EUA investigam abordagem a criança negra presa acusada de furtar Doritos
Três policiais brancos de Syracuse, em Nova York (EUA), estão sendo investigados após um vídeo mostrá-los capturando um menino negro de 8 anos. Ele é levado para dentro de uma viatura, sob acusação de ter furtado um saco de Doritos de uma loja de conveniência.
A cena aconteceu no domingo (17) e foi gravada por Kenneth Jackson, uma das testemunhas no local, e posteriormente compartilhada nas redes sociais. O vídeo gerou revolta pela abordagem dos oficiais contra uma criança, medida considerada por muitos como truculenta e até racista.
Nas imagens, o menino chora enquanto é detido por um dos policiais que o pega pelo braço. Jackson interfere e questiona os três homens: "O que vocês estão fazendo?".
Um dos policiais explicou que o garoto estava "roubando coisas". Mas Jackson insiste: "Não, cara. Mesmo se ele estivesse ou não roubando um saco de salgadinho, você não pode tratá-lo dessa maneira, como se fosse um assassino", gritou a testemunha, que em seguida começa a xingar os policiais enquanto eles colocam a criança no carro.
"Se ele roubou algumas coisas, eu pago por elas! Eu vou pagar por ele! Deixe-o em paz! Ele é uma criança!", protestou Jackson.
O pai do menino, Anthony Weah, natural da Etiópia, disse ao jornal local Post-Standard que a polícia bateu na porta de sua casa após o incidente e lhe disse que o filho foi acusado de roubar o salgadinho. Ele disse que, no início, os policiais se comportaram de maneira amigável e garantiram que a detenção não seria agressiva.
O pai não havia presenciado o momento em que o garoto foi colocado no carro e, mais tarde, confessou em entrevista que ficou chocado ao assistir à maneira como o filho foi tratado pelos policiais.
Mesmo reconhecendo a gravidade do delito cometido pelo menino, ele repudiou a situação: "Por que a polícia trataria aquela criança assim? Por causa de um saco de Doritos de US$ 3. Eles são policiais contra um garoto. São adultos", disse Weah, acrescentando que pretende registrar uma queixa contra os três policiais, para que sejam investigados.
"São policiais, eles não são crianças. Eles não são meninos, são homens", disse Weah ao jornal.
Procurado pelo Post-Standard, Kenneth Jackson relatou que inicialmente não percebeu que a pessoa detida era uma criança. E classificou o episódio como um ato de perseguição da força policial contra negros.
"Ele foi arrancado da bicicleta dele violentamente. Fiquei fora de mim quando vi aquele garoto ser tratado daquela maneira", disse ele. "Há outras maneiras de corrigir isso além de táticas de susto. Agora, esse é apenas mais um jovem que está marcado pelo sistema", criticou.
Posicionamento das autoridades
Em um comunicado à emissora WTRF, o Departamento de Polícia de Syracuse disse estar ciente do episódio envolvendo seus oficiais, principalmente por ele ter sido registrado em vídeo e divulgado na web, mostrando claramente a identidade dos três homens e a abordagem usada contra a criança. No entanto, a corporação desconsiderou a gravidade da situação.
"O incidente, incluindo as ações dos policiais e câmeras no corpo, estão sendo revistos. Há alguma desinformação envolvendo este caso. O jovem suspeito de furto não foi algemado. Ele foi colocado na retaguarda de uma unidade de patrulha, onde foi levado diretamente para casa. Os policiais se encontraram com o pai da criança e nenhuma acusação foi feita", acrescentou a polícia.
De acordo com o New York Post, o prefeito de Syracuse, Ben Walsh, disse que entrou em contato com o chefe de polícia Kenton Buckner quando soube do vídeo.
"Os policiais devolveram a criança à sua família e discutiram o incidente com seu pai antes de sairem", afirmou ele. "O que ocorreu demonstra a necessidade contínua da cidade fornecer apoio às nossas crianças e famílias e investir em opções alternativas de resposta por parte dos policiais."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.