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Petro propõe a grupos armados da Colômbia 'benefícios jurídicos' pela paz

Colaboração para o UOL*

07/08/2022 19h39Atualizada em 07/08/2022 22h35

O novo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, propôs neste domingo (7), durante seu discurso de posse, "benefícios" penais aos grupos armados em troca da assinatura de um acordo de paz.

"Convocamos (...) a todos os armados a depor suas armas nas nebulosas do passado. A aceitar benefícios jurídicos em troca da paz, em troca da não repetição definitiva da violência", disse o primeiro presidente de esquerda da Colômbia.

Petro também falou em acabar com a fracassada "guerra às drogas" e passar para uma "política de forte prevenção ao consumo" nos países desenvolvidos.

"É hora de uma nova convenção internacional que aceite que a guerra às drogas falhou", declarou o líder esquerdista do país com a maior produção mundial de cocaína.

Com longa trajetória política e um polêmico passado guerrilheiro, aos 62 anos, Petro toma posse em uma Colômbia esperançosa de um panorama favorável à população. Após concorrer pela terceira vez ao cargo, o esquerdista foi eleito em junho passado com mais de 11 milhões de votos. Durante sua gestão, prevista até 2026, Petro deve implementar reformas estruturais e éticas, conforme prometeu durante a campanha presidencial.

Espada da polêmica

De terno azul e gravata preta, Petro empossou a ambientalista Francia Márquez como a primeira vice-presidente negra da Colômbia.

Depois de se comprometer a "cumprir fielmente a Constituição e as leis da Colômbia", ordenou que a espada do herói da independência Simón Bolívar fosse trazida da sede presidencial.

Seu antecessor Iván Duque se recusou a cedê-la para a cerimônia de posse. A espada foi o símbolo fundador do M-19, a guerrilha da qual Petro foi membro até sua desmobilização em 1990 e que foi roubada por essa organização em 1974 e devolvida com a assinatura da paz.

Petro começou seu governo com uma bateria de reformas em mente e as expectativas da metade do país que votou nele. Para isso, montou um gabinete de diversas tendências, com as mulheres à frente de vários ministérios.

Entre os primeiros projetos que apresentará ao Congresso, onde tem maioria, está a reforma tributária para aumentar impostos sobre os mais ricos, afinar a arrecadação e tributar bebidas açucaradas, em busca de recursos para planos sociais.

"Os impostos não serão confiscatórios, serão simplesmente justos, em um país que deve reconhecer a enorme desigualdade social em que vivemos como uma aberração", disse o novo presidente.

Recursos para a Amazônia

Na frente internacional, Petro já anunciou que reativará as relações diplomáticas e comerciais com a Venezuela, sob o governo de Nicolás Maduro, rompidas desde 2019, embora não tenha mencionado o tema em seu discurso.

Porém, enfatizou em sua proclamação ambientalista, contra a crise climática, a proposta de criar um fundo internacional para proteger a Amazônia colombiana, devastada pelo desmatamento.

"Onde está o fundo global para salvar a floresta amazônica? (...) Podemos converter toda a população que hoje habita a Amazônia colombiana em uma população que cuida da selva", afirmou.

Para isso, propôs à comunidade internacional "trocar a dívida externa por gastos internos para salvar e recuperar nossas florestas". "Reduzam a dívida externa e gastaremos o excedente salvando vidas humanas", declarou o presidente.

*Com informações da AFP e RFI