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Pró-Trump e 'narcisista': quem é o milionário que matou esposa em safari

Lawrence Rudolph e a mulher Bianca, morta em 2016 com tiro no peito; ele foi condenado na segunda (1) por assassiná-la - Reprodução/Youtube/CBS
Lawrence Rudolph e a mulher Bianca, morta em 2016 com tiro no peito; ele foi condenado na segunda (1) por assassiná-la Imagem: Reprodução/Youtube/CBS

Do UOL, em São Paulo

03/08/2022 13h24Atualizada em 03/08/2022 16h31

Membro notável de uma organização de caçadores, dono de uma clínica odontológica milionária e apoiador convicto do ex-presidente Donald Trump: essas são algumas características de Lawrence Rudolph, 67, condenado essa semana pelo assassinato da esposa, Bianca, durante um safari na África, em 2016. Ele foi considerado culpado pela morte e por sacar o seguro de vida milionário da esposa para viver com uma amante.

Em 2016, os dois se preparavam para voltar para os Estados Unidos após um passeio pela Zâmbia, onde Bianca tentou matar um leopardo, quando a mulher foi baleada na altura do peito. Inicialmente, o homem afirmou que ela havia atirado contra si mesma acidentalmente, ao arrumar uma das armas do casal em uma maleta.

Ele alegou que estava no banheiro do quarto do hotel quando ouviu o disparo, já encontrando a companheira morta. Apesar de a versão ser questionada por amigos e familiares da vítima desde o incidente, Lawrence foi preso como suspeito do crime apenas no final do ano passado.

Na segunda (1), após três semanas de julgamento, a Justiça norte-americana considerou que o dentista é culpado do assassinato da primeira esposa.

Odontologistas da mesma turma

O dentista e a mulher se conheceram na Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, enquanto estudavam odontologia na mesma turma. Eles se casaram em 1982 e começaram a trabalhar na mesma clínica, mas Bianca diminuiu sua preocupação com a carreira após dar à luz aos dois filhos do casal, hoje uma mulher de 36 anos e um homem de 30.

Como única fonte de renda da família, Lawrence começou a construir uma pequena fortuna a partir de 2006, quando rompeu a sociedade com seus antigos parceiros de odontologia e fundou a empresa Three Rivers Dental, que faz atendimentos clínicos e negocia equipamentos odontológicos.

O negócio deu certo e, em 2012, já consolidado no ramo, o dentista-empresário se mudou para o Arizona ao lado de Bianca, em busca de uma vida mais tranquila, apesar de manter os negócios na Pensilvânia, para onde costumava viajar com frequência.

Ele e a companheira aproveitavam seu tempo livre para construir uma fama como caçadores, com o dentista chegando à presidência do Safari Club International, uma organização norte-americana que luta pela liberdade de caça na América do Norte, contando com 150.000 membros.

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Lawrence "Larry" Rudolph construiu patrimônio com empresa odontológica fundada em 2006
Imagem: Reprodução/Youtube

Lawrence e Bianca eram parte ativa da organização, ajudando a comandar uma de suas filiais regionais "por décadas", de acordo com informações colhidas pelo jornalista Matt Sullivan, da Rolling Stone. O dentista, que apoiava abertamente o ex-presidente Donald Trump e suas políticas, costumava viajar com frequência para safáris na África, acompanhado da esposa.

Desconfianças e condenação

Entre os motivos que geraram a desconfiança de que o marido foi o autor do crime estavam a rápida cremação do corpo, o que iria contra as crenças religiosas da vítima, que era católica, e um laudo que atestava que o disparo que matou a mulher foi feito a uma distância de 60 centímetros a um metro.

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O dentista Lawrence Rudolph foi considerado culpado de assassinar a esposa para pegar seguro de vida e viver com a amante
Imagem: Reprodução/Facebook

O veredito, dado por um tribunal federal de Denver, ainda condenou Lawrence por fraude postal, por ele ter retirado US$ 4,8 milhões (cerca de R$ 25 milhões) do seguro de vida feito em nome de Bianca.

Para os promotores do caso, o crime foi premeditado pelo milionário com a intenção de viver a vida com sua amante, Lori Milliron, que conheceu o homem ao começar a trabalhar como higienista dental em sua clínica, se tornando gerente do estabelecimento anos depois.

O affair teria começado no início dos anos 2000, segundo a própria Lori.

Dentista se descreveu como "imperfeito"

Durante o julgamento por assassinato e fraude, Lawrence alegou que estava em um relacionamento aberto com Bianca e que, portanto, seu namoro com Lori não configurava uma traição.

O homem afirmou que as relações aconteciam em comum acordo após a descoberta de casos extraconjugais da própria vítima. Para tentar apoiar a tese, o acusado, que teve sua suposta inocência apoiada pelos filhos, falou no tribunal sobre uma carta escrita em agosto de 2000 pela esposa, de próprio punho, em que ela se desculpa por manter casos extraconjugais.

O milionário narrou detalhes de seus 34 anos de casamento com a vítima se descrevendo como um "homem imperfeito". Ele admitiu ter cometido falso testemunho em um outro processo, sobre sua própria infidelidade, afirmando que omitiu seu namoro com Lori para que Bianca, uma mulher religiosa, "não ficasse envergonhada", segundo detalhou a revista Rolling Stone.

Mas ex-funcionários do dentista não concordam com a descrição do homem sobre sua própria personalidade, afirmando que "seu narcisismo doentio permite que ele ache estar certo, mesmo que ele seja mais do que perverso".

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Lori, gerente de um dos escritórios de Lawrence, mantinha relacionamento com ele desde o início dos anos 2000
Imagem: Reprodução/Youtube

Acusado se livrou de arma do crime e foi morar com amante

Meses após a morte de Bianca, Lawrence e Lori assumiram publicamente seu relacionamento. Segundo a CBS News, o casal dividia seu tempo entre as residências do dentista em Pittsburgh e no Arizona com temporadas em uma casa de veraneio da família em Cabo São Lucas, no México, onde estavam quando o acusado foi preso.

Em fevereiro deste ano, a ex-amante do empresário também foi indiciada por mentir a Justiça sobre a morte de Bianca e seu próprio relacionamento com o dentista.

Em um julgamento paralelo ao de Lawrence, ela foi considerada culpada por cumplicidade no assassinato, obstrução do trabalho do júri e duas acusações de perjúrio sob juramento — ela foi considerada inocente em duas outras acusações de perjúrio.

Os promotores alegaram que Rudolph decidiu matar sua esposa para recuperar o controle sobre sua vida depois que Bianca pediu maior participação no controle das finanças do casal e exigiu que Lori fosse demitida. Entre as ações para esconder o crime, o dentista teria entregue a arma do crime a "um home hispânico" para que ele a jogasse fora.

Lawrence admitiu ter se livrado da prova, mas disse que o fez para não lembrar mais do incidente, e que encontrou a arma por acaso enquanto limpava um dos cômodos de sua residência, já anos depois da morte de Bianca.

Agora condenado, o homem pode pegar até mesmo prisão perpétua. A sentença está marcada para ser definida em fevereiro do ano que vem. Já Lori pode ser condenada a até 35 anos de reclusão.