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Justiça portuguesa autoriza extradição da doleira Nelma Kodama, diz agência

Nelma Kodama é investigada pela PF em operação sobre o tráfico internacional de drogas entre Brasil e Portugal - Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo
Nelma Kodama é investigada pela PF em operação sobre o tráfico internacional de drogas entre Brasil e Portugal Imagem: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

29/06/2022 14h39Atualizada em 29/06/2022 14h56

A Justiça de Portugal autorizou ontem a extradição da doleira Nelma Kodama para o Brasil. Segundo a agência Lusa, que teve acesso ao acórdão hoje, o Tribunal de Relação de Lisboa afirmou que "não se vislumbra fundamento" para recusar a extradição.

A agência relata que a defesa de Nelma Kodama alegava que as autoridades brasileiras emitiram a documentação incompleta e apenas enviaram via e-mail, o que seria inadequado. No entanto, a Justiça discordou do argumento e decidiu que ""inexiste qualquer ineptidão do pedido de extradição tal como formulado e transmitido".

Em contato com o UOL, a defesa dela afirmou que "a decisão de extradição não será cumprida de imediato, tendo em vista a possibilidade de interposição de recurso em Portugal, no prazo legal de 10 dias".

A doleira foi detida em Portugal no dia 19 de abril deste ano sob a acusação de tráfico internacional de drogas. Assim que aconteceu a prisão, agentes da Polícia Federal já estavam preparados para trazê-la ao Brasil, mas foi necessário esperar o processo de extradição.

Nelma é investigada pela PF no âmbito da operação Descobrimento, que investiga o tráfico internacional de drogas entre Brasil e Portugal.

Após uma apreensão em Salvador de 595 kg de cocaína que estavam na fuselagem de um jato de uma empresa portuguesa, a polícia identificou a articulação criminosa e observou que, além dos fornecedores da droga, a organização ainda era composta por mecânicos de aviação e auxiliares, transportadores e doleiros.

Na ocasião, o UOL entrou em contato com Adib Abdouni, advogado de Nelma Kodama, que afirmou que a defesa não iria se manifestar.

Envolvimento na Lava Jato

Nelma foi a primeira delatora da Lava Jato. Ela já havia sido presa anteriormente em março de 2014, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos/Cumbica. Na ocasião, ela tentava embarcar para Milão, na Itália, com 200 mil euros escondidos na calcinha.

Em julho de 2017, Nelma publicou uma foto em seu perfil no Instagram com vestido vermelho, sapato Chanel e a tornozeleira eletrônica.

Os 15 anos de prisão que ela ainda deveria cumprir foram extintos em 2017, graças ao indulto natalino concedido no final do ano pelo ex-presidente Michel Temer (MDB-SP). Na época da Operação Lava Jato, Nelma foi acusada de atuar em parceria com Alberto Youssef em um esquema de lavagem de dinheiro.