Zelensky critica Bolsonaro por neutralidade sobre guerra na Ucrânia
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou a neutralidade do Brasil, por decisão do presidente Jair Bolsonaro (PL), diante da guerra na Ucrânia - invadida pela Rússia em 24 de fevereiro. O chefe de estado agradeceu brevemente a conversa, mas comparou a posição do presidente brasileiro a de líderes diante da 2ª Guerra Mundial.
"Eu não apoio a posição dele de neutralidade. Eu não acredito que alguém possa se manter neutro quando há uma guerra no mundo", disse, em entrevista à TV Globo.
Vamos pensar sobre a Segunda Guerra Mundial. Foi assim. Muitos líderes ficaram neutros num primeiro momento. Isso permitiu que os fascistas engolissem metade da Europa e se expandissem mais e mais, capturando toda a Europa. Isso aconteceu por causa da neutralidade. Ninguém pode ficar no meio do caminho.
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia
Nessa, que foi a primeira entrevista de Zelensky à imprensa da América Latina, ele ressaltou que a guerra "não é entre a Ucrânia e a Rússia" mas, sim, "da Rússia contra o povo ucraniano".
"Porque, mais uma vez, eles estão no nosso território. Nós não chegaremos a um meio-termo porque um país declarou guerra contra o outro. Não. Um país capturou uma parte do nosso território há 8 anos. E nessa época havia muitas pessoas que queriam ser mediadoras e permaneceram neutras. Por causa disso, permitiram, desde 2014, que a Rússia fizesse essa segunda onda de invasão e eles estão invadindo outras partes. Esse é o significado de 'neutralidade'", completou.
Zelensky garantiu que, caso uma situação semelhante acontecesse no Brasil, não ficaria neutro e apoiaria a soberania brasileira. Questionado sobre as respostas dadas por Bolsonaro a ele, o ucraniano disse que o brasileiro afirmou apoiar "a soberania e a integridade territorial da Ucrânia".
"Eu quero acreditar nisso. Ele me falou assim: 'o Brasil realmente compreende a dor do que está acontecendo com vocês, mas a nossa posição é neutra'", contou.
Essa foi a primeira vez que Bolsonaro conversa com Zelensky desde o início da guerra na Ucrânia. Ontem, o ucraniano cobrou do brasileiro apoio às sanções impostas contra a Rússia. O presidente do Brasil não se manifestou a respeito dos pontos que foram tratados na conversa entre os dois, e os assuntos foram definidos por ele como "segredo de Estado".
Muitas vezes desde o início do conflito, Bolsonaro se declarou "neutro". Em abril, por exemplo, o presidente disse que a posição garantiu a manutenção do fornecimento de fertilizantes russos, destacando a importância do insumo para o agronegócio brasileiro.
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