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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Ucrânia começa a usar arma francesa; Rússia mente sobre ritmo, diz Zelensky

Nathan Lopes

Do UOL*, em São Paulo

25/05/2022 05h40Atualizada em 25/05/2022 12h44

O Ministério da Defesa da Ucrânia divulgou hoje que começou a utilizar canhões Caesar, tidos como carro-chefe da artilharia francesa. "Ele permite atingir o inimigo a uma distância de 20 quilômetros ou mais da linha de frente com alta precisão. A esta distância estão artilharia, reservas, pontos de controle do inimigo [Rússia]. Sua destruição reduz o potencial ofensivo do inimigo", disse Valery Zaluzhny, comandante das Forças Armadas da Ucrânia.

Segundo Zaluzhny, os militares ucranianos "dominaram rapidamente" o novo equipamento. "Na verdade, em duas, três horas", disse. "Sinceros agradecimentos aos parceiros pela ajuda. Serve para aproximar a nossa vitória."

Hoje, a guerra da Rússia na Ucrânia entrou em seu 91º dia com ataques em vários pontos do leste ucraniano, que registraram mortes —na região de Donetsk, ao menos 12 civis morreram ontem, segundo autoridades locais. A região de Sumy foi atingida a partir de ação ofensiva feita no território russo. Em Zaporizhzhia, um ataque com mísseis foi registrado.

Com os ataques ainda em andamento, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, considerou como mentirosa a afirmação feita pelo Ministério da Defesa da Rússia de que estava com um ritmo menor na ofensiva.

"Quase 30.000 soldados russos mortos. Mais de 200 aeronaves abatidas. Milhares de tanques russos perdidos, veículos blindados e outros equipamentos. A munição de mísseis russos está quase completamente esgotada. E eles querem encobrir com mentiras de que não estão lutando com força total?", disse Zelensky em pronunciamento noite de ontem.

Os números informados pelo presidente ucraniano não puderam ser verificados com fontes independentes. A Rússia não tem informado a quantidade de baixas que sofreu. Hoje, o presidente russo, Vladimir Putin, visitou, em um hospital de Moscou, soldados que ficaram feridos na "operação especial" —como a Rússia chama a guerra que promove na Ucrânia—, informou o governo.

Consequência da invasão russa, as candidaturas de Finlândia e Suécia para entrar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estarão em debate hoje. Delegações dos dois países serão recebidas na Turquia, país que integra a aliança militar e tem se mostrado contra o ingresso de finlandeses e suecos.

míssil - Ministério da Defesa da Rússia - Ministério da Defesa da Rússia
Imagem obtida a partir de vídeo mostra o momento em que míssil é lançado para atingir a região de Zaporizhzhia
Imagem: Ministério da Defesa da Rússia

Porto de Mariupol

O Ministério da Defesa da Rússia, em seu relatório de hoje, disse que concluiu "a desminagem e a desmilitarização do porto marítimo" de Mariupol, cidade no sudeste da Ucrânia. O município é considerado estratégico por causa de sua localização. A Rússia disse que, agora, o porto "começou a funcionar diariamente".

A Defesa russa informou ainda ter realizado ataques que resultaram na morte de 300 combatentes ucranianos. Na região de Mykolaiv, no sul do país, um helicóptero Mi-8, das forças ucranianas, foi derrubado por sistemas de defesa aérea.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Ofensiva aérea

Segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, a Rússia "intensificou o uso de aeronaves para apoiar a ofensiva de seu grupo terrestre". "Devido à falta de estoques de armas de mísseis de alta precisão, o inimigo está procurando outras maneiras de destruir instalações críticas e militares na Ucrânia."

Na região de Donetsk, um dos alvos russos no leste, a Ucrânia disse que a Rússia "intensificou as hostilidades" contra a cidade de Lyman, usando "artilharia e apoio aéreo". Em Sievierodonetsk, os combates continuam em razão da ofensiva russa.

A Defesa ucraniana também apontou que "a fim de conduzir as hostilidades e repor perdas significativas de mão de obra e equipamentos no território da Ucrânia, os ocupantes russos estão formando unidades de reserva" em seu distrito militar do sul.

Idade de militares

Em meio a baixas na Ucrânia, o Parlamento russo aprovou hoje uma lei removendo o limite superior de idade para o serviço militar. O projeto agora precisa apenas da sanção do presidente Vladimir Putin para se tornar lei.

Atualmente, apenas os russos com idade entre 18 e 40 anos e os estrangeiros com 18 a 30 anos podem se alistar como soldados profissionais nas Forças Armadas russas.

O Ministério da Defesa da Rússia disse, em 25 de março, que 1.351 militares russos haviam sido mortos e 3.825 feridos desde que Moscou enviou suas Forças Armadas para a Ucrânia em 24 de fevereiro. Desde então, o ministério não atualizou seus números de baixas.

Troca de prisioneiros

A Rússia examinará a possibilidade de trocar prisioneiros com a Ucrânia depois dos julgamentos dos combatentes ucranianos detidos, afirmou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Andrei Rudenko. "Antes, as discussões sobre uma troca são prematuras."

Na semana passada, os últimos combatentes ucranianos da estratégica cidade de Mariupol, que ficaram entrincheirados durante semanas no complexo Azovstal, renderam-se. De acordo com o ministério russo da Defesa, mais de 4.000 soldados ucranianos foram capturados.

As autoridades ucranianas desejam organizar uma troca de prisioneiros de guerra, mas a Rússia considera que parte deles, que integram o batalhão Azov, são combatentes neonazistas culpados de crimes de guerra e não militares.

Oligarcas na mira

A Comissão Europeia apresentou hoje um projeto de lei que torna mais difícil escapar das sanções da UE (União Europeia) para os oligarcas russos. No aspecto mais controverso das novas propostas, a Comissão espera obter a aprovação dos Estados membros para permitir que os bens das pessoas e entidades sancionadas sejam confiscados, e não apenas congelados como atualmente.

A UE adotou, até agora, cinco pacotes de sanções contra autoridades e oligarcas russos pela invasão da Ucrânia e agora negocia uma sexta rodada que pode incluir a proibição das importações de petróleo e gás russos.

Hoje, junto com representantes da diplomacia europeia, países bálticos alertaram que a guerra russa na Ucrânia deverá afetar a segurança da região por um longo período.

(Com Reuters e AFP)