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George Soros: 'Conflito na Ucrânia pode ser início da 3ª Guerra Mundial'

George Soros, investidor húngaro bilionário, acredita que conflito pode ser o início de uma Terceira Guerra Mundial - Getty Images
George Soros, investidor húngaro bilionário, acredita que conflito pode ser o início de uma Terceira Guerra Mundial Imagem: Getty Images

Do UOL*, em São Paulo

25/05/2022 10h47Atualizada em 25/05/2022 10h48

O bilionário húngaro-americano George Soros afirmou que o conflito na Ucrânia pode ter sido o início de uma Terceira Guerra Mundial e que a civilização pode não sobreviver. Para ele, a única maneira de conter esse processo seria derrotar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o mais rápido possível.

As declarações foram feitas durante um jantar ontem em Davos, na Suíça, onde acontece agora o Fórum Econômico Mundial.

"A invasão [da Ucrânia pela Rússia] pode ter sido o início da Terceira Guerra Mundial e nossa civilização pode não sobreviver", afirmou. "Devemos mobilizar todos os nossos recursos para que a guerra termine logo".

O investidor e filantropo, porém, se mostrou cético quanto a um cessar-fogo na região. "Um cessar-fogo é inatingível, porque não é confiável. Putin teria que iniciar negociações de paz, o que ele não fará porque seria equivalente a desistir", declarou.

A guerra na Ucrânia chegou ao terceiro mês, com centenas de mortos e deslocados. O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que iria diminuir o ritmo da ofensiva, o que foi contestado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

"Quase 30.000 soldados russos mortos. Mais de 200 aeronaves abatidas. Milhares de tanques russos perdidos, veículos blindados e outros equipamentos. A munição de mísseis russos está quase completamente esgotada. E eles querem encobrir com mentiras de que não estão lutando com força total?", questionou Zelensky em pronunciamento na noite de ontem.

Os números informados pelo presidente ucraniano não puderam ser verificados com fontes independentes. A Rússia não tem informado a quantidade de baixas que sofreu.

União Europeia pode ter vantagem em relação ao gás

Soros se mostrou otimista quanto à posição da União Europeia em relação ao gás russo. O bloco tem dificuldade em chegar a um acordo sobre um novo pacote de sanções contra a Rússia, principalmente porque os Estados-membros são muito dependentes dos hidrocarbonetos russos para o abastecimento de energia.

"Acredito que Putin é muito inteligente e está fazendo uma espécie de chantagem a Europa ameaçando cortar o gás. Mas, na verdade, seu caso não é tão sólido como pretende", disse Soros.

Ele argumentou que a Rússia criou deliberadamente uma situação de escassez no inverno passado armazenando seu gás ao invés de enviá-lo à Europa, o que fez subir os preços, mas também encheu os seus depósitos, que estarão "repletos daqui até julho".

O presidente russo "está em uma crise e, de uma maneira ou de outra conseguiu aterrorizar a Europa". Agora "está em uma situação tensa. Tem que fazer algo com esse gás, e o único lugar que pode absorvê-lo, porque há gasodutos, é a Europa", argumentou.

Soros disse que havia explicado essa situação em uma carta ao primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, mas que ainda não havia recebido uma resposta.

Críticas à China

O tradicional jantar promovido por Soros em Davos é um dos eventos mais aguardados das elites políticas e empresariais globais na cidade suíça. A última vez que ocorreu foi em janeiro de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Soros, fundador da Open Society Foundation, também usou o discurso deste ano para mirar novamente em outro alvo habitual, o presidente chinês, Xi Jinping. Ele chamou Xi e Putin de "ditadores" cujos países representam "a maior ameaça à sociedade aberta". "Eles estão unidos em uma aliança que não tem limites.

Eles também têm muito em comum. Eles governam por intimidação e, como consequência, cometem erros incompreensíveis", disse Soros.

"Putin esperava ser recebido na Ucrânia como um libertador. Xi Jinping está aderindo a uma política de zero covid que não se sustenta", acrescentou, referindo-se aos rígidos lockdowns da China para conter os surtos de coronavírus.

*Com informações da AFP e Deutsche Welle