechados para navios russos;
  • embargo ao petróleo e gás da Rússia;
  • "restrição máxima" para transporte, cidadãos russos e exportações para a Rússia;

"Somente uma ação dura pode parar a Rússia. Porque eles só entendem essa linguagem", disse Yermak.

(Com Reuters, AFP, Ansa e RFI)