Relógio roubado 80 anos atrás por soldado nazista é devolvido na Holanda
Um relógio roubado por um soldado nazista durante a Segunda Guerra Mundial foi devolvido depois de 80 anos, funcionando perfeitamente. De acordo com reportagem do The New York Times, a peça percorreu um longo caminho até voltar às mãos da família do dono original.
O judeu Alfred Overstrijd fez o relógio em 1910, em Roterdã, como um presente para o aniversário de 18 anos do irmão, Louis. A informação está inscrita na parte de trás do item.
Trinta e dois anos depois, Louis foi preso pelos nazistas e o relógio foi roubado. Ele e Alfred foram enviados para o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, e não sobreviveram.
Enquanto isso, o soldado foi acolhido em uma fazenda na Bélgica. Na época, belgas e holandeses eram forçados a receber os combatentes em suas casas. Insatisfeito com a situação, o fazendeiro Gustave Janssens fez com que o militar usassem como banheiro uma plantação de milho vizinha —onde o item deve ter caído do bolso do homem.
Ao encontrar a peça, o dono da propriedade o escondeu dentro de um relógio na casa dele, onde permaneceu até recentemente.
A fazenda foi vendida há pouco tempo, e os familiares de Janssens encontraram o relógio ao catalogar os pertences dele. Um dos netos enviou uma mensagem para Rob Snijders, um historiador holandês especialista em história judaica, para tentar encontrar o verdadeiro dono do item.
Snijders contou o caso nas redes sociais, e em 24 horas, soube que Alfred Overstrijd teve uma filha, que sobreviveu ao Holocausto e teve três filhos. O historiador, então, conseguiu contatar um dos netos do relojoeiro e arranjou um encontro entre ele e os descendentes do fazendeiro.
"Teve lágrimas, eu vi", contou Snijders.
O neto de Overstrijd, Richard van Ameijden, ficou impressionado com a história. "É muito bonito como tudo aconteceu", disse ele ao The New York Times, acrescentando que a peça também traz certa tristeza.
"Quando eu olho para o relógio, fico emocionado também porque há uma guerra acontecendo agora", continuou. "Imagino as crianças e as pessoas mais velhas que estão dormindo em estações do metrô em uma Mariupol bombardeada estão segurando seus pertences. Penso nisso quando vejo esse relógio".
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