Bolsonaro: Conversei 'por alto' com Biden sobre sistema eleitoral do Brasil
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje que conversou sobre o sistema eleitoral brasileiro "por alto" com o mandatário norte-americano, Joe Biden, na Cúpula das Américas, em Los Angeles (EUA). A declaração ocorreu um dia após o encontro entre os homólogos em que Bolsonaro disse que deixará o governo "de forma democrática" após as eleições, apesar dos ataques frequentes do mandatário ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o sistema de votação eletrônico.
"Foi por alto a conversa [com Biden sobre o sistema eleitoral brasileiro]. Eu não estou trazendo problemas do Brasil para cá, eu não vou entrar nessa discussão. Eu sei que vocês com a câmera na mão tem um comportamento, me desculpe. Conversando particularmente com uns colegas de vocês a gente conversa e todos nós queremos, como a grande parte do TSE, eleições limpas, transparentes e auditáveis", disse Bolsonaro a jornalistas na porta do hotel onde está hospedado. A transmissão foi realizada pela CNN Brasil.
Ontem, o chefe do Executivo brasileiro também destacou que o presidente dos EUA se "comprometeu" a ajudar o país a manter a democracia e liberdade.
"Na reunião reservada, que é segredo de Estado obviamente, ele se comprometeu a colaborar conosco, assim como as nações civilizadas fazem, para o bem dos nossos povos, e a manutenção da democracia, da liberdade. (...) Comungamos da mesma percepção. Ficou bom para ele e ficou bom para mim."
No encontro, Bolsonaro disse que deixará o governo "de forma democrática". Apesar disso, dois dias antes da declaração, o presidente fez um novo ataque ao TSE, afirmando que ele e as Forças Armadas "não farão papel de idiota". Desde o início do ano, o presidente tem retomado a ofensiva contra a Corte Eleitoral, questionando o sistema de votação e apuração, e tentando colocar em xeque o resultado das urnas.
O ataque do presidente da República foi uma resposta à declaração do presidente do TSE, ministro Edson Fachin, que disse no mês passado que as eleições são assunto para as "forças desarmadas" após sucessivos questionamentos dos militares ao processo eleitoral. Todas as perguntas enviadas pelas Forças Armadas ao tribunal foram respondidas, e passaram a ser utilizadas por Bolsonaro para tentar jogar suspeita em cima das urnas eletrônicas.
Como mostrou o UOL, porém, apesar de enviar diversos questionamentos, os militares tiveram uma participação tímida nos testes de segurança das urnas.
Comparação
Hoje, o presidente chegou a comparar o encontro com Biden com a reunião que teve com o presidente russo, Vladimir Putin, em fevereiro, e destacou o tempo diferente entre ambas. Apesar da comparação, Bolsonaro afirmou que o encontro bilateral com o norte-americano foi "muito bom", e apontou "que no cafezinho as conversas ocorrem de maneira mais franca".
Eu queria, mas não tinha acertado com ele [Biden] uma reunião bilateral. A bilateral que nós tivemos, até foi um negócio que foi um pedido meu, que achava que não poderia sair, ficou eu, Biden, ministro França, das Relações Exteriores, o dele e uma intérprete, no total de cinco pessoas, conversamos, parecido com o Putin, só que aqui foi mais rápido, 30 minutos, com o Putin foram quase 3 horas. Conversamos sobre problemas os mais variados. Conversa bastante franca, sincera, saí bastante satisfeito com essa reunião reservada com Joe Biden. Presidente Jair Bolsonaro
Ao ser questionado sobre por quê solicitou uma reunião fechada com Biden, Bolsonaro não deu detalhes, mas comentou que eles citaram o conflito entre Rússia — país que Bolsonaro é aliado do presidente — e a Ucrânia.
"É obvio. Uma conversa mais particularizada que os problemas que acontecem hoje em qualquer lugar no mundo, na Ucrânia, na Rússia, se reflete no mundo todo. Logicamente conversamos sobre isso, reservado, entre outras coisas. (...) Fiquei bastante surpreso positivamente com a maneira dele conversar. Nunca tinha conversado com ele, tinha um pensamento lá de longe, e depois dessa conversa pessoal tive um entendimento bem melhor do senhor Joe Biden."
O encontro entre os dois políticos ocorreu ontem, na Cúpula das Américas, em Los Angeles (EUA), quase um ano e meio depois de Biden assumir como 46º presidente os Estados Unidos, em 20 de janeiro de 2021. Bolsonaro era apoiador do ex-presidente Donald Trump e chegou a questionar as eleições norte-americanas na qual Biden foi o vencedor. De acordo com o colunista Jamil Chade, Bolsonaro já tentava um encontro com mandatário dos EUA meses após as eleições norte-americanas, sempre sem êxito.
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