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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Sitiada e sob ultimato: Por que Mariupol é estratégica para a Rússia

15.abr.2022 - Tropas pró-Rússia em veículo blindado em Mariupol, na Ucrânia - Alexander Ermochenko/Reuters
15.abr.2022 - Tropas pró-Rússia em veículo blindado em Mariupol, na Ucrânia Imagem: Alexander Ermochenko/Reuters

Do UOL, no Rio*

17/04/2022 16h41

A cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, é uma das mais atingidas pela guerra contra a Rússia. Classificada pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, como "coração da guerra", Mariupol agora enfrenta um ultimato por parte dos militares russos.

A posição estratégica, no Mar de Azov, ajuda no controle da área próxima à Crimeia e às regiões separatistas. Neste domingo (17), a Rússia exigiu que os militares remanescentes na cidade se entregassem suas armas para tentar salvar suas vidas, mas a Ucrânia afirma que os homens "lutarão até o fim".

Ontem, a Rússia informou que toda a área urbana da cidade estava livre de militares locais e que poucos militares se refugiaram na siderúrgica Azovstal.

Cenário dos combates mais pesados e da pior catástrofe humanitária da guerra, Mariupol pode ser a primeira grande cidade a ser tomada pela Rússia desde o início do conflito, caso se confirme.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Mariupol no foco da guerra

Mariupol é a cidade mais atingida pelos bombardeios nos mais de 50 dias de guerra. As autoridades locais estimavam, um mês atrás, que 80% da infraestrutura já havia sido destruída. Hoje, esse número pode ser maior.

Com a tomada de Mariupol, os russos passariam a controlar o porto local e poderia impedir o acesso da Ucrânia ao mar, ao mesmo tempo em que conseguiria abastecer suas tropas com equipamentos e suprimentos.

Além disso, o controle do porto em Mariupol permite uma conexão direta entre Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e a região de Donbas, no leste, onde há territórios dominados por separatistas pró-Rússia.

Rússia exige rendição e Ucrânia resiste

A Rússia exigiu a rendição dos soldados ucranianos que resistem em Mariupol e se comprometeu a poupar as vidas daqueles que abaixarem as armas. Mesmo após o horário limite para o ultimato, o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmygal, em entrevista transmitida pela televisão americana ABC neste domingo (17), negou que os russos tenham dominado a cidade.

"Nossas forças militares, nossos soldados ainda estão lá. Eles vão lutar até o fim", disse.

Shmygal rejeitou as alegações de Vladimir Putin, presidente da Rússia, de que os russos estão vencendo a guerra.

"Nenhuma grande cidade caiu. Apenas [a cidade de] Kherson está sob o controle das forças russas, mas todas as outras cidades estão sob o controle da Ucrânia", insistiu Shmygal, especificando que mais de 900 municípios, incluindo a capital Kiev, permanecem livre da ocupação russa.

No ultimato, o chefe do Centro de Controle de Defesa russo, coronel general Mikhail Mizintsev, disse que "todos aqueles [ucranianos] que depuserem as armas é garantido que suas vidas serão poupadas". De acordo com Mizintsev, combatentes ucranianos estão "numa situação desesperadora, praticamente sem comida e água".

Ontem, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou que a tomada da cidade encerraria as negociações de paz com Moscou.

Catástrofe humanitária

Sitiada há semanas, Mariupol enfrenta uma das maiores catástrofes humanitárias do atual conflito. A cidade foi alvo de intensos bombardeios e está em ruínas. De acordo com autoridades locais, pelo menos 20 mil civis já morreram na região, desde o início da invasão russa, e cerca de 120 mil habitantes ainda estão na cidade sitiada.

Tropas russas anunciaram na sexta-feira que assumiram o controle de uma outra siderúrgica da cidade que era um dos pontos de defesa dos ucranianos. Jornalistas da Reuters estiveram no local e relataram que a siderúrgica foi reduzida a ruínas e também noticiaram a presença de diversos corpos de civis espalhados nas ruas próximas.

*Com informações de Reuters, Deutsche Welle e AFP