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Ucrânia: Procuradora demitida nega que trabalhava com traidores russos

3.mai.2022 - A ex-procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova - Valentyn Ogirenko/Reuters
3.mai.2022 - A ex-procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova Imagem: Valentyn Ogirenko/Reuters

Do UOL, em São Paulo*

19/07/2022 18h12Atualizada em 19/07/2022 18h35

Iryna Venediktova, ex-procuradora-geral da Ucrânia, negou que colaboradores da Rússia trabalhavam em seu escritório em meio à guerra. Ela e o encarregado da agência de Segurança da Ucrânia, Ivan Bakanov, foram demitidos no domingo (17) pelo presidente, Volodymyr Zelensky, após suspeitas de traição. Funcionários interinos foram nomeados para substituir a dupla.

Em entrevista à CNN Internacional na capital Kiev, Iryna declarou que aceita a demissão feita pelo presidente do país. A agora ex-procuradora-geral era encarregada das investigações sobre as atrocidades cometidas contra civis durante a ocupação russa da cidade de Bucha, na periferia de Kiev.

"Aqui no meu escritório não pode ter colaboradores, porque a colaboração é apenas de pessoas que trabalharam em território ocupado. Aqui não é território ocupado", explicou a ex-procuradora-geral. Ela completou dizendo ser prioridade do seu gabinete trabalhar com casos de traição por membros do Estado ucraniano e de colaboradores, já deixando claro o seu trabalho de combate.

Ao ser questionada sobre qual seria então a justificativa para a sua demissão, ela apontou o lado "político" de Zelensky. "Você sabe que meu presidente é político e eu fui a 16º promotora ucraniana durante 30 anos. É realpolitik [termo alemão para se referir à política que se baseia em noções práticas no lugar do campo ideológico] na Ucrânia. Esta é a minha resposta."

Iryna também se negou a dar mais detalhes da demissão por acreditar que a Rússia pode explorar qualquer coisa que for dito por ela e ressaltou que Zelensky é o "chefe em comando", portanto, "toma a sua decisão com seus pontos de vista".

Substitutos e investigações

De forma interina, ocupam os cargos Maliuk Vasyl, que ficará à frente do Serviço de Segurança, e Oleksii Symonenko, que assume a procuradoria-geral do país, afirma um decreto presidencial publicado ontem.

Zelensky disse que são investigados cerca de 650 casos de possível traição, ajuda e cumplicidade com a Rússia entre funcionários de segurança ucranianos.

"Um número tal de crimes contra as bases da segurança nacional e as ligações entre os funcionários ucranianos e os serviços especiais russos traz perguntas muito sérias aos responsáveis", disse Zelensky. "Cada uma destas perguntas será respondida", acrescentou.

Em seu pronunciamento, Zelensky também falou do poderio militar devastador que Moscou usou contra a Ucrânia, e disse que as forças russas dispararam mais de três mil mísseis de cruzeiro contra alvos na Ucrânia.

Donetsk também foi alvo dos "russos, (que) continuam bombardeando infraestruturas civis", disse o governador da região, Pavlo Kyrylenko.

*Com informações da AFP